BRS Tropical: Nova cultivar de Arroz Para as Várzeas de Roraima

O uso de cultivares adequadas é fundamental para proporcionar boas produtividades e um produto com a qualidade demandada pelo mercado, tanto local como regional.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

Em Roraima, o agronegócio do arroz se constitui em um dos principais pilares do desenvolvimento sócio-econômico regional, existindo um grupo de agroindústrias que além da produção, beneficiam e comercializam o produto no Estado e em Estados vizinhos, principalmente no Amazonas. O uso de cultivares adequadas é fundamental para proporcionar boas produtividades e um produto com a qualidade demandada pelo mercado, tanto local como regional. Assim, o objetivo deste artigo é apresentar uma nova cultivar de arroz irrigado para Roraima.

Origem e obtenção da cultivar

A ‘BRS Tropical’ é oriunda do cruzamento, realizado em 1995, da linhagem CT 8837-1-17-9-2-1 com plantas da geração F1 do cruzamento entre Oryzica 1 e Oryzica Llanos 4,que são fontes de resistência à brusone. Os cruzamentos foram realizados pelo Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) em Cali, Colômbia e encaminhados, como sementes F2, à Embrapa Arroz e Feijão ainda no segundo semestre de 1995. Em Goianira, GO, as gerações segregantes foram conduzidas durante o período de 1995/06 a 1999/00 pelos métodos de melhoramento genealógico e massal dentro de famílias. Em 2000/01 linhagens derivadas de plantas F6 desse cruzamento foram avaliadas para as características agronômicas e resistência a doenças em ensaio de observação, selecionando-se uma linhagem que foi identificada como ‘BRA 01381’. No ano agrícola seguinte, a referida linhagem passou a integrar a rede de avaliação de linhagens de arroz irrigado para a Região Tropical, conduzido pela Embrapa Arroz e Feijão, em Goiás e Tocantins; Embrapa Amazônia Oriental, no Pará; e Embrapa Roraima, em Roraima. Posteriormente, a ‘BRA01381’ foi incluída no Ensaio de Valor de Cultivo e Uso (VCU), que foi conduzido em vários locais nos Estados de GO, TO, RR, PA, RJ, PI, CE,PB e RN, durante os anos agrícolas de 2003/04 a 2006/07, e em MS nos anos de 2006/07 e 2007/08, totalizando 60 ensaios.. Além disso, apresenta boa qualidade de grãos, e baixa incidência de doenças. Diante da importância de uma cultivar com essas características para Roraima, decidiu-se pelo lançamento da ‘BRA01381’ com a denominação de ‘BRS Tropical’.

Avaliação em Ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCU)

Os ensaios de VCU foram conduzidos no delineamento experimental de blocos ao acaso, com quatro repetições. As parcelas constituíram-se de seis fileiras de cinco metros semeadas com densidade de 100 sementes por metro. A área útil das parcelas correspondeu aos quatro metros centrais das quatro fileiras internas. Os tratos culturais referentes à adubação de base e de cobertura e ao controle de plantas daninhas, doenças e insetos foram os recomendados para o cultivo do arroz irrigado na região. Foram coletados dados de produtividade de grãos em kg/ha, floração média, altura de plantas e incidência de doenças. Foram determinados, ainda, rendimento de grãos inteiros, teor de amilose, temperatura de gelatinização, incidência de centro branco, além dos testes de cocção.

Na Tabela 1, estão os dados de produtividade média da BRS Tropical em comparação com as cultivares mais utilizadas no setor da rizicultura em Roraima. Em média, considerando todas as avaliações, a ‘BRS Tropical’ apresentou produtividade de grãos semelhante às cultivares IRGA 417 e Roraima, mas foi superior com relação às cultivares BR IRGA 409 e BRS Taim. Além disso, apresenta qualidade de grãos, semelhante às cultivares testemunhas conforme pode ser visto na Tabela 2, não tendo assim dificuldades para aceitação pelo mercado. A floração média é de 78 dias o que corresponde a um ciclo em torno de 113 dias, portanto, um pouco mais longo que as demais cultivares cujo ciclo é em torno de 100 a 105 dias. Com isto, pode ser usada para escalonamento de produção.

Um dos principais problemas para a cultura do arroz é a incidência de doenças, principalmente a brusone causada pelo fungo Pyricularia grisea, que causa consideráveis perdas na produtividade e na qualidade dos grãos. Sua ocorrência é favorecida pelas condições climáticas predominantes em regiões quentes e úmidas e pelo manejo deficiente da cultura. As práticas recomendadas para o controle da brusone nas folhas e nas panículas correspondem a cerca de 15% do custo de produção da cultura. Portanto, a medida mais econômica para o controle dessa doença é a utilização de cultivares resistentes. A ‘BRS Tropical’, apresentou boa resistência à brusone nas folhas, enquanto as demais foram suscetíveis.Isto pode ser devido a dois de seus genitores, Oryzica1 e Oryzica Llanos 4, serem fontes de resistência a essa doença.

Antonio Carlos Centeno Cordeiro e Roberto Dantas de Medeiros

Eng.Agrônomos, Doutores, Pesquisadores da Embrapa Roraima

Confira esse artigo, com tabelas, no link abaixo:

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