Critérios de seleção II

Na hora de definir o modelo que deve ser adquirido, não basta levar em conta apenas o valor de mercado. Alguns critérios com pós-vendas e custo operacional do equipamento também devem ser observados.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

Quais os critérios que devem ser utilizados para a aquisição das máquinas agrícolas?

• Custo: Custo de aquisição, custo operacional, capacidade de pagamento etc.

• Crédito: Acesso, condições, viabilidade.

• Especificações técnicas: Capacidade de atender as necessidades da operação ou operações em que a máquina está envolvida.

• Tendência natural de aumentar o tamanho da máquina comprada, mesmo sem ter aumentado a área trabalhada e o rendimento do produto. Esta tendência também é seguida pelos fabricantes que quase sempre lançam produtos dirigidos para as maiores escalas de produção, tratores mais potentes, semeadoras com maior número de linhas, colhedoras maiores etc;

• Pressão exercida pelo vendedor da máquina que crê que o conhecimento que ele possui sobre a máquina é mais importante do que o produtor sabe sobre as suas necessidades. Também a sedução gerada pelos supostos avanços tecnológicos (muitas vezes de grande inutilidade).

Desta forma o produtor criterioso, no momento da aquisição de uma máquina, deve fazer análises com três diferentes enfoques:

Nesta análise deve-se fazer uma comparação entre ofertas do mercado, com todas as opções disponíveis, contrastando com as necessidades do sistema agrícola e empresarial utilizado. Neste caso não se deve omitir opções, todas devem ser analisadas. O atendimento pós-venda deve ser avaliado e a qualidade do atendimento de oficina e seção de peças da revenda também.

São analisadas as possibilidades de financiamento, a viabilidade do investimento, os valores de compra e os possíveis descontos e bonificações.

De posse da decisão de compra com os critérios técnicos e financeiros chega a hora de analisar o custo operacional da máquina em diferentes operações e o fluxo de caixa (conseqüência da aquisição) proporcionado pela compra.

Quase se poderia dizer que no momento da aquisição de um bem de grande valor se deveria fazer um "conselho familiar" para analisar estas perspectivas. Para bem da verdade, alguns agricultores o fazem.

Assim é possível formar uma lista de critérios objetivos de compra de máquinas:

•Custos: aquisição, operação, manutenção e reparação etc.;

• Qualidade técnica: projeto bem desenvolvido, aspecto visual, conforto e segurança do operador etc.;

• Serviço de assistência: reputação do revendedor, estoque de peças e agilidade de reposição, proximidade da propriedade (menores custos de atendimento) etc;

• Projeto: adaptação às condições particulares, manobrabilidade, facilidade de ajuste e manutenção, possibilidade de acoplamento de implementos;

• Modernidade: Garantia de que o produto não fique obsoleto em pouco tempo;

• Marca: nome comercial, linha, modelo - fidelidade, prestígio do fabricante. Isso resulta em maior valor de revenda;

• Dimensões da máquina: adequadas às necessidades da propriedade. Esta análise pode ser feita por um técnico que poderá calcular a dimensão da máquina a ser comprada e a sua programação de uso durante os ciclos das culturas, com o seu conseqüente custo operacional.

Em um levantamento de motivos que leva em conta o agricultor na hora da compra, realizado em diferentes países, concluiu-se que na Inglaterra os pontos mais valorizados são a confiabilidade da máquina, a adaptação ao trabalho e o rendimento operacional. Na Espanha, é o preço de revenda, as especificações técnicas e a recomendação de outro agricultor os fatores que mais influem. Na Argentina, pelas características duras da exploração agrícola e pela grande utilização de serviços de terceiros (empresas prestadoras de serviço), a capacidade de trabalho, a confiabilidade da máquina e a robustez (resistência) são mais valorizadas. No Brasil, em um levantamento feito no Rio Grande do Sul, o agricultor demonstrou que o fator mais decisivo de compra é o conhecimento prévio do equipamento e da marca. Isto é a tradição e a confiança que o produto tem pelo seu conceito junto ao comprador.

O cálculo do custo operacional de um trator pode ser referenciado pela sua utilização em horas de trabalho, o que se chama de custo horário. O custo horário de um trator pode ser dividido em dois tipos e tem diferentes pesos sobre o total. Estes pesos variam de acordo como a marca e seus modelos, com o grau de utilização, com o preço e as condições de compra, com o grau de manutenção e com a remuneração da mão-de-obra.

Como havíamos salientado, o projeto técnico é um ponto bastante importante para a decisão de escolha de uma máquina e deve ser levado em conta com muito interesse. Dentro do projeto de uma máquina, os itens que mais devem ser analisados são:

• Projeto mecânico;

• Aspecto visual;

• Conforto;

• Adaptabilidade;

• Manobrabilidade;

• Facilidade de ajuste e manutenção;

• Possibilidade de troca de implementos.

Dentre as considerações mais importantes no projeto mecânico de um trator, a relação peso/potência do veículo determina a sua adaptabilidade a diferentes operações e sistemas. Para conseguir este índice, basta dividir o peso do trator em vazio, isto é, sem lastros e a potência do motor. Existem tratores, com baixa relação peso/potência, que são mais versáteis e devem ser lastrados quando forem trabalhar em operações mais pesadas, que são as que exigem mais potência de tração. Os tratores com alta relação peso/potência são mais adaptados às operações pesadas, porém carregam mais peso extra em operações de pequena demanda de potência, compactando o solo e provocando atolamentos desnecessários. Enfim, o agricultor já conhece, pelo uso sistemático e pela observação do trabalho de outros agricultores, quais são os tratores que se adaptam mais àquelas condições semelhantes à sua. Mas não custa dar um auxílio analisando antes da compra estas características técnicas.

Também são dadas pelo projeto mecânico as facilidades de adaptação da máquina ao trabalho. Por exemplo, em uma semeadora, se a regulagem de vazão de sementes é muito difícil de ser feita pelo operador, ele vai tender a usar a que está posta e não a alterará, mas se, em contrapartida, a regulagem for fácil, então haverá motivação para "afiná-la" em função das necessidades.

Em tratores, a distribuição de peso, a estabilidade lateral e longitudinal serão de grande importância na adaptação da máquina às condições de campo.

O motor do trator tem especificações que necessitam ser avaliadas para a compra como: torque e potência do motor (dado pouco confiável no Brasil), sobre-alimentação (Turbo comprimido), eficiência termodinâmica, consumo de combustível, reserva de torque e durabilidade. Estes dados podem ser obtidos pelos ensaios oficiais nas curvas de desempenho. Infelizmente o Brasil não exige ensaios oficiais e os valores que se publicam nos catálogos, folhetos e outros materiais técnicos são de exclusiva responsabilidade do fabricante.

Na transmissão de potência, são dados a analisar: o tipo de caixa de marchas, o escalonamento, a presença de redutores, os freios, a capacidade do sistema hidráulico e o tipo e regimes de rotação da TDP.

Quanto a pneus, o tipo, as especificações e a capacidade de suporte, além é claro de outros fatores de diferenciação de qualidade são importantes.

Finalmente, o posto do condutor e mais especificamente o banco, o painel, o arco de segurança, a cabina e os comandos são itens que não podem ser deixados de analisar. Também a visibilidade, a facilidade de acesso e saída e o nível de ruído dos tratores devem ser passados pela análise do comprador.

Dados publicados em nível mundial nos indicam que o serviço de operação de máquinas agrícolas é um dos mais perigosos em termos de danos à saúde física. Assim, escolher um trator seguro e confortável é muito importante. Lembre-se que o operador de máquinas agrícolas, pelo tipo de vibração e pela intensidade da exposição ao ruído sofre danos ao seu organismo, principalmente à coluna, que o tornam um enfermo em potencial. Estes dados mostram que 75% dos operadores de máquinas agrícolas tem problemas de coluna aos 25 anos de idade, enquanto que em outras profissões como os 40% dos operários em geral tem os mesmos problemas aos 45 anos de idade.

O consumidor de um produto agrícola é um cliente de um produto comercial que pode e deve exigir os direitos de análise e decisão, informando, comparando e pedindo demonstrações práticas do produto. O revendedor sério está preparado para isto. Ele pode lhe oferecer todas as condições para a adequada decisão de compra desde que seja solicitado a informar.

Afinal, espera-se que tenha passado o tempo em que o agricultor ao comprar uma máquina tinha medo de dizer ao vendedor que não queria o seu produto. Não basta a existência de financiamento, a capacidade de pagamento deve ser mais importante.

NEMA / UFSM

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