​Uso correto dos óleos lubrificantes para máquinas agrícolas

Os óleos lubrificantes são fundamentais para manter o maquinário em condições de trabalho

02.06.2016 | 20:59 (UTC -3)


O homem já utiliza processos para a diminuição de atrito há muito tempo. Há relatos de lubrificação em um trenó que pertenceu a Ra-Em-Ka (rei do Egito a.C). Na oportunidade, foi descoberta a utilização de sebos para diminuição do atrito entre o trenó e a superfície de contato, facilitando seu deslocamento. Na Idade Média usava-se a gordura animal para lubrificação dos mecanismos de abertura dos portões que rangiam e também nas rodas de carruagens.


FUNÇÕES DOS ÓLEOS LUBRIFICANTES

O uso de lubrificantes tem como principal função minimizar o contato entre as peças móveis, evitando, assim, maiores desgastes (redução de atrito) e geração de calor (resfriamento do motor) e, além destes benefícios, proporciona limpar o motor e mantê-lo limpo, proteção contra corrosão e formação de ácidos em seu interior, redução de ruídos, auxilia na vedação da câmara de combustão e contribui para diminuição de consumo de combustível.

Os óleos lubrificantes automotivos são básicos minerais obtidos através de destilação ou rerrefino, básicos sintéticos produzidos por reações químicas e compostos ou semissintéticos.

As principais características dos óleos lubrificantes são viscosidade, índice de viscosidade e densidade. A viscosidade caracteriza a resistência de um fluido ao escoamento. Portanto, quanto mais viscoso, mais difícil de escorrer, logo terá uma maior capacidade de permanecer entre as peças. A viscosidade do lubrificante é influenciada pela temperatura. O índice de viscosidade diz respeito à variação da viscosidade em função da temperatura, quanto maior o índice menor será a variação da viscosidade quando submetido ao aumento de temperatura. Já a densidade é a massa de um determinado volume de óleo a uma determinada temperatura e serve como um indicador de contaminação ou deterioração de um lubrificante.

ADITIVOS

Os aditivos são substâncias naturais, modificadas ou sintetizadas adicionados aos lubrificantes, com a função de modificar, fornecer ou ressaltar propriedades dos óleos básicos, a fim de conferir maior eficácia aos lubrificantes. A qualidade do óleo está associada ao nível de aditivação que recebe, sendo os multiviscosos mais aditivados e completos que os monoviscosos. Existem vários tipos de aditivos e os principais são: os abaixadores de ponto de fluidez (que têm a função de diminuir a temperatura de congelamento do óleo, causado pela cristalização das parafinas presentes no mesmo); os agentes de extrema pressão (possuem o papel de evitar o contato metal-metal de superfícies em movimentos relativos quando submetidos a pressões extremas); anticorrosivos (neutralizar os ácidos), antiferrugem, antioxidantes (retardar a oxidação dos óleos lubrificantes), antiespumantes (minimizar a formação de espumas), dispersantes e detergentes alcalinos (impedir a formação de depósitos de produtos de combustão e oxidação); melhoradores do índice de viscosidade (reduzir a tendência de variação da viscosidade com a variação de temperatura); modificadores de fricção (reduzem o coeficiente de atrito, resultando em menor consumo de combustível).

Oléo lubrificante automotivo acabado é igual a composição de um óleo básico + aditivos.

TIPOS DE ÓLEOS LUBRIFICANTES

Existem várias maneiras de se classificar os lubrificantes, podemos classificá-los pela sua origem, pela viscosidade, pelo tipo de motor a serem aplicados, pelo estado físico do lubrificante, por sua densidade e inúmeros outros fatores, por isso, há entidades responsáveis por sua distinção.

Pela necessidade de seguir normas para fabricação de lubrificantes para motores de combustão interna, existem entidades internacionais classificadoras, como a Sociedade dos Engenheiros de Automóveis (SAE), o Instituto do Petróleo Americano (API) e a Associação de Construtores Europeus de Automóveis (Acea). (veja box com as classificações).

Vale lembrar que o rótulo das embalagens dos lubrificantes sempre traz a especificação do tipo de óleo contido e que no manual da máquina há a indicação do lubrificante correto quanto à viscosidade (SAE) e ao desempenho (API). Os lubrificantes recomendados passam por vários testes pelos fabricantes de sua máquina até a escolha do ideal e, por isso, há a necessidade do uso do lubrificante indicado.

MANUTENÇÃO DOS LUBRIFICANTES

A manutenção nos motores principalmente relacionada à lubrificação, quando realizada no momento correto, traz benefícios à máquina, porém, é necessário realizá-la de três formas distintas, de modo a propiciar o melhor desempenho.

A manutenção pode ser realizada semanalmente de forma preventiva ou a cada 50 horas de trabalho, mensalmente, ou a cada 250 horas, semestralmente, ou 500 horas, anualmente, ou a cada mil horas trabalhadas. Portanto, atua de acordo com uma periodicidade, por exemplo, a troca de óleo lubrificante do motor em função do período estipulado de uso pelo fabricante. Ela pode ser de forma a executar a correção de uma falha, geralmente realizada a partir do momento que se verifica um problema e precisa de uma rápida intervenção para que a máquina esteja liberada brevemente para execução das operações. Estas falhas podem ser, por exemplo, perda de óleo lubrificante por dano ao componente de condução do óleo (mangueira hidráulica), como vazamento. Outra forma de manutenção é a preditiva, que é realizada através do monitoramento das condições químicas e físicas do lubrificante, observando a presença de contaminação por moléculas de água, amônia e/ou presença de partículas ferrosas na amostra.

As vantagens das manutenções periódicas, corretiva e, principalmente, preditiva realizadas de forma correta serão o menor custo de manutenção, economia de lubrificantes, vida útil dos componentes ampliada, redução dos custos de material de reposição, maior disponibilidade dos equipamentos, controle e análise do desgaste de equipamentos.

ROTINAS NO USO DE ÓLEOS LUBRIFICANTES

Algumas rotinas são essenciais para manter a qualidade do lubrificante e, consequentemente, do resultado da sua aplicação. Uma destas rotinas é a verificação do nível do óleo do maquinário a cada dez horas, observando se o nível está na faixa segura de trabalho, isto deve ser feito com o veículo em um terreno plano, com motor desligado e de preferência com o motor frio. Quando durante as aferições apresentar nível abaixo da faixa recomendada, indica um vazamento ou um alto consumo da máquina e, então, se deve rapidamente atuar na correção.

A troca do óleo deve ser feita de acordo com as especificações do fabricante juntamente com as exigências descritas no manual da máquina e deverá ocorrer de acordo com o tempo de serviço estipulado pelo fabricante de máquinas automotrizes como tratores, colhedoras e pulverizadores. O não seguimento desta periodicidade indicada pode implicar em uma série de riscos, pois à medida que o lubrificante vai ficando senil, sua característica química vai sendo alterada e o seu prolongado uso poderá acarretar danos aos sistemas do motor que implicará na elevação dos custos com manutenção. O uso continuado do lubrificante aumentará a sua viscosidade principalmente pelo acúmulo de produtos insolúveis.

PROCEDIMENTO DE TROCA

DO ÓLEO DO MOTOR

A extração deve ser feita com a máquina automotriz em terreno plano, desligada e de preferência após o motor ter atingido o ponto de temperatura normal de trabalho, pois o óleo quente escorre facilmente. Deve-se aguardar dez minutos para que haja o máximo de remoção antes da reposição. Existe outro método que consiste em utilizar bombas de sucção pela vareta de verificação do nível do óleo, porém, este processo tem a problemática da não remoção total. A troca deve ser feita por um óleo das mesmas características e de preferência da mesma marca, pois a utilização com diferentes níveis químicos pode promover reações químicas que acarretarão em desgastes, corrosões, oxidações, trazendo malefícios ao motor ou componentes orgânicos.

CONSUMO DE ÓLEO

O consumo de óleo lubrificante está diretamente relacionado com o regime de trabalho e com a forma como o motor foi trabalhado no início do seu funcionamento, período denominado de amaciamento. Quando um motor foi bem amaciado, é proporcional a potência utilizada, desta forma, quanto maior a exigência do motor maior será o consumo tanto de óleo diesel como dos lubrificantes. Portanto, atenção especial para o período inicial do motor até seu amaciamento será o fator que resultará em economia ao longo da vida útil do motor.

DETALHES IMPORTANTES

Observar alguns detalhes é de fundamental importância para garantir a proteção da máquina. O óleo lubrificante deverá ser o de melhor qualidade e conforme recomendação do fabricante. A maneira correta de verificação do nível de óleo é primordial e deverá ocorrer com o trator nivelado, diariamente antes do funcionamento e não deverá ser completado quando o nível estiver entre as marcas de máximo e mínimo. O consumo maior de óleo nas primeiras 100 horas é normal durante o amaciamento, porém, cada máquina apresenta um nível aceitável de consumo.

Em relação ao amaciamento do trator, nas primeiras 100 horas o motor deverá trabalhar com carga - até 75% da sua capacidade - e com rotação baixa, utilizando a rotação nominal especificada para cada modelo, e preocupação especial com a escolha do implemento adequado a sua capacidade. O trator não deverá trabalhar com serviços leves durante o amaciamento.

O amaciamento do motor consiste em tornar as engrenagens as mais perfeitas possíveis e nas máquinas agrícolas é diferenciado dos outros veículos automotivos. Muitos pensam que amaciar é imprimir de início baixa rotação, quando, na verdade, a máquina necessita de uma alta rotação. A máquina deve ser submetida a trabalhos com implementos que exijam elevada potência como o preparo inicial de um solo, pois assim permite-se que o trator tenha uma contínua exigência de torque. O tempo mínimo é de 50 horas de trabalho, podendo ser estendido para 200, ressaltando que, se for estendido, devem ser realizados trabalhos mais leves e a primeira troca de óleo e filtro deve ser com até 100 horas.

Outro fator a ser analisado é referente ao dimensionamento do implemento, onde se leva o trator a uma velocidade denominada como crítica, relacionando implemento, velocidade e força do trator. Há outros cuidados que devem ser observados, como ao transitar escolher marchas mais leves. Outro método de amaciamento é por meio dos freios dinamômetros, onde estes são ligados com a tomada de potência permitindo que se transmitam cargas intensas ao motor durante todo o período de amaciamento, que dura em torno de dez horas de trabalho. Este método é bastante vantajoso por ser possível controlar as quedas de rotação em intervalos programados de 200rpm. Portanto, amaciar o motor nas primeiras horas de vida útil de maneira adequada significa obter maior custo-benefício e maior longevidade da máquina.

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