Mancha mortal

A agressividade e virulência da mancha de Leandria é alta e pode destruir uma cultura em até uma semana.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

A mancha de Leandria, também conhecida como Mancha Zonada das Cucurbitáceas, é uma doença causada pelo fungo

, identificada e caracterizada no Brasil por Eugenio Rangel em 1915, em seu artigo “Alguns fungos do Brasil, novos ou mal conhecidos” em parceria com André Maublanc. O nome Leandria é uma homenagem ao botânico brasileiro Leandro do Sacramento.

Dentre as biotróficas, a doença pode ser considerada como a mais severa e destrutiva na cultura do pepino, assumindo grande importância em condições de altas temperaturas e umidade elevada. Apresenta ampla distribuição nas regiões produtoras, ocorrendo em praticamente todo o Brasil, desde que satisfeitas as condições para o seu desenvolvimento. A agressividade e a virulência do patógeno é alta, destruindo a cultura dentro de uma a duas semanas. A doença pode ser facilmente confundida com a mancha angular bacteriana, a antracnose, a mancha de alternária ou a sarna, principalmente em seus estágios iniciais.

Sintomas da folha

O patógeno produz lesões necróticas brancas com margens definidas tênues de coloração parda , visíveis em ambos os lados da folha, a partir de 5 dias após a infecção. A principal cultura afetada é o pepino, embora cause danos em chuchu, melão, melancia, abóboras e nigauri (melão-de-são-caetano) e possa sobreviver em outras espécies cultivadas ou silvestres de cucurbitáceas. No caso do pepino, as lesões iniciais se apresentam angulosas, podendo ser confundidas com as da mancha angular bacteriana, causada por Pseudomonas syringae pv. lachrymans. Inicialmente, as folhas mais velhas são afetadas, progredindo para as mais novas. As lesões chegam a coalescer posteriormente, comprometendo toda a área foliar. Diferente da mancha angular bacteriana, as lesões da mancha de Leandria não apresentam anasarca característica, embora os sintomas inicias surjam na forma de pequenas áreas encharcadas. Além disso, as nervuras no interior da lesão apresentam uma coloração escura, dando um aspecto levemente reticulado às manchas.

Não há sintomas visíveis no caule das plantas afetadas ou no pecíolo das folhas.

No meloeiro, os sintomas se manifestam como pequenas manchas cloróticas com centro necrosado de coloração parda-avermelhada. Posteriormente, há coalescência destas manchas, dando um aspecto enegrecido às lesões.

Na melancia, os sintomas se manifestam como manchas escuras distribuídas ao longo do limbo foliar. Estas manchas apresentam um ponto branco no centro e bordos irregulares.

Descrição do agente causal

Os conídios são esféricos, pigmentados, pluricelulares, constituídos de 7 a 18 células globosas, aglomeradas, que lhe conferem um formato globular típico e muriforme, com coloração parda. São produzidos na superfície inferior das folhas, acompanhadas por um micélio fúngico hialino e conidióforos com 3 a 6 septos. Rangel descreveu o conídio do fungo como uma “estranha frutificação quase negra”, multilobada, com belos conidióforos hialinos em forma de clava, com contornos lobulados. Em termos mais práticos, como diagnóstico complementar, encontra-se um aglomerado semelhante a uma amora de coloração marrom sob o microscópio comum, que caracteriza o conídio.

Características particulares

As condições para a elevação da taxa de progresso da doença são a alta umidade e temperaturas elevadas. Nestas condições, cada célula chega a germinar individualmente, conforme relatam KUROZAWA e PAVAN. A disseminação do fungo ocorre de forma natural pelo vento e pela água. Pouco se conhece a respeito de sua capacidade de sobreviver em restos de cultura. Ainda no caso do pepino, a denominação Net Spot, em inglês, para a mancha zonada, se deve à formação de um leve rendilhamento no tecido holonecrótico, conferido pelas nervuras no interior da lesão. Essa é, possivelmente, a característica que a diferencia das demais doenças foliares.

Estratégias de controle

As estratégias de controle devem enfocar a redução do inóculo inicial e interferir na taxa de progresso da doença. Assim, são sugeridas as seguintes medidas, em ordem de importância:

1. Escolha de cultivares resistentes. Não são relatados casos de imunidade à doença. No caso de pepino, alguns materiais da linha Aodai incorporam determinada resistência. O híbrido Kinsei-T, do tipo japonês, apresenta resistência vertical, conferindo uma excelente resistência de escape à planta;

2. Rotação de culturas. Normalmente, a rotação com plantas de outras famílias tende a reduzir o potencial de inóculo do patógeno;

3. Eliminação de restos culturais e hospedeiros alternativos.

Controle químico

Não há recomendações específicas de controle químico da doença. KUROZAWA e PAVAN propõem o uso de benzimidazóis e triazóis no controle da doença. Cañizares aponta a utilização de tiofanato metílico, só ou acompanhado de clorotalonil como medida de controle. Algumas formulações de clorotalonil, tiofanato metílico e tebuconazole apresentam registro para o controle da mancha de Leandria em cucurbitáceas.

Jorge Massaki Hasegawa

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