Por uma cabeça

Por uma cabeça

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

Com o início do plantio no hemisfério Norte, um novo ciclo de produção mundial de milho recomeça e as mesmas indefinições iniciais em relação à cultura se repetem. Como será a safra americana? E a chinesa? Problemas na Rússia e na Europa? De certeza, apenas o apetite mundial voraz pelo milho (em seus diferentes usos) e a corrida cabeça a cabeça, para atender a esta demanda.

A safra argentina, que está em processo de colheita, teve sua produção reduzida para 19,7 milhões de toneladas, 13% inferior à safra anterior (esta redução na produção ocorreu apesar de um acréscimo de 18% na área plantada). Com o controle das exportações implantado pelo governo argentino, as quantidades exportáveis são liberadas a conta-gotas, e a expectativa de um total de 12 milhões de toneladas a ser exportado pode ser revisada.

Nos Estados Unidos, o plantio se iniciou e está atrasado por motivos climáticos. Nada de muito grave ainda, pois devido ao parque de máquinas disponível nas principais regiões produtoras, este atraso pode ser facilmente recuperado. Além disso, o fim da época de plantio ainda permite inclusive que o acréscimo esperado de área plantada seja atingido. Nada disto muda o problema representado pelos estoques apertados de milho, principalmente nos Estados Unidos. A manutenção dos preços elevados do petróleo decorrente da instabilidade nos países árabes tem fornecido o suporte para os preços do etanol e ajudado a manter a rentabilidade das destilarias americanas, mesmo com o preço do milho atingindo recordes históricos.

Os últimos registros de preço do milho na Bolsa de Chicago atingiram valores recordes ao redor de US$ 7,50 por bushel (cerca de US$ 295,00 por tonelada) mantendo-se neste nível durante todo o mês de abril. As próximas notícias têm que ser muito boas para acalmar este mercado! Além disso, como não se recuperam os estoques de uma safra para outra, esta situação tem potencial para se prolongar por um longo período.

No Brasil, a colheita da safra de verão de milho no Centro-Sul segue seu curso, sem grandes surpresas e com resultados favoráveis de produtividade (frente à ameaça inicial não concretizada do La Niña). Na região Sudeste e no estado de Goiás, com a entrada da nova safra, os preços recuaram um pouco, após os problemas ocasionados com a preferência dada à colheita da soja precoce. Nestes locais, a redução da área plantada no verão foi de certa forma compensada por um acréscimo da produtividade e a quantidade colhida tem sido semelhante à da safra passada (segundo a Conab, Companhia Nacional de Abastecimento). Na região Sul, o pequeno crescimento da produtividade não foi capaz de compensar a grande redução na área plantada (motivada pelos preços baixos do milho na época do plantio, que favoreceu a decisão do plantio da soja e pelo receio de um possível efeito negativo do La Niña). O resultado foi uma safra quantitativamente menor que, porém, se mostra favorável aos produtores que insistiram no plantio do milho, devido à tendência de alta dos preços, mesmo neste período de pós-colheita. Isto é um indício de que a produção regional não será suficiente para segurar os preços, neste primeiro semestre. A solução é esperar pelo resultado da safrinha do Paraná (que teve um grande incremento na área plantada, atingindo cerca de 20%). Um acompanhamento semanal do preço do milho pode ser encontrado no

Apesar da importância da safrinha do Paraná (cerca de 1,06 milhão de hectares em uma área total da safrinha de aproximadamente 5,5 milhões de hectares), o ambiente da segunda safra brasileira de milho é o Centro-Oeste. Lá é que será definido o abastecimento interno do segundo semestre, além dos preços e o potencial de exportação de milho de 2011. A redução de área plantada na safrinha do estado de Mato Grosso foi quase que compensada pelo crescimento da área em Mato Grosso do Sul e em Goiás (o que é de certa forma favorável, pois estas regiões produtoras estão mais perto do mercado consumidor e dos portos). Agora resta esperar pelo clima ao longo do desenvolvimento das lavouras.

Para completar o quadro relativo ao abastecimento interno, nota-se um crescimento na área plantada com sorgo, principalmente no Centro-Oeste (a Conab, Companhia Nacional de Abastecimento, indica um crescimento de 22% da área plantada com este cereal em Goiás).

As exportações de milho pelo Brasil começaram a recuar em março (foram exportadas cerca de 400 mil toneladas, quantidade próxima ao exportado em março nos dois anos anteriores), apesar de os preços médios de exportação continuarem superiores a US$ 250,00 por tonelada (e subindo, desde o segundo semestre de 2010). Com o crescimento dos preços no mercado interno, as exportações têm se mostrado menos interessantes e, provavelmente, somente ganharão força no segundo semestre, dependendo da safrinha.

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