Atributos químicos dos solos para produção de banana

Pesquisadores analisam ctributos químicos dos solos em áreas de produtores vinculados à Produção Integrada de Banana no Projeto Formoso, na Bahia.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

A Região Nordeste é a maior produtora de banana do Brasil (36%), seguida das Regiões Sudeste (31%), Norte (14,5%), Sul (15%) e Centro-Oeste (3,5%). Embora apresente excelentes condições de clima e solo para a produção, ainda são necessários ajustes em alguns fatores que afetam a produtividade e a qualidade final dos frutos. Desta forma, a Produção Integrada de Banana (PI Banana) propõe-se a tornar o processo ambientalmente correto, economicamente viável e socialmente justo, garantindo a certificação da produção de forma a atender as exigências dos mercados, adotando, para tanto, as boas práticas agrícolas de campo e pós-colheita.

No pólo de fruticultura do Projeto Formoso, Município de Bom Jesus da Lapa, Sudoeste do Estado da Bahia, irrigado com a água do rio Corrente, afluente do rio São Francisco, a banana é a principal cultura, com 4.600 hectares, empregando 10 mil pessoas. Dessa área, 542 hectares estão sendo cultivados com bananeira do subgrupo Cavendish (Williams e Grande Naine), visando à exportação. As variedades do tipo Prata (Prata Anã e Prata Rio) são as mais importantes do projeto, ocupando mais de 87% da área plantada. O Projeto Formoso, mesmo colocando no mercado uma banana de qualidade superior à média nacional, necessita implementar outras boas práticas agrícolas (PI Banana) para competir com vistas ao mercado internacional.

A bananeira desenvolve-se melhor em solos aluviais profundos, ricos em matéria orgânica, bem drenados e com boa capacidade de retenção de água; contudo, é cultivada e se adapta a diferentes tipos de solos. A planta demanda grandes quantidades de nutrientes para seu desenvolvimento e obtenção de altos rendimentos, sendo o potássio (K) e o nitrogênio (N) os nutrientes mais absorvidos. Em ordem decrescente a bananeira absorve os seguintes nutrientes: macronutrientes: K > N > Ca > Mg > S > P; micronutrientes: Cl > Mn > Fe > Zn > B > Cu. Um bananal retira, por tonelada de frutos, 1,2-2,4 kg de N; 0,11-0,30 kg de P; 3,1-8,2 kg de K; 0,13 a 0,38 kg de Ca e 0,20 a 0,37 kg de Mg. A exportação de micronutrientes pelo cacho representa 28% para o B, 49% para o Cu e 42% para o Zn, em relação ao total absorvido.

A avaliação dos atributos químicos de alguns solos (argilosos - Argissolo Vermelho - a muito arenosos - Neossolo Quartzarênico), em 24 áreas de produtores vinculados à Produção Integrada de Banana no Projeto Formoso, com o objetivo de definir estratégias para adubação e nutrição dos bananais, indicou que elas serão diferentes nos solos avaliados, em conseqüência da variação da reação do solo (acidez média a alcalinidade média) e dos teores de nutrientes (P e K baixos, Ca alto e CTC e V% adequadas). Além disso, verificou-se que:

1. O pH do solo variou de acidez média (pH = 5,8) a alcalinidade média (pH = 7,9), sendo o valor médio igual a 7,0.

2. O teor de P variando de 1 a 18 mg/dm3, sendo a média igual a 7,8 mg/dm3, é considerado baixo para a bananeira.

3. O potássio, nutriente mais absorvido pela bananeira, mostrou-se baixo (média de 0,20 cmolc/dm3), com amplitude de 0,05 a 0,29 cmolc/dm3.

4. Os teores de cálcio variaram de 4,1 a 21,0 cmolc/dm3; nos solos mais argilosos os teores foram mais elevados. A relação entre as bases K:Ca:Mg é importante para a bananeira, sendo recomendada como ideal a relação 0,5:4:1. Observou-se área com relação de 0,05:19:1, indicando valor de Ca bastante superior.

5. A CTC variou na faixa de 5,57 a 23,20 cmolc/dm3, com valor médio de 10,20 cmolc/dm3, situado na faixa considerada boa.

6. A média do teor de S-SO42- encontrou-se no limite médio (5-10 mg/dm3); contudo, existiram valores baixos (0-4 mg/dm3) e altos (> 10 mg/dm3).

7. B e Zn são os micronutrientes normalmente mais limitantes para a bananeira. Os valores de B apresentaram-se na faixa média (0,21-0,60 mg/dm3), exceto em duas áreas onde foram baixos (< 0,20 mg/dm3) e em outras duas onde foram altos (> 0,60 mg/dm3). O teor de Zn variou de 0,1 a 21 mg/dm3, com média igual a 4,4 mg/dm3 e teores altos em 42% da áreas (> 2,2 mg/dm3 é considerado alto).

Pesquisadores da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

Contatos: analucia@cnpmf.embrapa.br; lsouza@cnpmf.embrapa.br; zilton@cnpmf.embrapa.br.

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