Inoculação de sementes de soja com Bradyrhizobium

Uma das práticas para proteger a lavoura de soja consiste na inoculação de sementes com bactérias do gênero Bradyrhizobium (grupo rizóbio).

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

Neste mês de maio devem ser semeadas praticamente todas as lavouras de soja no cerrado de Roraima e algumas práticas de cultivo precisam ser bem executadas pelo produtor, a fim de obter sucesso na exploração da lavoura. Uma destas práticas consiste em inocular as sementes de soja com bactérias do gênero

(grupo rizóbio).

Estas bactérias estabelecem uma simbiose com a planta que culmina na formação de estruturas modificadas, chamadas nódulos, nas raízes das plantas. Nestes nódulos, ocorre a fixação biológica de nitrogênio (FBN), onde a bactéria capta o nitrogênio (N) da atmosfera e disponibiliza à planta.

Devido a grande dedicação de instituições de pesquisa, hoje a exploração da FBN supre totalmente a necessidade de N na cultura da soja, substituindo por completo a adubação nitrogenada. Estima-se que a exploração da FBN na cultura da soja, no Brasil, proporcione uma economia de mais de três bilhões de dólares anuais em fertilizantes nitrogenados e perdas de nitrogênio para o ambiente, demonstrando que a cultura é viável, no Brasil, devido à exploração da FBN. No caso de Roraima, onde o preço do N mineral supera 2 reais ao kg, a economia pelo uso da FBN pode chegar a mais de 1000 reais por hectare.

Em Roraima as condições de solo (baixo teor de matéria orgânica e textura arenosa) e clima (altas temperaturas e longo período de estiagem) que ocorre no cerrado, são limitantes a sobrevivência de rizóbios no solo, o que exige a inoculação das sementes em todas as áreas a serem cultivadas. Além disso, a pobreza do solo em termos de matéria orgânica também mostra que o teor de N no solo é muito baixo e, conseqüentemente, a planta é totalmente dependente de fontes externas de N.

Além de inocular todas as áreas de plantio o produtor deve tomar alguns cuidados importantes durante a inoculação:

1) Adquirir inoculantes dentro do prazo de validade e certificar-se de que as condições de armazenamento do produto estejam adequadas;

2) Realizar a inoculação apenas momentos antes da semeadura, evitando exposição ao sol e temperatura elevada. É importante destacar que começam a ser ofertados no mercado produtos para a inoculação de sementes antecipadamente ao plantio. Alguns fabricantes têm difundido que determinados produtos possibilitam a inoculação das sementes até 15 dias antes do plantio. Apesar desta tecnologia mostrar uma grande comodidade, o produtor deve ter precaução para utilizá-la, pois precisa ter certeza da eficácia do produto.

3) Quando a inoculação for realizada diretamente na semente, utilizar uma quantidade de inoculante em torno de 04 doses comerciais por ha, o que é suficiente para alcançar 1,2 milhões de células do rizóbio por semente.

4) Se optar por fazer a inoculação no sulco de plantio, utilizar uma dose de pelo menos 3,6 milhões de células de rizóbio por semente. E, além disso, avaliar cuidadosamente o funcionamento do equipamento de aplicação de acordo com cada produto inoculante a ser utilizado;

5) Se for realizado tratamento de sementes com fungicidas, mais ainda o produtor deve realizar bem a inoculação, seguindo a recomendação técnica de cada produto comercial. O ideal seria apenas utilizar sementes com alta qualidade sanitária e fisiológica, pois dispensaria o tratamento de sementes com fungicidas. Porém, como é difícil encontrar sementes com este padrão no mercado, os cuidados precisam ser redobrados.

Tomando estes cuidados, o produtor aumentará grandemente as chances de obter sucesso em sua lavoura, racionalizando seu custo de produção.

Embrapa Roraima

Bolsista de Iniciação Cientifica PIBIC/CNPq

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