Gigante branco

Fruto da experiência de 17 anos de mercado, o Gafanhoto da ServSpray, traz uma série de itens que aumentam a performance da máquina durante o trabalho e mostra que está alinhado com a tecnologia mundial.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

O mercado brasileiro está tendo a oportunidade de conhecer vários tipos de pulverizadores autopropelidos, montados sobre tratores ou com estrutura específica. Uma pioneira neste segmento é a ServSpray, que atua no mercado brasileiro há 17 anos. Se as máquinas já eram confiáveis e faziam um trabalho com alto desempenho quando a ServSpray começou a fabricação de pulverizadores no Brasil imagine agora, que os produtos evoluíram, e a agricultura também. Inicialmente conhecido pela marca Macspray, o pulverizador passou a chamar-se ServSpray (incorporando o conceito de prestação de serviços) e agregou, por sua forma característica o nome Gafanhoto. De sua moderna e ampla fábrica em Itu (SP) saem os produtos cuja evolução a equipe da Cultivar Máquinas e o Dr. Francisco Faggion foram verificar na Fazenda Santa Terezinha em Cruz Alta (RS).

O motor é um MWM diesel de 4 tempos, modelo 6.10 T, de 6 cilindros em linha, turboalimentado. A cilindrada de 6,45 l com taxa de compressão de 16:1 e injeção direta com bomba rotativa de controle mecânico permite potência de 132 Kw (180 cv) a 1800 rpm, medida de acordo com a Norma NBR 5484. O torque de 640 N.m é bem posicionado, tendo seu pico a 1600 rpm. O motor tem todos os seus componentes (bomba d’água, compressor, comando de válvulas) acionados por engrenagens, sem correntes ou correias, o que lhe dá mais confiabilidade e menor manutenção, sem riscos de interrupção de trabalho por quebra. Em se tratando de uma máquina com um envolvimento tão delicado com o meio-ambiente, é justo que o motor tenha baixo nível de emissões. Este enquadra-se no padrão EPA 98/Euro 1.

A montagem do motor é feita “dentro” do reservatório de calda acima do quadro do chassi. Esta construção aumenta levemente a altura do centro de gravidade, mas facilita as operações de manutenção, por outro lado. O filtro de ar, devido às condições severas de trabalho é de dois elementos.

A boa motorização da máquina lhe confere a capacidade de operar em aclives, sem que haja grande variação na velocidade de deslocamento.

A primeira parte da transmissão está montada solidária ao motor, são duas bombas hidráulicas Sauer-Danfoss. Um controlador de fluxo de óleo acionado diretamente pela alavanca principal de comando (joystick) direciona o óleo aos quatro motores hidráulicos Sauer-Danfoss posicionados um em cada roda, e alimentados de forma cruzada.

A direção nas rodas do eixo dianteiro é hidrostática, o sistema possui bomba individual, própria, e o volante tem regulagem de posição (afastamento) com relação ao operador.

A frenagem é uma experiência interessante, pois não existe um sistema de freios convencional. A redução de velocidade e a imobilização do Gafanhoto são feitos pelo próprio sistema hidráulico de propulsão (Hydro).

A distância entre eixos de 3,15 m, o comprimento de 6,6 m e a bitola de 2,55 m permitem um raio de giro de 6,2 m, que pode ser considerado bom em função das dimensões da máquina. Em parte, o bom raio de giro pode ser creditado à distância entre eixos de 3,15 m. Se a preocupação é com as passagens para as lavouras ou nas portas dos abrigos, considerando que a grande maioria das passagens tem quatro metros, o veículo passa, pois possui 3,9 m de largura.

O vão livre no eixo é de 1,43 m, que nem sempre poderá ser totalmente utilizado, pois a própria barra de pulverização ficará bem mais baixa que isto na maioria das aplicações.

As bitolas são ajustáveis, e esta operação pode ser feita a partir da cabine, simplesmente acionando os cilindros hidráulicos que se encarregam de “abrir” ou “fechar” dos rodados. As bitolas podem variar continuamente de 2,7 m a 3,2 m, permitindo o ajuste às linhas de culturas, ou melhores condições de operação de acordo com a declividade da área. Falando em declividade, verificamos que a máquina opera com segurança em condições de declive transversal de 11 a 15% e a frontal (rampas) de até 32%.

Devido às dimensões externas, a primeira impressão é de que o Gafanhoto seja mais pesado. No entanto seu peso é de 6,4 mil kg quando vazio. Considerando o depósito de três mil litros, 145 l de água limpa para a lavagem das embalagens e conveniência do operador, 120 l de óleo hidráulico e 210 l de combustível teremos um peso total de menos de dez mil kg. Este peso é distribuído sobre o solo sem causar muita compactação e suportado por quatro pneus 12,4 x 38. Opcionalmente, a máquina pode ser equipada com pneus 13 x 38, o que certamente alivia a pressão específica sobre o solo. O aspecto de compactação em operação de autopropelidos ainda está em aberto, e deve ser mais discutido.

Um fator positivo que confere uma diferenciação da máquina é a suspensão a ar independente, o que associada a barras autonivelantes com acumulador de pressão com nitrogênio, lhe confere estabilidade e possibilita o trabalho em velocidades superiores as normalmente utilizadas para a pulverização. Mesmo com o rodado passando por irregularidades do terreno, as barras tendem a refletir suavemente o movimento vertical. Como fator adicional de estabilidade a máquina é provida de barra estabilizadora traseira.

A máquina possibilita a operação (aplicação) em altas velocidades, podendo chegar a 24 km/h. Neste caso há que se ter cuidado com a deriva devida ao vento e especialmente se a barra for colocada na parte traseira. Neste caso, o seu deslocamento causa turbilhonamento do ar ou um “vácuo” na linha de deslocamento da máquina o que carrega gotas pequenas da pulverização para a parte central da barra, aumentando a dosagem nesta posição.

O Gafanhoto possui um chassi monobloco, com perfis tubulares de aço, sobre (ou sob) o qual são acoplados todos os componentes.

Uma subestrutura com ajuste hidráulico de altura, prende o conjunto de barras aplicadoras. Os eixos são fixos ao chassi através de barras tensoras e a suspensão é pneumática. Isso tudo oferece conforto ao rodar, amortecendo os impactos das irregularidades normalmente encontradas nas lavouras, mesmo em áreas irrigadas ou de cana-de-açúcar, onde os sulcos são profundos.

O operador trabalha com conforto em uma cabina, com o proposta de visão panorâmica. Os comandos e os instrumentos estão posicionados em um console ao lado direito do operador. O comando das barras, seja de altura, fechamento para transporte ou abertura da pulverização, é feito por um leve toque em chaves eletro-hidráulicas. O console engloba também o controle computadorizado de vazão, que mantém a vazão constante independentemente da quantidade de bicos (segmentos da barra) em uso. O Controle é compatível com o sistema de controle de posicionamento por satélite (GPS), opcional.

O assento ergonômico com suspensão com molas e amortecedor é ajustável em altura e posição.

Amplos espelhos externos facilitam a verificação das condições de operação das barras traseiras de pulverização. O acesso à plataforma e à cabine é bom, por escada retrátil traseira, mas há ausência de apoio para o operador quando está sobre uma das plataformas (que são altas). Parece difícil colocar um parapeito, pois estaria na posição das barras, quando recolhidas. Uma melhoria poderia ser feita com a colocação de pegadores no depósito da máquina.

O grande ponto positivo do design da máquina é a cor, branca, não usual em máquinas agrícolas. Transmite uma sensação de limpeza, e por outro lado “obriga” o operador a mantê-la em boas condições, facilitando a visualização de problemas ou vazamentos.

Por outro lado, a bomba de pulverização ultrapassa a linha lateral da máquina o que em manobras em galpões ou em operações em locais com restrições como estradas, pode tocar em obstáculos e causar danos à mesma. Esta bomba poderia ser reposicionada ou, ao menos, ter um anel metálico para protegê-la de eventuais toques.

A máquina em teste estava equipada com uma barra de 27m de comprimento (opcional com 25 m), em sete segmentos, associada à possibilidade de operação em alta velocidade lhe confere uma capacidade de campo efetiva, superior às máquinas convencionais. O rendimento médio pode chegar a 350 h/dia.

O comando da barra é feito em seis secções independentes com o auto-ajuste da vazão e da pressão de trabalho proporcionando uma aplicação uniforme. Avanços poderiam ser feitos com a colocação de sensores de altura e atuadores para controle automático da distância da aplicação do alvo.

As tubulações são em aço inoxidável, portanto, resistentes e duráveis.

Outra vantagem verificada é que a barra de pulverização desce lentamente quando acionada para tal. Isto minimiza a possibilidade de choque com obstáculos e a conseqüente quebra ou entupimento das pontas de pulverização (bicos) ou até mesmo que a barra seja danificada. Para evitar o toque em obstáculos ao subir, a barra sobe rapidamente após o comando do operador. O sistema de levantamento e abaixamento da barra é por comando eletro-hidráulico.

Existe a possibilidade da colocação da barra na parte traseira ou dianteira da máquina, com a substituição de algumas peças e colocação de lastros dianteiros (quando colocada na traseira).

A barra de 27 m, quando utilizada em terrenos com alguma declividade, pode tocar o alvo ou o solo numa posição, e na outra, estar muito afastada dos mesmos, devido ao seu comprimento. Isto facilita a deriva e a realização de uma aplicação desuniforme.

A bomba centrífuga Hypro oferece vazão de 430 l/min, pressão máxima de oito BAR e contribui para aplicar doses normais em alta velocidade. Por estar em contato direto com produtos que causam corrosão, a bomba é construída em alumínio/inox o que lhe confere durabilidade elevada. Outro fator é que a bomba centrifuga mantém a pressão constante, diferentemente das bombas de pistão que causam pulsação ao líquido e, dependendo do número de pistões, exigem um estabilizador de pressão.

A barra não oferece possibilidade de alterar a distância entre pontas de pulverização, pois está perfurada de 50 em 50 cm. Isto dificulta a utilização de pontas com ângulo de aplicação menor. No entanto, os suportes das pontas, permitem colocar três pontas de pulverização por suporte, com sistema antigotejamento. Para tanto há que se reprogramar a máquina para que aplique a vazão de cada ponta multiplicada por dois.

As barras, são fixadas por um sistema de paralelogramo, autonivelante. Poderia ter um indicador de altura da barra de pulverização, além de que ela poderia baixar mais.

A máquina possui marcador de espuma e opcionalmente pode vir equipada barra de luzes guiada por DGPS servindo de orientação ao operador para localizar a máquina nas passadas subseqüentes. Dependendo da disponibilidade do agricultor em investir, ele poderá optar por um, por outro ou por ambos os sistemas.

Possui separadores de cultura ou protetores dos pneus, chamados pelo fabricante de “abre-plantas”. Há possibilidade de abastecimento automático do produto comercial para o depósito da máquina o que evita contaminações do operador. Para tanto a máquina possui um depósito lateral onde o produto é colocado, além de um depósito com água limpa servindo para lavar as embalagens e as mãos.

Apesar do custo elevado, em torno de R$ 384 mil nos parece que máquina apresenta vantagens em algumas situações ou propriedades, quando utilizada de forma racional, sendo mais eficiente ou mais barata, dependendo da comparação feita. Desta forma, o ServSpray pode ser uma boa alternativa para lavouras com cultivos anuais com áreas médias e grandes.

Melhorias poderiam ser feitas com a instalação de mostradores de temperatura, umidade relativa do ar e vento para indicar condições ambientais em que a aplicação poderia ser evitada e danos ambientais minimizados.

Revista Cultivar

Unisc

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