Moko da bananeira afeta produção em Sergipe

Diante da ausência de cultivares resistentes, são necessárias outras estratégias de controle para a doença, minimizando-se prejuízos para o produtor.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

Estudos da doença são necessários para estabelecer um programa de detecção, controle e erradicação em Sergipe e assim evitar a disseminação.

A Embrapa Tabuleiros Costeiros vem trabalhando no desenvolvimento de um sistema de diagnose que permitirá ao produtor eliminar plantas com e sem sintomas, evitando disseminação ao longo da propriedade.

O Brasil é o segundo maior produtor de banana do mundo alcançando 7,1 milhões de toneladas anuais em uma área estimada de 504 mil hectares tendo o Nordeste como a maior região produtora do país com 39% deste total. Com estes dados podemos ver que a bananicultura possui considerável importância sócio-econômica nesta região, sendo importante fonte de renda principalmente para pequenos agricultores.

Em Sergipe, um dos problemas fitossanitários relatados é a ocorrência do moko da bananeira ou murcha bacteriana que é causado pela bactéria Ral

stonia solanacearum

raça 2, considerada uma praga quarentenária com ampla distribuição em regiões tropicais, sub-tropicais e temperadas em todo o mundo. Além de Sergipe ocorre também nos Estados da região Norte à exceção do Acre.

A disseminação da bactéria pode ocorrer de diferentes formas, dentre as quais se destacam o uso de ferramentas infectadas, contaminação de raiz para raiz ou do solo para a raiz e por insetos (abelhas, vespas, mosca-das-frutas e muitos outros gêneros).

Em nossa região, a transmissão da bactéria não ocorre via solo como na região Norte do país e se dá, provavelmente, pela visita de insetos às inflorescências (parte da planta onde se localizam as flores) uma vez que os sintomas são mais severos de cima para baixo nas plantas infectadas. Devido a reincidência da doença, é possível que a bactéria permaneça na área associada a alguma das mais de 234 espécies de planta hospedeira ou inseto transmissor.

Isolados da bactéria

Ralstonia solanacearum

raça 2 também têm habilidade de infectar e colonizar a bananeira sem causar sintomas, provavelmente pelos cultivos em locais com condições ambientais distintas.

O uso de cultivares resistentes seria a alternativa mais simples e efetiva para o controle do Moko, porém até o momento não há fontes conhecidas de resistência contra o Moko no germoplasma de banana, razão que reforça a aplicação de outras práticas e estratégias de controle baseadas em diferentes investigações. A geração de plantas transgênicas possibilitaria a obtenção de materiais resistentes à doença.

Diante da importância do moko para a bananicultura de nosso Estado e do escasso conhecimento sobre este patossistema na região, estudos da população da bactéria e da epidemiologia da doença são necessários e urgentes para estabelecer um programa de controle/erradicação eficiente em Sergipe e assim evitar a disseminação da doença para outros Estados produtores da região Nordeste.

Além disso, é necessário verificar se há diferenças moleculares entre os biótipos da raça 2 que infectam a bananeira e criar desta forma um sistema de diagnose molecular que permita sua detecção de forma rápida e segura quando comparada com as diferentes raças de R. solanacearum de outras culturas. E é exatamente isso que a Embrapa Tabuleiros Costeiros vem trabalhando.

O projeto que esta em desenvolvimento visa auxiliar os trabalhos de defesa fitossanitária para o moko da bananeira no estado de Sergipe, comparando a nível molecular as diferentes biovares de

R. solanacearum

entre diferentes culturas, incluindo a raça 2 da bananeira e a partir desta comparação desenvolver um sistema de diagnose específico para banana. Desta forma, este sistema de detecção rápido permitirá ao produtor erradicar plantas sintomáticas e assintomáticas, evitando uma maior disseminação ao longo da plantação.

Leandro Diniz

Especialista em Biotecnologia Vegetal e pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros

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