À espera da cura

Pesquisadores continuam a batalha contra o avanço do Greening, presente no sul e centro de São Paulo. As bactérias Candidatus Liberibacter americans e Candidatus Liberibacter asiaticus acabam de ser confirmadas como agente causal da d

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

As recentes pesquisas confirmaram que os agentes causais do Huanglongbing ou greening no Estado de São Paulo são as bactérias

e

, que vivem restritas aos vasos do floema de espécies cítricas.

Apesar da existência das duas bactérias, os resultados de análises laboratoriais têm mostrado que a primeira está mais amplamente distribuída nas regiões de abrangência da doença, enquanto que a segunda encontra-se restrita a algumas localidades.

Até o momento, a doença foi constatada somente nas regiões centro e sul do Estado de São Paulo, nos seguintes municípios: Aguaí, Américo Brasiliense, Analândia, Araraquara, Araras, Avaré, Bariri, Boa Esperança do Sul, Botucatu, Brotas, Capela do Alto, Casa Branca, Descalvado, Gavião Peixoto, Ibaté, Ibitinga, Itápolis, Itirapina, Jaboticabal, Limeira, Luiz Antônio, Matão, Mogi-Guaçí, Motuca, Nova Europa, Pirajuí, Pirassununga, Santa Cruz do Rio Pardo, Santa Rita do Passa Quatro, Rincão, Santa Lúcia, São Carlos, São Simão, Tabatinga, Taiúva, Tambaú e Taquaritinga. O município mais ao norte onde o greening foi observado é Taiúva, a leste Aguaí, a oeste Pirajuí, a sudoeste Santa Cruz do Rio Pardo, e ao sul Capela do Alto. Entretanto, os principais focos estão em Araraquara e municípios vizinhos.

Os sintomas, descritos na Revista Cultivar HF número 27 podem ser observados nas folhas e frutos de todas as variedades cítricas, enxertadas sobre os principais porta-enxertos utilizados na citricultura. Contudo, após a colheita dos frutos e intensificação do período seco, os sintomas tornam-se mais difíceis de serem identificados. Com a intensificação da seca ocorre a queda das folhas, sendo aquelas sintomáticas as que caem mais precocemente. Além das folhas, ocorre também queda dos frutos com sintomas, que se mostram menores e deformados.

Apesar de ser uma doença ainda recente no Brasil, constatada há seis meses, observações preliminares de campo indicam ser o outono e o inverno as estações de melhor expressão dos sintomas, em conformidade com o que ocorre na África do Sul. Na primavera e verão, com as intensificações das chuvas e adubação das plantas, provavelmente, serão as estações de maior dificuldade de observação dos sintomas.

A confirmação das bactérias

e asiaticus como agentes causais da doença, reforça a hipótese de ser o psilídeo

(Hemiptera: Psyllidae) o vetor da bactéria, que será confirmada com a conclusão dos experimentos de transmissão. Entretanto, foi detectada a presença da bactéria

em insetos coletados de plantas com sintomas do greening. Apesar desse dado não dizer que

é o vetor, é um grande indicativo que este inseto pode ser o responsável pela transmissão e disseminação da doença nos pomares.

Os adultos de

podem ser observados durante todo o ano, mas o pico populacional ocorre no final da primavera ou início do verão. No período seco e frio do ano, a população é baixa e permanece somente se alimentando nas folhas. Entretanto, como a incidência de sintomas é maior nesse período, a manutenção da fonte de inóculo e do vetor, pode resultar em um aumento no número de insetos infectivos e com isso aumentar a taxa de transmissão da doença na primavera e verão, períodos em que os insetos irão se locomover mais na busca de alimento, de locais para reprodução e de parceiros para acasalamento.

Como a manifestação da doença e o pico populacional do vetor ocorrem em períodos diferentes, o manejo da doença apresenta uma grande peculiaridade. Sendo a manifestação dos sintomas do greening maior no outono/inverno, nessas estações deverá ser realizado um trabalho bastante rigoroso de inspeção e eliminação de plantas sintomáticas, para que nas estações de maior ocorrência do vetor (primavera/verão) não haja inóculo para a sua contaminação e conseqüente disseminação da doença. Apesar da visualização dos sintomas ser mais fácil no outono/inverno, o levantamento de plantas sintomáticas deve ser realizado durante todo o ano, principalmente naqueles talhões onde a doença já foi constatada.

Para redução do inóculo tem sido recomendada a eliminação das plantas sintomáticas, independente da idade, pois se tem verificado, em outros países e em observações preliminares, que a poda de ramos sintomáticos não tem sido efetiva na eliminação do patógeno. Em pomares com baixa incidência de plantas com greening, situação mais freqüente, a recomendação é a eliminação das plantas, para não haver risco da poda não eliminar a doença e com isso os ramos novos, provenientes dos ramos podados, servirem de fonte para a contaminação de

, após a manifestação dos sintomas.

Outra estratégia importante no manejo do greening é o controle químico, para diminuição da população de

Medidas de monitoramento devem ser implantadas nas propriedades para determinação do momento de ocorrência da praga. Para monitoramento podem ser utilizadas armadilhas adesivas amarelas ou avaliação visual da incidência de ninfas, ovos e adultos.

Como o aumento da população de

está condicionado aos fluxos vegetativos da laranjeira, todos os fluxos e novas vegetações devem ser protegidos, de modo a impedir a reprodução do vetor, que somente oviposita nos primórdios da nova brotação.

Estudos visando um melhor conhecimento do patógeno, do vetor e desenvolvimento de estratégias de manejo estão sendo desenvolvidos. Entretanto, pelos conhecimentos atuais, as estratégias preconizadas para o manejo da doença são:

1) Plantio de mudas sadias: as mudas devem ser produzidas em viveiros protegidos por tela anti-afídica.

2) Eliminação do patógeno: as plantas sintomáticas devem ser eliminadas e o monitoramento da doença no pomar realizado durante todo o ano, com intensificação dos trabalhos no outono e inverno, período de maior facilidade de observação dos sintomas.

3) Controle do vetor: o controle químico do vetor deve ser intensificado na primavera e verão, períodos de aumento populacional de

. Em novos plantios devem ser utilizados inseticidas sistêmicos associados aos inseticidas de contato para proteção das mudas durante todo o ano, já que nessas condições a planta vegeta muito e está mais exposta ao ataque do vetor. Em pomares em produção, deve ser utilizado o monitoramento da praga e emprego do controle químico quando for constatada a presença de

.

Ressalta-se que as estratégias de manejo não funcionam isoladamente, devem ser utilizadas de maneira integrada.

e

Fundecitrus

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