Mais produtividade

Doença importante em cafeeiro, a mancha de Phoma causa severas limitações principalmente em regiões de altitude elevada e com predomínio de baixas temperaturas

06.05.2016 | 20:59 (UTC -3)

A mancha de phoma é doença importante em cafeeiro, devido aos prejuízos significativos que causa à produção. Sua gravidade é maior em regiões de altitude elevada onde predominam temperaturas baixas, ventos frios e umidade na lavoura. A suscetibilidade de nossas cultivares comerciais, face de exposição da lavoura, alta capacidade de multiplicação do fungo, sua adaptação, resistência e/ou sobrevivência são também fatores ligados à gravidade da doença (Krohling; Matiello 2011).

O fungo ataca folhas, flores, frutos e ramos do cafeeiro produzindo lesões bem características. Os danos causados por essa doença refletem diretamente na produção, uma vez que ocorre a morte dos botões florais, das brotações novas, mumificação de frutinhos e má granação dos frutos devido à desfolha, comprometendo o desenvolvimento da produção da safra corrente e do ano subsequente.

A mancha de phoma vem ganhando notoriedade entre a comunidade técnica e produtora cafeeira e cada vez mais seu controle tem recebido notoriedade através dos resultados de pesquisas mostrando redução de perdas de produtividade muito expressivas.

A condição ideal para o desenvolvimento do fungo reside em temperatura média abaixo de 20ºC e presença de umidade (sendo a do orvalho já suficiente como fator umidade).

O controle químico desta doença é oneroso, pois dependendo da região abrange um período muito longo de proteção. Entretanto, é indispensável e deve ser recomendado de forma preventiva para lavouras com boas perspectivas de produção e principalmente em locais onde ocorre umidade contínua e temperaturas baixas no período de abril a outubro (antes da colheita até a fase de chumbinho do cafeeiro).

Quando a doença for constatada no final do período chuvoso (em abril/maio) atacando as folhas novas e os ramos do ponteiro, deve-se efetuar uma ou duas pulverizações (em intervalo de 30 dias) com fungicidas específicos, com o objetivo de reduzir a desfolha da planta, a incidência de seca de ramos e a quantidade de inóculo residual que irá favorecer o ataque da doença na época do florescimento e formação dos frutos (Matiello, 2010).

Conhecer as épocas de maior incidência (que estão relacionadas às condições climáticas favoráveis para a ocorrência da doença), alta capacidade de multiplicação do fungo, sua adaptação, resistência e/ou sobrevivência são fatores fundamentais para obter êxito no controle da phoma.

Experimento

Com o objetivo de conhecer melhor a dinâmica da doença e seu impacto na produtividade do cafeeiro foi desenvolvido um experimento no município de Serra do Salitre, Minas Gerais, para avaliar a produtividade do cafeeiro em função das diferentes estratégias (épocas) de aplicação (pré-colheita, pós-colheita, pré-florada e pós-florada) do fungicida Boscalida na dose de 180 gramas por hectare (em cada aplicação), bem como definir o melhor modelo para região de alta pressão da doença em questão.

O trabalho foi realizado no período de abril de 2011 a junho 2012, na Fazenda Engenho, localizada no município de Serra do Salitre, em Minas Gerais. A variedade utilizada foi a Catuai Amarelo, plantada em 1986 no espaçamento de 4m x 1m, totalizando 2,5 mil plantas/ha.

Os dados climáticos da região durante o período do experimento foram coletados na estação meteorológica da Cooxupé, em Serra do Salitre, Minas Gerais (situada no mesmo microclima da fazenda (mesma altitude e a 7km da fazenda), sendo a coleta feita diariamente conforme Gráficos 1 e 2.

As épocas de aplicação do fungicida Boscalida foram as seguintes: Tratamento 1: Testemunha (sem aplicação); Tratamento 2: Pré-Colheita; Pós-Colheita; Pré-Florada; Pós-Florada; Tratamento 3: Pós-Colheita; Pré-Florada; Pós-Florada; Tratamento 4: Pré-Florada; Pós-Florada; Tratamento 5: Pré-Colheita; Pré-Florada; Pós-Florada.

Ocorreu a pré-colheita no mês de abril, a pós-colheita em agosto (logo após o término da colheita), a pré-florada em setembro (após o início das chuvas na fase de cotonete) e a pós-florada no mês de outubro (depois da queda da maioria das flores)

Os demais tratos culturais da lavoura foram realizados conforme orientação técnica. Também é importante destacar que foi utilizado hidróxido de cobre na dose de 2kg por hectare nos meses de janeiro de 2011, agosto de 2011 (juntamente com a pulverização de pós-colheita) e janeiro de 2012 em todos os tratamentos.

Os resultados obtidos através do experimento são apresentados no Quadro 1.

É possível observar que as maiores produtividades foram obtidas no Tratamento 2 (Pré-Colheita; Pós-Colheita; Pré-Florada; Pós-Florada) e Tratamento 3 (Pós–Colheita, Pré-Florada e Pós-Florada), sendo o Tratamento 3 o mais viável economicamente.

Também é importante destacar que o não controle da phoma, no Tratamento 1 (Testemunha), para um bom pegamento da florada/chumbinhos, causa prejuízo enorme ao produtor com uma quebra de 43% na produção (perda de 18,5 sacas por hectare) quando comparado como manejo mais viável economicamente (Tratamento 3).

O controle da phoma como objetivo de bom pegamento da florada deve ser preventivo no perído de pós-colheita, pré-florada e pós-florada, pois em anos em que as condições climáticas são favoráveis ao desenvolvimento do fungo é impossível fazer um controle eficiente após a doença já estar instalada na lavoura na fase da florada do cafeeiro, pois essa fase é curta e o desenvolvimento do fungo muito rápido. O protutor não pode correr o risco de esperar para ver se nesse ano terá condição climática favorável para a doença, para só então dar início ao tratamento fúngico.

O cafeicultor deve ter bom conhecimento da sua capacidade operacional (maquinário) e quais talhões têm maior projeção de safra para assim priorizar essas áreas no controle da phoma (principalmente na época da pulverização de pré-florada, fase que dura poucos dias).

Sendo assim, é de extrema importância conhecer as condições ambientais favoráveis para esta doença e manejá-la corretamente para reduzir perdas em produtividade e em rentabilidade das lavouras cafeeiras.


Este artigo foi publicado na edição 185 da revista Cultivar Grandes Culturas. Clique aqui para ler a edição.

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