Brasil ancora pesquisa científica global sobre qualidade industrial de vestimentas de proteção a agroquímicos

Diretriz do trabalho foi definida há pouco, em reunião da ISO nos EUA, após a apresentação de um estudo coordenado por especialista brasileiro

13.04.2018 | 20:59 (UTC -3)
Fernanda Campos

Uma cabine de testes adaptada por cientistas brasileiros, com a finalidade de simular aplicações de agroquímicos feitas manualmente pelo trabalhador rural, tornou-se peça-chave na conclusão de uma pesquisa supervisionada pela entidade certificadora ISO – International Standartization Organization. Montado na cidade de Jundiaí (SP), o equipamento permite a pesquisadores da área avaliar parâmetros de segurança e qualidade observados na indústria de vestimentas de proteção a agroquímicos.

A decisão de concentrar esse estudo no Brasil foi tomada agora há pouco, na reunião anual global da ISO que ocorre até amanhã na cidade de Atlanta (EUA), logo após a apresentação de um trabalho do pesquisador brasileiro Hamilton Ramos. O cientista defende que a ISO Internacional altere critérios, hoje validados por diversos países, para conceder certificados de qualidade a produtos da indústria de vestimentas protetivas.

“O padrão de qualidade empregado na fabricação de uma vestimenta de proteção define o maior ou o menor risco de exposição de um trabalhador aos agentes químicos da pulverização agrícola, daí a importância de a pesquisa científica evoluir continuamente na proteção da mão de obra rural”, ressalta Ramos.

Pesquisador científico do Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (CEA/IAC), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Ramos coordena no Brasil o Programa IAC de Qualidade de Equipamentos de Proteção Individual na Agricultura (Quepia). Ele é também membro do Comitê Mundial da ISO.

“Nossa proposta visa a aprimorar testes que determinam a quantidade da calda de agroquímicos retida por uma vestimenta. Outros pontos dizem respeito à avaliação da permeabilidade de tecidos utilizados na indústria, bem como à eficácia de tais tecidos no sentido de impedir a penetração de agentes químicos”, exemplifica Ramos.

Segundo ele, após a reunião de Atlanta, cientistas de países signatários de normas da ISO enviarão ao Brasil amostras de vestimentas comercializadas nesses mercados. Os produtos serão submetidos a ensaios de qualidade seguindo a metodologia em estudo na cabine de testes do Programa Quepia.

O resultado desse trabalho, acrescenta Ramos, será depois comparado ao de ensaios que ficaram sob responsabilidade do Japão, país que coordena a revisão da metodologia hoje empregada pela ISO nas certificações de vestimentas protetivas. Outros cinco países se unirão a Brasil e Japão na avaliação dos resultados gerais da pesquisa e na elaboração das conclusões do estudo, prevista para o final deste ano.

“Estamos confiantes de que ao final desses estudos um novo critério de amplitude global, para aprovar ou reprovar a qualidade de vestimentas protetivas, venha a ser adotado pela ISO”, conclui Ramos.

Criado há 11 anos, o Programa Quepia une o Centro de Engenharia e Automação do IAC-SP ao setor privado. A iniciativa tem como metas desenvolver e certificar materiais para a proteção da saúde do trabalhador rural, e atribuir o selo IAC de Qualidade a fabricantes do setor que atendem a normas nacionais e internacionais de proteção e segurança.

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