Alumínio tóxico no milho

O alumínio tóxico é um dos fatores limitantes na cultura do milho. Saiba como evitar o problema. A utilização de variedades resistentes é a principal forma para controlar o problema.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

Uma das possibilidades para contornar o problema consiste na utilização de variedades resistentes. É uma das propostas da Cargill, que está lançando o C 747, um híbrido triplo, modificado, de alta produtividade, que se diferencia por apresentar excelente sistema radicular, aliado a uma alta performance, mesmo em presença de alumínio tóxico.

Na cultura do milho, as recomendações de adubação, em geral, baseiam-se na disponibilidade de nutrientes presentes no solo e na expectativa de produção da lavoura. Contudo, a freqüente presença de períodos de estiagem durante o desenvolvimento da cultura, denominados veranicos, pode limitar intensamente a produção. Ao longo de todo ciclo, estima-se um consumo de 480 a 650 mm de água. No período do florescimento a falta de água pode reduzir, a cada dia, em 6 a 8 % a produção de grãos (Denmead & Show).

Ao se estudar a raiz do milho, observamos uma grande concentração até os 30 cm de profundidade. Porém, as raízes que se aprofundam abaixo disto assumem papel fundamental na absorção de água pela planta nos períodos de maior escassez.

Mesmo os agricultores brasileiros que adotam elevado nível de tecnologia e investimentos, ao realizarem análises de solo até 20 cm de profundidade, podem não estar vendo um sério impedimento químico para o desenvolvimento deste sistema radicular mais profundo, que é o alumínio tóxico. Para uma considerável parcela dos nossos solos, a presença de teores mais elevados do metal, em camadas mais profundas, deve estar limitando o desenvolvimento normal e o aprofundamento da raiz do milho.

Calcário é solução

Até os 20 cm, o calcário é inquestionavelmente o melhor aliado do agricultor, neutralizando este alumínio. Entretanto, a movimentação do calcário no solo é extremamente baixa, restringindo sua ação à camada superficial.

Os efeitos do alumínio tóxico nos solos refletem-se principalmente nas raízes, que alongam-se mais lentamente, engrossando e reduzindo drasticamente suas ramificações, chegando a apresentar desintegração das pontas. A calagem resolve o problema superficialmente, neutralizando os efeitos do alumínio, mas não é tão eficaz em camadas mais profundas. Estudos mostraram, em mais de doze culturas, que os danos causados pelo alumínio tóxico são evidentes nas raízes e até na parte aérea. Além de ser nocivo ao sistema radicular, ele interfere na absorção de fósforo, cálcio, magnésio e molibdênio, diminuindo a eficiência da adubação.

Saliente-se que o crescimento da raiz do milho é influenciado pelo suprimento de açúcares produzidos pela fotossíntese das folhas, mas este suprimento depende da disponibilidade dos nutrientes no solo, reduzido pela interferência do alumínio, agravando ainda mais o desenvolvimento das raízes.

Estudos sobre a tolerância ao alumínio demostraram que existe diferença significativa entre os vários híbridos. Isso representa uma ótima alternativa para os agricultores de melhor tecnologia.

Por isso, a natureza do mecanismo de melhor tolerância de certos cultivares deve estar associado à capacidade desenvolvida em controlar a absorção do alumínio ou mesmo de impedir a sua ação tóxica na raiz. É o que se pretende com o C 747.

André Figueiredo

Cargill

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