Usado vale a pena?

A aquisição de máquinas usadas é uma alternativa para os produtores, porém diversos itens devem ser observados na hora da compra para que o investimento não se transforme em prejuízo econômico e opera

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

O aumento, tanto da produtividade agrícola quanto das áreas exploradas, associado a uma capitalização do empresário agrícola e as linhas de crédito para aquisição de máquinas novas, está favorecendo e intensificando a aquisição de equipamentos e tratores de maior capacidade operacional e potência. Este fato tem levado os produtores a substituir equipamentos pequenos e obsoletos por máquinas mais modernas, providas de dispositivos automáticos de controle e operação, as quais contribuíram sobremaneira na melhoria da qualidade e da quantidade de trabalho realizado.

As novas aquisições substituem, muitas vezes, equipamentos ainda não completamente obsoletos, os quais acabam disponibilizados no mercado de equipamentos usados. Estas máquinas mais antigas, ainda em condições de uso, são oferecidas aos produtores cujas características produtivas ou econômicas se ajustem à compra de equipamentos usados, criando, como no caso dos automóveis, um mercado atrativo e potencialmente lucrativo.

Os pulverizadores são equipamentos que sofreram grande influência dos avanços em qualidade e capacidade operacional, sendo considerados hoje como uma das máquinas mais importantes nos sistemas modernos de produção agrícola, como o plantio direto.

Assim como para outros equipamentos, os pulverizadores disponibilizados no mercado de usados representam uma parcela significativa dos produtos vendidos, exigindo, portanto, alguns cuidados especiais na escolha, por parte do comprador, para que o investimento não seja revertido em prejuízo econômico e nem operacional.

Para auxiliar os produtores interessados na compra de um pulverizador usado, o estado de alguns itens importantes deve ser observado. A avaliação destes itens poderá ser feita considerando quatro categorias diferentes, apresentadas a seguir.

São aquelas partes fixas, não ajustáveis e de difícil substituição, que podem apresentar danos ou desgaste por abrasão, corrosão, deformação, ressecamento, empenamento etc. O estado destas partes no pulverizador pode ser avaliado através de observação visual, considerando, quando necessário, os custos para o reparo. No Quadro 1, estão identificados os componentes estruturais e seus possíveis problemas, seguidos de possíveis soluções.

São aqueles componentes que podem ser regulados de acordo com a necessidade operacional. Para estes componentes, a avaliação visual nem sempre é suficiente, sendo necessário, algumas vezes, funcionar a máquina e realizar os ajustes possíveis, observando o resultado operacional de tais regulagens. Tais partes podem ser substituídas com certa facilidade, porém, deve-se considerar um custo provavelmente elevado frente ao valor do equipamento. O Quadro 2 identifica estas partes, seus possíveis problemas, formas de avaliação e soluções.

São aqueles componentes que por ação de desgaste, abrasão, corrosão ou mesmo dano mecânico devem ser trocados com certa freqüência. Estas partes também se caracterizam por apresentar preços relativamente baixos quando comparados com os outros componentes. Além disto, estas peças não permitem reparos, devendo ser descartadas da máquina, quando necessário.

Embora a qualidade destes componentes tenha uma importância operacional extremamente elevada, o seu estado não deve ser considerado como fator fundamental para definir a compra de uma máquina usada, já que os mesmos deveriam ser trocados antes de se utilizar o equipamento, não pondo em risco a eficiência da operação por desconhecimento de sua atual qualidade.

O Quadro 3 mostra estes componentes e a forma de avaliação de seu estado.

Este grupo engloba aqueles componentes ou sistemas que não são fundamentais para o funcionamento do equipamento enquanto estão pulverizando. São, geralmente, dispositivos que aumentam a segurança e facilitam tarefas como o abastecimento, calibração, mistura e operação.

Alguns destes itens podem requerer funcionamento da máquina para avaliar sua operacionalidade, principalmente aqueles que são ajustáveis ou que só têm ação com o equipamento funcionando.

O Quadro 4 mostra estes dispositivos, seus possíveis problemas, formas de avaliação de seu estado e sugestões de correção.

A definição da compra do equipamento, a partir da análise proposta acima, deve considerar a determinação do custo total necessário para recolocar a máquina em um estado satisfatório de uso. Tal custo é obtido somando os custos de materiais e serviços para reparos aos custos de substituição de peças. O valor resultante deve ser acrescido ao valor negociado na compra da máquina, permitindo assim, comparação econômica entre as alternativas existentes e a opção pela mais conveniente.

Além da conveniência econômica, o produtor pode, ainda, optar pela alternativa que requeira o menor tempo para os reparos, podendo adquirir uma máquina, cuja disponibilização ocorra no tempo mais próximo de sua necessidade.

Outro fator importante, que pode anteceder a análise técnica do estado do pulverizador, é a determinação da real necessidade da aquisição do equipamento para a exploração racional da propriedade, já que uma máquina agrícola somente deve ser adquirida quando sua presença se tornar fundamental para a atividade, ou ainda, que seu uso seja economicamente interessante ao empreendimento.

FFALM

FCA/UNESP - Botucatu

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