Arrozeiros lideram iniciativas de melhoria de estradas rurais

Associações de produtores se mobilizam para recuperar corredores por onde escoam a safra

03.04.2017 | 20:59 (UTC -3)
Nestor Tipa Júnior

Preocupados com as condições de escoamento da safra que vem sendo colhida no Rio Grande do Sul, os arrozeiros gaúchos estão se mobilizando para melhorar as estradas rurais dos municípios produtores de arroz. As associações locais vem buscando junto ao poder público parcerias e convênios com o objetivo de reformar a malha viária, que na maioria das vezes é de terra e sem asfalto. As ações também trazem impactos positivos para as comunidades que vivem no campo.

Em Uruguaiana, na Fronteira Oeste do Estado, um convênio capitaneado pela Associação dos Arrozeiros do município e o Sindicato Rural com a prefeitura da cidade deu início a um trabalho de recuperação das estradas vicinais. Ainda no início, já foi recuperada uma pequena parcela de um total de 1,4 mil quilômetros de estradas de terra no território uruguaianense. "Neste momento estamos fazendo em outros pontos uma operação tapa-buraco com o apoio dos produtores. Após isto, vamos patrolar de fora a fora e trabalhar para manter as estradas em boas condições", explica o presidente da Associação dos Arrozeiros de Uruguaiana, Roberto Ghigino.

Neste convênio, os produtores repassaram R$ 30 mil para auxiliar na recuperação das estradas rurais. Foram disponibilizadas uma patrola, uma retroescavadeira e duas caçambas que estão cedidas ao executivo para as obras. Ghigino salienta que os produtores estão mobilizados a atuar fortemente na reforma das estradas. "Os produtores estão motivados a ajudar, pois perceberam a mudança de postura dos novos representantes na prefeitura", observa.

Em Alegrete, também na Fronteira Oeste gaúcha, um projeto de recuperação das estradas rurais já vem sendo trabalhado pela associação local. O município tem no arroz cerca de 20% da composição do Produto Interno Bruto (PIB). A presidente da Associação dos Arrozeiros de Alegrete, Fátima Marchezan, afirma que muitos produtores localizados nos corredores colocam suas próprias máquinas à disposição para melhorar as condições das estradas de forma que os caminhões possam trafegar e escoar a produção.

A dirigente lembra também que foi aberto um canal de diálogo com a prefeitura do município e que o próximo passo é montar grupos de produtores para elaborar trabalho conjunto de planejamento por região. Fátima afirma que a ideia é que se utilize nas obras material excedente de dentro dos reservatórios. "Isso pode beneficiar o produtor, aumentando a capacidade de reservar água na propriedade. E também tem material gratuito ao longo das estradas, não gerando custos ao município, deixando o mesmo à disposição para o encascalhamento destas estradas", informa.

A presidente da Associação dos Arrozeiros de Alegrete reforça também que as melhorias visam beneficiar as comunidades rurais. "Os ônibus escolares muitas vezes não conseguem trafegar nos corredores pois atolam, correm o risco de virar e ficar parado esperando horas para alguém rebocar, especialmente em dias de chuva. Estas melhorias vem a favorecer a todos que utilizam as estradas rurais", completa.

O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Henrique Dornelles, avalia que as medidas tomadas pelas associações de arrozeiros locais ocorrem especialmente por causa da demora de resposta dos agentes políticos em solucionar a questão das estradas rurais, que são um dos principais gargalos pós colheita. "Os produtores de arroz estão ajudando como podem e isto é algo que os governos têm abandonado quando falamos de infraestrutura. A grande maioria das lavouras não está no eixo asfaltado, ficando em estradas não pavimentadas", enfatiza.

Dornelles lembra também que ha uma preocupação no transporte em segurança das crianças que estudam em polos educacionais rurais. Outra questão levantada pelo dirigente é que há dificuldades de contratação de mão de obra para os trabalhos rurais em razão dos problemas de acesso em determinadas localidades do interior dos municípios, "Os problemas de logística não estão ocorrendo somente no Brasil Central, mas também no Rio Grande do Sul, só que de forma pulverizada", reforça.

Na tentativa de contribuir com os executivos municipais, produtores estão ainda doando diesel, alimentação, hospedagem e compra de peças para tornar mais eficiente o trabalho das equipes das prefeituras que estão operando à grandes distâncias dos centros urbanos.


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