Em todos os lugares

Sem alarde, cupins ganham espaço no campo e nas cidades e já são uma das principais causas de prejuízos ao homem.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

Quatrocentos e dez milhões de anos atrás os insetos já faziam parte da fauna do nosso planeta e, entre eles, lá estava o cupim. Ao contrário do que muitos pensam, a grande maioria das espécies de cupins não causa quaisquer tipos de prejuízos ao homem. Ao contrário, devem ser considerados excelentes agentes da degradação da madeira e de compostos celulósicos em geral. Entretanto, após o surgimento do homem na face da terra, o ecossistema natural estável foi e está sendo drasticamente modificado. O homem, lentamente, foi deixando de ser nômade, alimentar-se da caça e da pesca e, aos poucos, tornou-se sedentário. Assim sendo, em busca do seu próprio sustento teve que construir moradias e plantar. Este procedimento, ao longo do tempo, transformou áreas preservadas em áreas degradadas; isto é, o ecossistema natural estável, aos poucos se tornou ecossistema artificial instável. Assim, tais como outros insetos, fatalmente algumas espécies de cupins tornaram-se uma ameaça para o homem.

Os térmitas ou cupins são insetos que vivem socialmente em colônias tremendamente populosas, representadas por castas de indivíduos ápteros e aladas. A convivência em sociedade é constituída por um número significativo de indivíduos, que se encontram abrigados em ninhos conhecidos como Cupinzeiros ou Termiteiros. Tal como os demais insetos paurometabólicos, tem-se as formas jovens (ninfas) e os adultos. Existem duas categorias de indivíduos reprodutores. Trata-se dos machos e das fêmeas, que são sexuados e alados. A missão de ambos é a perpetuação da espécie. Eles propagarão as novas gerações, fora do cupinzeiro, em que se originaram. Popularmente, são conhecidos como “siriris”, “aleluias” ou “formigas de asas”. Dentro da colônia, isto é, no interior do termiteiro, encontra-se o casal real, representado pelo Rei e pela Rainha, que têm a função de aumentar a população, no interior da casa (cupinzeiro).

No caso da falta do casal real, a sobrevivência da colônia se faz à custa de indivíduos que, embora sejam formas jovens, são sexualmente ativos. Trata-se de reis e rainhas de substituição, originários de indivíduos especiais que possuem tecas alares e não asas verdadeiras; e, portanto, incapazes de voarem. Esses indivíduos não atingem o desenvolvimento total (forma neotênica). Em tais circunstâncias, pode-se encontrar sempre, num único cupinzeiro, muitos “reis e rainhas de substituição” na ausência do “rei e da rainha verdadeira”.

OPERÁRIOS E SOLDADOS

A segunda categoria de indivíduos é constituída de formas ápteras, de ambos os sexos. Esses indivíduos são estéreis, isto é, seus órgãos reprodutivos não se desenvolvem completamente; e são conhecidos como operárias e soldados. A operária, em geral, é de coloração branca, cor amarelo-pálida, áptera e desprovida de olhos e ocelos. Representa a maior parte da população da colônia e desempenha todas as funções da mesma, à exceção da reprodução. O soldado, semelhante à operária (ou obreira), é um indivíduo áptero e cego; e se diferencia daquela por ter a cabeça bem maior e ser de coloração marrom-amarelada. Tem as mandíbulas (peça bucal) mais desenvolvidas e robustas; todavia, inúteis para a mastigação. A função do soldado é a defesa do termiteiro, porém colabora com as operárias em seu trabalho. Em espécies mais evoluídas não existe a casta dos soldados; de modo que a função de proteção fica a cargo das operárias e de adultos que possuem mandíbulas longas. Entretanto, é possível encontrar espécies tão primitivas que possuem apenas os indivíduos sexuados e os soldados. Neste caso, a função de manutenção da colônia (trabalho das operárias) fica a cargo das formas jovens (ninfas).

Por meio da revoada (“enxamagem”), há propagação das diferentes espécies. Assim, anualmente os indivíduos alados (“siriris”) deixam os cupinzeiros, aos milhares, em proporções iguais de machos e fêmeas. Nessa época, as operárias abrem galerias para o exterior, com o objetivo de permitir as revoadas das formas aladas. Para evitar a entrada de inimigos no interior do cupinzeiro, as aberturas são protegidas pelos soldados. Finda a revoada, as aberturas são fechadas pelas operárias.

O período de revoada é muito variável; entretanto, tem maior ocorrência de agosto a outubro. Ao contrário das abelhas e formigas, por ocasião deste fenômeno, os cupins ainda são sexualmente imaturos. Após a enxamagem, os indivíduos que não foram devorados por seus inimigos naturais (predadores), como aves e morcegos, perdem as asas e se reúnem em pares, formando o casal real. Este procedimento de atração sexual ocorre quando a fêmea, ainda virgem, libera “feromônios sexuais” específicos. É importante frisar que nesta fase de acasalamento ocorre uma seleção natural; os machos que foram incapazes de localizar a fêmea em ação e, ao mesmo tempo, seguí-la em busca da construção de um novo ninho, morrem. O novo casal (antes da copulação), busca um local apropriado para a construção da câmara nupcial. Desse modo, somente após construir o lar é que esses indivíduos efetuarão a cópula. A partir dessa fase, tornam-se totalmente tigmotrópicos (estarão sempre em contato com a madeira ou com o solo).

Efetuada a primeira cópula, a rainha inicia a postura e, após 30 dias, nascem as primeiras formas jovens (ninfas). Estas são cuidadosamente criadas pelo casal real, até que se tornem adultos. Findo este período, a função da rainha passa a ser apenas reprodutiva. O rei coabita com a rainha na câmara real e, com o auxílio das operárias, a fecunda de vez em quando. O casal real torna-se prisioneiro de seus próprios indivíduos porque as operárias e os soldados fecham a entrada da câmara real, deixando apenas uma abertura, que permite apenas a passagem dos mesmos. Deste modo, rei e a rainha têm somente a função de copular e procriar. O trabalho de alimentação de ambos, das ninfas e dos soldados é de inteira responsabilidade das operárias. À medida que os ovos vão sendo liberados pela rainha são transportados pelas operárias para outros locais, mais propícios, dentro do próprio termiteiro. A formação de uma nova colônia dá-se pela revoada; entretanto, este processo pode ser diferente. Novos termiteiros podem surgir de uma pequena parte da colônia, através de reis e rainhas de substituição, ou por adoção de um casal real, oriundo de uma outra revoada. São conhecidos como termiteiros policálicos.

A rainha, quando completamente desenvolvida, apresenta notável desenvolvimento abdominal, que pode atingir a 200 vezes o volume do resto do corpo. Isto é ocasionada pela pressão, exercida pelas bainhas ovarianas, que à medida que o tempo passa, ficam repletas de ovos. A este fenômeno dá-se o nome de fisiogastria.

CUPINS E POSTURA

A capacidade de postura da rainha é bastante variável, dependendo da espécie e da idade. Existem espécies primitivas, cujas rainhas colocam 12 ovos/dia; todavia, existem outras, que constroem grandes colônias, chegando a colocar 7.000 ovos/dia. Existe na África, uma espécie (

sp.) cuja rainha põe 1 ovo/segundo, totalizando 80.000 ovos/dia (havendo um mínimo de 30.000 ovos diários). As rainhas verdadeiras têm uma vida média de 10 anos e as rainhas de substituição, 25 anos. O número de indivíduos da colônia é bastante variado. Certas espécies possuem poucos indivíduos, não mais do que 1.000 (

sp.); entretanto, outras possuem uma população colossal, chegando a casa de vários milhões. A alimentação pode ser de dois tipos: pela regurgitação e pelo aproveitamento das fezes de outros indivíduos, principalmente de outras operárias da mesma colônia. A alimentação estomodeica (ou alimento regurgitado) ocorre quando as operárias alimentam as formas jovens (ninfas), os soldados e o casal reprodutor. Nessa ocasião, ocorre a transferência de saliva. Quando necessário, esta se torna responsável pela transformação das formas jovens em indivíduos sexuados de substituição. Ocorre também, a transferência de protozoários, que são responsáveis pelo desdobramento da celulose no estômago de qualquer indivíduo do cupinzeiro.

Alimentação proctodeica significa o aproveitamento de fezes (eliminadas por outros cupins da mesma colônia) porque não foram totalmente desdobradas pelos protozoários; isto é, ainda contém celulose. Quando o cupinzeiro começa a entrar em declínio, as operárias escarificam o abdome da rainha, em busca de exsudatos, que saciam a fome dos indivíduos mais jovens. O canibalismo é muito freqüente entre os cupins.

Dependendo do local onde se formam os ninhos, os cupins são agrupados:

• Cupins que vivem na madeira;

• Cupins que vivem no solo, subterraneamente;

• Cupins que vivem na superfície do solo, formando montículos;

• Cupins que vivem em árvores, são os arborícolas;

• Cupins que vivem numa câmara simples no subsolo, sendo praticamente imperceptíveis.

ATAQUES A ÁREAS URBANAS

Os cupins que vivem na madeira atacam portas, assoalhos, móveis, pianos, janela etc. São popularmente conhecidos como “cupins de madeira seca ou cupins de grânulos ou serragem”. A espécie mais conhecida é a

; todavia, a família a que pertence essa praga, agrega em torno de 240 espécies. Poucos são aqueles que sabem que os materiais eliminados são as fezes, que no decorrer do tempo, vão sendo acumuladas e depois “varridas” quando se tornam inconvenientes, no interior das criptas. Esse tipo de cupim constrói galerias e câmaras à medida que vai destruindo o material do local onde a colônia foi estabelecida.

Quanto aos cupins subterrâneos ou de solo, os ninhos são localizados no subsolo e esses cupins apresentam comportamento totalmente diferente daqueles. Suas colônias são construídas a certa profundidade, de modo que não se vê nada na superfície. De um modo geral, esses cupins são os que causam os maiores problemas em áreas urbanas, suburbanas e até mesmo rurais. Atualmente, a pior espécie nos grandes centros urbanos de nosso país é conhecida vulgarmente como: “cupim de concreto”, Coptotermes havilandi. Trata-se de uma espécie exótica, de origem asiática, que foi constatada pela primeira vez em 1923; entretanto, ao que tudo indica, foi introduzida (acidentalmente) no início de 1900. Segundo eminentes cientistas como Ângelo Moreira da Costa Lima e Renato Lion de Araujo, esse cupim foi introduzido em nosso país, através de material originário da Ilha de Mauritius (próximo a Madagascar) ou vindo da Ilha de Barbados (América Central). Todavia, este fato é irrelevante diante dos prejuízos causados por C. havilandi, popularmente conhecido como: “cupim de parede, de concreto, de azulejo, de alvenaria, etc.” A colônia, geralmente, está localizada debaixo das edificações.

Os hábitos, estranhos e anadmissíveis, das empreiteiras de construção de enterrar os restos de madeira e entulhos por ocasião de suas obras residenciais, comerciais e grandes condomínios, favorecem drasticamente a proliferação maciça desse cupim, que está mais do que ambientado ao meio urbano, suburbano e rural em nosso país. Assim sendo, durante algum tempo, as novas colônias que são originadas depois da revoada, permanecem nas profundezas do subsolo embaixo das edificações, devorando o substrato (restos de madeira) que lhes foram propiciados pelo homem. Todavia, como esse tipo de alimento não é eterno, ao término do mesmo, as operárias saem em busca de outras fontes. Assim, constroem túneis, de acessos ascendentes, debaixo das casas e edifícios. Através dos conduítes, da rede hidráulica e outras passagens, constroem galerias (túneis), que são verdadeiras obras de engenharia, até atingirem seus objetivos. Todo e qualquer material, de origem vegetal, encontrado nas residências, serve de alimento aos cupins. Como se isso não bastasse, atacam também fios elétricos (baixa e alta tensão) e fios telefônicos em busca das fitas isoladoras, que são de origem vegetal.

Um dos fatos que mais chama a atenção dos especialistas no assunto é que as autoridades brasileiras ainda não se sensibilizaram para a triste realidade, mesmo tendo conhecimento dos prejuízos que esta praga vem causando e se alastrando em proporções alarmantes! A bem da verdade, pouco ou nada se tem feito a respeito! Os prejuízos causados por Coptotermes havilandi, nunca foram mensurados, sequer cogitados e muito menos avaliados. Mesmo que

venha causando, há muito tempo, prejuízos vultosos nas grandes metrópoles, somente após o seu ataque e destruição de um cabo de alta tensão, em uma das galerias do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro em 1985, fez com que algumas autoridades do CEPEL (Centro de Pesquisas da Eletrobrás) entrassem em contato com pesquisadores da UFRRJ.

A insistência, a teimosia e a tenacidade fazem com que as operárias (operários ou obreiros) dos cupins atinjam locais inacreditáveis em busca de alimentos para sobrevivência da colônia. Têm a capacidade de atravessar alvenaria e concreto armado. Possuem em suas salivas substâncias especiais que são capazes de destruir muitas coisas como: caixas de madeiras, espoletas de bombas, papelão, livros, e até mesmo, tornam imprestáveis os discos de vinil, cujas capas são de papelão. A simples eliminação dos pontos atingidos é apenas paliativa. O ideal seria localizar a colônia; todavia, isto é uma tarefa praticamente impossível. Portanto, a solução mais viável, é fazer tratamento preventivo em toda e qualquer obra, principalmente, por ocasião do assentamento dos alicerces.

Não se deve negar que os cupins subterrâneos constituem uma das piores pragas das áreas urbanas, suburbanas e rurais do nosso país. Os cupins subterrâneos serão ainda mais prejudiciais futuramente, uma vez que os produtos químicos de efeito residual longo (organoclorados) foram recentemente considerados inadequados em virtude do seu mau uso, por aplicadores inescrupulosos, que trabalham para empresas que não inspiram confiança. Levando-se em conta que os cupinicidas modernos não têm o mesmo efeito, a melhor maneira de se precaver contra tal praga é fazer o controle preventivo (barreira química) pelo menos uma vez por ano.

NOVO GÊNERO

Recentemente, foi detectado no Sul do país um novo gênero de cupim, cuja proliferação não requer revoada ou enxamagem. Trata-se de

, cujas formas sexuadas (futuros reis e rainhas) não necessitam de revoada para formação de novas colônias. O que é mais grave, qualquer operária pode se transformar em forma sexuada, dependendo das necessidades da colônia.

Como se isto não bastasse, a grande maioria das cidades históricas do país, estão sendo invadidas por cupins nativos, principalmente aqueles pertencentes aos gêneros Nasutitermes, Heterotermes e Microcerotermes. Tidos como cupins restritos às áreas rurais, suas presenças em áreas urbanas e suburbanas estão se tornando extremamente comuns. Esses cupins, que também têm hábitos subterrâneos, preferem madeira com mais de cem anos de idade, que fazem parte das edificações centenárias das cidades como: Vassouras (RJ), Valença (RJ), Barra do Pirai (RJ), Campos dos Goytacazes (RJ), Ouro Preto (MG), Viçosa (MG), Governador Valadares (MG), Congonhas (MG), Bananal (SP) etc. Até mesmo o madeiramento, utilizado na construção de sede de fazendas (época dos barões do café!), igrejas e casarões nos idos tempos de 1700 até a presente data já não apresenta a mesma resistência de outrora. Como se isso não fosse suficiente, diversas regiões e diferentes bairros de cidades como: Fortaleza (CE), Belém (PA), Vitória (ES), Uberlândia (MG), Uberaba (MG), Belo Horizonte (MG), Frutal (MG), Dourados (MS), Búzios (RJ), Angra dos Reis (RJ) etc. vêm sendo invadidos por esses cupins, que até pouco tempo eram freqüentes tão somente em pastos, eucaliptos e moirões de cercas.

Essas observações vêm sendo feitas, há mais de dez anos, pela equipe do Prof. Euripedes B. Menezes do CIMPUR “CRG” da UFRRJ. Todavia, o mais difícil é convencer os responsáveis pela preservação do patrimônio público de que isto é um fato concreto. Para uma maior conscientização do povo e do governo, vale frisar que nada é imune ao cupim, tanto que a filosofia do Professor Euripedes é de que cupim e câncer andam juntos. Não existe nenhuma edificação que seja isenta do ataque do cupim, tanto que pode se afirmar que temos em qualquer parte do país dois tipos de edificações: a que já está infestada por cupins e a que vai ser infestada!

CUPINS EM ÁREAS RURAIS

Até recentemente, havia uma grande tendência em subestimar os prejuízos causados por cupins subterrâneos em áreas rurais, notadamente em pastagens e culturas de subsistência. Entretanto, a experiência tem-nos mostrado que a realidade é outra. Sabe-se que uma das causas da intensa proliferação de cupins de montículos nas pastagens deve-se ao desmatamento desenfreado em quase todas as regiões do país. Estudos conduzidos em outros países têm demonstrado que os desmatamentos parciais ou totais de florestas e savanas provocam alterações qualitativas e quantitativas na fauna de cupins. Em nosso país, estudos conduzidos nas décadas de 70 e 80, relativos à distribuição e diversidade de cupins em áreas de floresta primária, capoeira e pastagem implantada na Amazônia Central, permitiram constatar maior número de ninhos de cupins em pastagens do que na floresta primária. O desmatamento intenso e desenfreado de florestas e cerrados tem contribuído indubitavelmente para o aumento de populações de cupins de montículos.

As pastagens cultivadas dos cerrados brasileiros ocupam cerca de 45 milhões de hectares, dos quais estima-se que 80% encontram-se em algum estágio de degradação. A proliferação de montículos construídos por cupins é possível que seja um dos indicadores da degradação dos cerrados. Ainda que os cupins se constituam como importantes componentes da macrofauna edáfica, ao construírem seus ninhos epígeos, tornam-se problemáticos à circulação de maquinários e de animais. As verdadeiras causas da grande proliferação de cupins de montículos em pastos brasileiros ainda não estão bem evidenciadas. Todavia, algumas hipóteses podem ser apontadas, levando-se em conta principalmente a estratégia ecológica desse inseto e os fatores edáficos.

A capacidade e facilidade dos cupins em digerir celulose e lignina favorecem o seu desenvolvimento biológico. Assim, a partir do momento em que a qualidade da pastagem é prejudicada, em virtude da qualidade do solo, a população de cupins acaba sendo favorecida. A quantidade de cupinzeiros em uma determinada área pode variar de 1 a mais de 1000/ha; nem todos os montículos estão em atividade ao mesmo tempo. A determinação da distribuição espacial de termiteiros em uma determinada área pode auxiliar a identificação de fatores que condicionam a proliferação dos ninhos, correlacionando variáveis ambientais e distribuição dos ninhos. Outro fato que não pode deixar de ser mencionado é que o desmatamento afugenta naturalmente os inimigos naturais dos cupins que têm suas populações favorecidas e aumentadas. Em nosso país, os ninhos de montículos são vulgarmente conhecidos por “murundus”. São formados por montículos de terra e saliva, de consistência pétrea. São diversas as espécies tidas como pragas de pastagens em nosso país. Entre elas podemos mencionar:

spp. etc.

Ainda que algumas autoridades no assunto acreditem que as presenças de cupinzeiros em áreas rurais não traga prejuízos reais, os trabalhos desenvolvidos demonstram exatamente o contrário. Determinados gêneros de cupins nativos, que até então jamais tinham sido mencionados como pragas em casas, galpões, celeiros e cercas têm sido mencionados como causadores de danos e prejuízos. Sedes de antigas fazendas de café, no Vale do Paraíba em São Paulo e Rio de Janeiro, estão sendo atacadas e destruídas por cupins subterrâneos nativos e por cupins de madeira seca (exóticos). As nossas observações permitem-nos afirmar, sem nenhuma dúvida, que os cupins que eram encontrados somente em áreas urbanas, também estão ocorrendo com freqüência em áreas suburbanas e rurais! Além disso, o inverso também é verdadeiro! Assim, a constatação de Heterotermes tenuis, Nasutitermes macrocephalus,

e

em áreas urbanas e suburbanas nas proximidades do grande Rio, têm sido uma constância. Todos, sem nenhuma exceção, estavam causando danos e prejuízos nos locais, onde foram constatados. A presença de

e de

em propriedades rurais em diferentes municípios dos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo é cada vez mais freqüente e os prejuízos causados são incalculáveis porque os proprietários apenas se dão conta do ataque da praga depois que a infestação está além do tolerado.

IMPACTO ECONÔMICO

Atualmente, nos países mais evoluídos, o impacto econômico dos danos e prejuízos provocados pelo ataque dos cupins vem sendo estudado exaustivamente. Por exemplo, estudos conduzidos nos Estados Unidos desde 1967 até 1986 demonstraram que os danos causados pelos mesmos e o seu controle está estimado com uma variação que oscila de 100 milhões a 3,4 bilhões de dólares, anualmente. Em média isto representa em torno de 2,5 bilhões por ano, somente naquele país!

Em nosso país, ainda que os estudos sejam precários, constatou-se que depois de uma explosão populacional do cupim subterrâneo asiático C. havilandi, ocorrida em 1975/76 na cidade de São Paulo, o custo total para controlar cupins subterrâneos e cupins de madeira seca em 514 prédios de apartamentos foi de US$ 800 000 no período de 1974 a 1978.

Para que se faça um trabalho de controle altamente eficiente contra cupins, deve-se adotar técnicas preventivas e curativas. Na execução do trabalho deve-se respeitar os seguintes procedimentos:

• Proceder uma inspeção criteriosa

• Estimar com precisão o orçamento

• Identificar o material coletado ou amostrado

• Realizar todas as etapas pré-estabelecidas

• Definir metas e estratégias de trabalho

• Proceder o monitoramento dentro do tempo previsto.

• Aplicar a metodologia mais adequada, uma vez que quando se trata de controle de cupins, cada caso é um novo caso!

• Jamais fazer uso de produtos químicos que não sejam permitidos pelos devidos órgãos.

Euripedes Barsanulfo Menezes,

UFRRJ

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