Avanço da mosca-branca nas lavouras preocupa produtores e pesquisadores

Incluído pelo Ministério da Agricultura na relação de pragas de maior risco sanitário, inseto era considerado “coadjuvante” até há pouco tempo

08.03.2016 | 20:59 (UTC -3)
Fernanda Campos

Em pouco tempo, a chamada mosca-branca evoluiu de uma coadjuvante a percevejos e lagartas para uma das mais temidas pragas das lavouras do País. Esse inseto, que nas principais regiões agrícolas pode ser visto a olho nu nos para-brisas de automóveis, passou a atacar com voracidade às lavouras de algodão, feijão, soja, hortaliças e frutas em geral.

Incluída no ano passado, pelo Ministério da Agricultura, na lista das pragas consideradas de maior risco sanitário, e com potencial para provocar prejuízos econômicos, a mosca-branca, ou Bemisia tabaci, já atormenta este ano produtores de algodão de Mato Grosso, no início da safra, devido ao registro de condições climáticas favoráveis à proliferação da praga: chuvas fortes seguidas de estiagem.

Na sojicultura, segundo estimativas de pesquisadores e entidades do agronegócio, a ocorrência da mosca-branca, somada à da ferrugem asiática, já trouxe nos últimos anos prejuízos da ordem de US$ 25 bilhões aos produtores brasileiros.

De acordo com especialistas, nos dias de hoje a mosca-branca pode ser considerada um problema maior aos produtores, na comparação com a ferrugem e até mesmo com a Helicoverpa, a lagarta que até há pouco ocupava as manchetes do noticiário do agronegócio.

O engenheiro agrônomo e entomologista Fábio M. Andrade Silva, da equipe de pesquisadores da DuPont, assinala que nos últimos cinco anos a população da mosca-branca aumentou representativamente. Anteriormente, diz o especialista, a praga era restrita às regiões mais quentes. “Hoje ela está presente em diferentes áreas: Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso e até no Estado de São Paulo, nas culturas de soja, algodão, feijão, batata, tomate, minor crops e outras", observa.

Fábio Andrade explica que os danos causados pela mosca-branca decorrem da liberação de uma substância açucarada no exato momento em que a praga se alimenta da planta e extrai a seiva.

“Essa substância cai na superfície da folha e permite o desenvolvimento de um fungo conhecido como fumagina, que por sua vez impede a fotossíntese e o crescimento da planta, podendo causar a morte desta, a depender do estágio em que a cultura se encontrar no momento da ação da praga", acrescenta o pesquisador. Fontes do setor atestam que a perda na lavoura pode chegar a 100%.

A Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – e outros órgãos do agronegócio têm divulgado com frequência recomendações técnicas para controle da mosca-branca, entre as quais se destacam o uso de inseticidas e de cultivares adaptadas, o plantio de mudas sadias, a limpeza da lavoura e a adoção do vazio sanitário.

Nova tecnologia – Nos últimos dias, a DuPont Brasil Proteção de Cultivos obteve registro oficial para aplicação do inseticida Benevia no controle da mosca-branca e de outras pragas, em 30 culturas agrícolas.

O entomologista Fábio M. Andrade Silva explica que essa nova tecnologia foi desenvolvida com base em uma molécula química de última geração, cujo ingrediente ativo é o Ciantraniliprole. “Benevia representa um avanço importante, pois constitui uma tecnologia de ruptura, com um modo de ação único para controlar insetos sugadores, além de diferenciado na comparação com inseticidas tradicionais", complementa o pesquisador.

“O produto age com eficácia sobre as diferentes fases de ninfa e sobre os insetos adultos da mosca-branca. Ao paralisar a alimentação da praga, Benevia impede ao mesmo tempo que vírus sejam transmitidos às plantas", continua Fábio Andrade.

A recomendação da DuPont é aplicar Benevia tão logo seja constatada a presença de insetos adultos nas lavouras. O número máximo de aplicações prescrito pela companhia é de duas, exceto nas culturas de algodão e feijão, nas quais são indicadas três pulverizações. A segunda aplicação deve ser feita de sete a 14 dias após a primeira. A dose indicada, dependendo da cultura, varia de 500 ml a 750 ml por aplicação.

Segundo a DuPont, Benevia é um agroquímico de classe IV (faixa verde), de baixa toxicidade, alta potência inseticida e seletivo aos inimigos naturais da mosca-branca e de outras pragas. A comercialização de Benevia no Brasil, diz a empresa, terá início logo após a obtenção dos cadastros estaduais.

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