Melhores resultados no confinamento

O confinamento de bovinos aparece como uma boa alternativa para intensificar a produção e melhorar a rentabilidade.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

Com a crescente necessidade de se intensificar a produção da bovinocultura de corte, a fim de torná-la competitiva como atividade econômica, o confinamento tem sido cada vez mais agregado ao sistema de produção das propriedades que utilizam a intensificação como opção para melhorar a rentabilidade.

Cuidados com a construção das instalações, formulação de rações de melhor custo-benefício e manejo eficiente do arraçoamento dos animais são as prioridades da maioria dos empreendedores deste tipo de sistema de produção. No entanto, o manejo dos animais quase sempre é posto em segundo plano ou, quando considerado de importância, é, geralmente, coordenado de forma imprecisa.

O manejo dos animais pode definir o sucesso ou insucesso do empreendimento, pois quando mal manejados podem apresentar baixo desempenho em ganho de peso durante o processo, atrasando a sua saída para o abate, o que incorre em aumento de consumo de alimentos e abate em época não planejada (menores preços), causando baixa rentabilidade de todo o sistema de produção.

Assim, o correto manejo dos animais em confinamento deve ser alcançado, e pode ser encarado em três frentes de atuação por parte do confinador: a escolha, o preparo e o controle dos animais, onde a escolha dos animais é orientada por categoria animal, qualidade genética e peso de entrada no confinamento.

A escolha por categoria permite definir qual o tipo de ração que será utilizada e, ainda, qual será o consumo de ingredientes esperado durante o período, pois bovinos têm exigência nutricional, qualitativa e quantitativa, diferenciada conforme a idade, sexo e peso vivo.

Animais de qualidade genética diferente têm desempenhos em ganho de peso diferenciados. Desta forma, saber avaliar o potencial genético dos animais permite planejar o tempo necessário para o acabamento dos mesmos e, conseqüentemente, a época de embarque para o abate.

No item preparo dos animais podemos destacar os seguintes aspectos: castração, formação de lotes, aplicação de produtos veterinários e identificação dos animais.

A castração deve ser realizada pelo menos 40 dias antes do confinamento, procurando permitir a recuperação dos animais após o estresse desta operação antes da sua entrada no sistema. Deve ser salientado que, apesar do desempenho de animais inteiros ser superior em ganho de peso aos animais castrados, à exceção de animais superprecoces, são raros os frigoríficos que aceitam este tipo de animais.

Outro fator importante que justifica o uso da castração está na maior probabilidade de ocorrências de animais sodomizados e, conseqüentemente, animais machucados nos confinamentos que não utilizam esta prática.

A aplicação de produtos veterinários deve ser orientada pelo médico veterinário que assiste a propriedade. No entanto, na maioria dos casos é quase certa a aplicação de vermífugo antes da entrada no confinamento, em especial quando da entrada de animais oriundos de fora da propriedade. Da mesma forma, a aplicação do complexo vitamínico ADE, em especial para animais que não serão tratados com forragem fresca, é recomendada.

A formação de lotes talvez seja o manejo mais importante dentre os aqui citados, pois é através desta operação que se pode conseguir os melhores resultados. Esta ação visa impedir o efeito negativo da dominância sobre os animais mais fracos ou menores por parte dos animais dominantes, que impedem a adequada alimentação dos primeiros. Esta prática também impede a formação de lotes heterogêneos, que interferirão de forma negativa quanto à data de saída do lote como um todo para o abate. Esta heterogeneidade pode ocorrer tanto pelo diferencial de peso vivo, como pelo nível de acabamento de carcaça apresentado no momento de entrada no confinamento. A formação de lotes heterogêneos forçará um maior número de conduções do lote para o curral, a fim de se promover apartações de animais prontos para o embarque, ocasionando estresse desnecessário aos animais que retornarão para o trato novamente. Quanto menor for o estresse sofrido pelo animal durante o confinamento melhor será o seu desempenho em ganho de peso ao longo do mesmo.

Em confinamentos com grande número de cabeças, maiores serão as chances de se formarem lotes padronizados. Já para confinamentos menores, a diferença de peso de no máximo 30 kg é a mais indicada, não podendo se esquecer de orientar a formação do lote também por nível de acabamento.

A formação de lotes de no máximo 100 cabeças facilita a padronização dos mesmos, além de necessitar de piquetes de menor tamanho, impedindo os excessos de movimentação dos animais.

A identificação serve para permitir o controle dos animais que serão confinados. Hoje, com a obrigatoriedade da rastreabilidade, a maioria dos confinadores identifica individualmente os seus animais. No entanto, o controle por lote é importante no sistema de confinamento, pois é muito comum o entrevero de animais entre os piquetes de confinamento, seja no dia a dia ou durante a passagem dos mesmos pelo curral de manejo. A marcação a fogo na anca do animal com a identificação do número do lote permite maior visibilidade, facilitando o manejo dos mesmos.

Os controles utilizados no manejo de animais confinados podem ser resumidos em dois: o controle de desempenho e controle sanitário. O primeiro visa observar se o ganho de peso esperado está ocorrendo a contento. Para isso, pesagens com intervalos de 30 dias são as mais indicadas, ou seja, o controle do ganho de peso mensal. Intervalos de pesagem maiores podem prejudicar o ganho de peso dos animais e acarretar prejuízos ao sistema, como, por exemplo, quando o desempenho estiver abaixo do esperado e seja necessário promover alterações na ração utilizada. Neste caso, geralmente a ração nova será de custo superior, sem contar o número maior de diárias necessárias para se alcançar o peso e acabamento pretendido, aumentando os custos do processo.

O controle de desempenho pode ser realizado por amostragem, a fim de evitar a estadia prolongada de animais presos no curral de manejo. Para a pesagem o jejum de 14 horas é muito importante, pois evita enganos na aferição das pesagens. Exclui-se desse jejum o corte do fornecimento de água.

Por fim, dentre os cuidados com o manejo de animais confinados está a preocupação com impedimento da ocorrência de estresse desnecessário causados por correrias, atropelos, injúrias e gritarias típicas de propriedades onde o manejo dos bovinos é totalmente equivocado.

Rodrigo Paniago

Boviplan

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