Estratégias para a seca

As forrageiras raramente satisfazem adequadamente os requerimentos nutricionais dos bovinos e, para aumentar o ganho de peso e o desfrute, é necessário planejar a alimentação do rebanho.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

O sucesso competitivo da pecuária de corte diante das outras atividades agropecuárias, no Brasil, depende da máxima eficiência na produção e busca pela maior rentabilidade do sistema. Isto implica num adequado planejamento das atividades a serem desenvolvidas, fixando objetivos concretos e atingíveis em prazos pré-estabelecidos. Dentre as atividades, destacamos o manejo nutricional do rebanho. Neste caso, devemos primeiramente ter conhecimento das exigências nutricionais dos animais, da oferta de alimentos disponíveis na propriedade, tendo em vista o manejo racional das pastagens e de técnicas estratégicas de suplementação.

As forrageiras tropicais raramente satisfazem adequadamente todos os requerimentos minerais dos bovinos. A concentração mineral das forrageiras depende da interação de vários fatores como: fertilidade do solo, espécie forrageira, estado de maturidade da planta, manejo de pastagens, clima, dentre outros. Vários fatores também influenciam as exigências minerais dos ruminantes, incluindo o tipo e o nível de produção, a idade do animal, raça etc. Desse modo, a suplementação mineral é essencial para o crescimento, desenvolvimento, desempenho produtivo e reprodutivo dos bovinos.

De modo geral, a distribuição forrageira no período seco é de 10 a 20% da produção anual total, gerando excedente de produção nas águas e produção restrita na seca. Especialmente nesta última, em decorrência natural das alterações de crescimento da pastagem, além da menor oferta, a qualidade da forragem também é baixa, caracterizando-se por elevado teor de fibra com maior proporção de lignina e diminuição no teor de proteína. Como a degradação da porção fibrosa é feita pelos microorganismos do rúmen, estes fatores, principalmente a deficiência de proteína, levam a um menor crescimento e atividade microbiana; portanto, menor digestão da fibra, menor taxa de passagem do alimento pelo rúmen, conseqüentemente, menor consumo de matéria seca pelos animais. Nesta época, os suplementos devem ser constituídos de fontes de proteína de alta degradabilidade, podendo-se utilizar fontes de nitrogênio não protéico (uréia, por exemplo) e fontes de proteína verdadeira (farelos protéicos), objetivando atender aos microorganism

os ruminais e ao adequado suprimento de minerais.

De maneira geral, os suplementos para a época seca passaram por três fases de desenvolvimento tecnológico. Inicialmente, misturas de sal mineral com uréia, seguidas de formulações contendo também fontes de proteína verdadeira e mais recentemente com aditivos, como promotores de crescimento, por exemplo. Além disso, diferentes níveis de fornecimento foram adotados, como protéicos de baixo e alto consumo até semi-confinamento, visando a desempenhos estratégicos, nesta época, para diferentes sistemas de produção.

Os suplementos minerais com uréia promovem a manutenção ou pequenos ganhos de peso no período seco do ano. Os protéico-minerais de baixo consumo (1g/Kg de Peso Vivo) promovem ganhos moderados de 200 a 300 g/cab./dia. Já para os suplementos protéicos de alto consumo (3 a 4 g/ Kg de peso vivo), espera-se ganhos de peso de até 600g/cab./dia, sendo que em todos os casos o desempenho está ligado diretamente à disponibilidade de forragem.

Um ponto importante de manejo a ser considerado é a disponibilidade de cocho adequada para cada tipo de suplementação, sendo de 3 a 5 cm de linha de cocho linear/cabeça para suplementação convencional, 4 a 6 cm, para suplementação mineral com uréia, 10 a 12 cm, para suplementação protéica mineral de baixo consumo (1g/Kg PV) e de 40 a 50 cm/cabeça para suplementação protéica mineral de alto consumo (3 a 4 g/Kg de PV). Estes ajustes têm como objetivo o acesso ao cocho e consumo adequado por todos animais.

No gráfico 2 (

), vemos que o ganho de peso de 200g/cab./dia a mais com o proteinado de baixo consumo, considerando a arroba a R$55,00, o lucro adicional será de R$33,55 num período de 150 dias de seca. Este valor é mais interessante quando avaliado num de sistema de produção, onde num lote de 500 animais, teríamos R$16.775,00 de lucro adicional ou líquido. Neste contexto de sistema de produção, outras vantagens indiretas são obtidas através destas técnicas, como a antecipação na idade de abate para machos e, no caso das fêmeas, antecipação na idade de cobertura das novilhas e melhoria do escore de condição corporal ao parto para vacas primíparas e multíparas.

Desse modo, o aumento do ganho de peso dos animais é essencial para que se tenha aumento de desfrute e, com isso, aumento de rentabilidade e maior giro do capital empregado na pecuária bovina.

Marco Antonio Alvares Balsalobre,César Vitaliano Graminha e Ana Léa M. Martins

Bellman Nutrição Animal

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