Alternativas de produção em terras baixas são apresentadas durante Dia de Campo da Embrapa e do Irga

​Mais de 170 pessoas participaram do Dia de Campo Regional Convênio Embrapa-Irga, realizado nos campos experimentais da Embrapa pecuária Sul, em Bagé (RS)

04.03.2016 | 20:59 (UTC -3)
Fernando Gross

Mais de 170 pessoas participaram do Dia de Campo Regional Convênio Embrapa-Irga, realizado nos campos experimentais da Embrapa pecuária Sul, em Bagé (RS), nesta sexta-feira (04/03). No evento foram apresentadas alternativas de produção em terras baixas, áreas que geralmente são ocupadas com a cultura de arroz. Para a Chefe-adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pecuária Sul, Estefania Damboriarena, um dos objetivos do trabalho desenvolvido em conjunto com o Irga é identificar e formular estratégias de integração entre lavoura e pecuária em terras baixas. Já o presidente do Irga, Guinter Frantz, salientou que o convênio com a Embrapa é importante para fortalecer a pesquisa pública, sempre tendo com meta aumentar a rentabilidade do produtor.

No Dia de Campo foram apresentados resultados de diferentes experimentos em terras baixas em sete estações, apresentando temas como variedades e cultivares de arroz, Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e melhoramento genético. Uma das estações da Embrapa Clima Temperado abordou o melhoramento genético do arroz, que vem sendo realizado em parceria histórica com o Irga desde 1979. O pesquisador Ariano Magalhães apresentou duas cultivares já lançadas pela Embrapa, a BRS Pampa, de ciclo precoce e considerada arroz de grão nobre, e a BRS Pampeira, de ciclo médio. Também foram apresentadas outras quatro linhagens em pré-lançamento, com diferentes ciclos e características, como maior tolerância a brusone e escassez hídrica e maior número de grãos por panícula. Já a estação do Irga, que também abordou os trabalhos de melhoramento genético do grão, foram mostradas na vitrine, pelo melhorista Daniel Waldow, seis diferentes variedades que vêm sendo testadas em diferentes regiões do estado, buscando adaptação aos distintos climas e solos e seus respectivos rendimentos de grãos. Tais ensaios são uma exigência prévia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para se aprovar uma nova cultivar. Além destes materiais, o Irga trouxe outras três cultivares recentemente lançadas, o Irga 424 RI (2ª geração), Irga 429 e Irga 430.

A estação sobre o capim-sudão BRS Estribo, apresentada pelo pesquisador da Embrapa Pecuária Sul Danilo Sant´Anna, buscou enfatizar os principais aspectos da implantação e manejo desta cultivar e como ela se insere nos sistemas de produção. O pesquisador destacou o pastejo contínuo que, com o gado permanentemente na área, e com ajustes de carga, busca-se manter uma altura-meta de 30 cm. “Esse padrão não exige entrada e saída e alturas específicas, por isso é mais fácil de ser mantido pelo produtor do que o rotacionado, e permite que consigamos produzir mais folhas, melhorando o desempenho dos animais, que podem chegar até a 1,1 kg/dia de ganho de peso ao longo de todo o período de pastejo”, explica. Outro aspecto importante é podermos introduzir pastagem e animais no mesmo ciclo das lavouras de verão e não só no inverno, como normalmente fazem. “São ciclos diferentes que ajudam no controle de invasoras, no aumento da fertilidade das áreas, e por fim estabilização de oferta de forragem entre inverno e verão, que garantem forragem 365 no ano e depósito de gordura”, explica o pesquisador.

Outra estação coordenada pela Embrapa Pecuária Sul e apresentada pelo pesquisador Gustavo Martins da Silva e pelo analista Marcelo Pilon, tratou da integração entre lavoura de arroz e pastagens de leguminosas de inverno numa mesma área. No local foi cultivado trevo-branco durante o inverno e após arroz, e no período que a leguminosa estava estabelecida foram colocados animais para pastejar. Na média, houve um ganho de peso de 0,62 kg/dia por animal e depois de setembro as forrageiras foram dessecadas para o cultivo do arroz. Dados preliminares mostram que a utilização da leguminosa não prejudicou produtividade do arroz. Segundo Gustavo Martins da Silva, além de aumentar a renda do produtor, a integração traz outras vantagens para o sistema, como a fixação biológica de nitrogênio, um processo natural da leguminosa.

Em outra estação, o Irga apresentou a importância da utilização de sementes certificadas para lavouras de arroz. De acordo com Juliano Brum de Quevedo, responsável pelo 24º Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural do Irga, a semente é o principal insumo para uma lavoura, por isso a necessidade de utilizar produtos certificados e de qualidade. Características genéticas de cultivares, por exemplo, somente se expressam em sua plenitude quando as sementes utilizadas são puras e com garantia de procedência. Já a pesquisadora do Irga Flávia Miyuki Tomita, ressaltou que a instituição fiscaliza atualmente 18 mil hectares de produção de sementes de arroz. “Atuamos em duas frentes, uma em campo e outra em laboratório, e para a certificação são observadas as normas legais, como a inexistência de invasoras proibidas como sementes de arroz vermelho”, disse a pesquisadora.

A utilização do método de camalhão de base larga foi o tema da estação coordenada pela Embrapa Clima Temperado e apresentada pelo pesquisador Júlio Centeno da Silva. Segundo o pesquisador trata-se de uma técnica de preparação de solo que já é utilizada há muito tempo, especialmente na Europa. O camalhão de base larga consiste em preparar a terra de forma ondulada, do centro para as laterais, onde estão os drenos. Isso permite a utilização de outras culturas no verão em terras baixas, além de arroz, por não deixar o solo ficar alagado. “E no inverno possibilita também a utilização dessas áreas para o cultivo de pastagens, evitando que o solo fique encharcado e propiciando a utilização da área para alimentação animal”, ressaltou o pesquisador. Por fim, a sétima estação foi conduzida pela empresa RiceTec que apresentou as novas variedades de arroz híbrido que disponibiliza para os produtores.

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