Coleta de resíduos no campo melhora qualidade de vida

Projeto que oferece coleta de resíduos e assistência técnica a propriedades produtoras de tabaco resulta na redução de 98,2% de materiais estranhos na mercadoria final.

29.09.2017 | 20:59 (UTC -3)
Fernanda Dreier

De 2016 para 2017 a Japan Tobacco International (JTI) conseguiu reduzir em 98,2% a incidência de materiais estranhos no tabaco (NTRM) através de um projeto que estabelece o recolhimento de lixo seco nas propriedades rurais integradas à empresa. O projeto pioneiro Pensar no Futuro é Agir no Agora é uma iniciativa da unidade localizada na cidade de Santa Cruz do Sul (RS), importante núcleo da agroindústria fumageira do Brasil, situada na região que em 2016 foi responsável por mais de 99% dos embarques para exportação, o equivalente a US$ 2,09 bilhões e 481 mil toneladas.

Com o objetivo de estimular práticas sustentáveis e de atender uma demanda não realizada pelas prefeituras de muitas localidades do interior dos três estados da Região Sul (RS, SC e PR), o projeto piloto realizado com 1.027 famílias produtoras de tabaco recolheu, em 2016, 59.465 Kg de lixo reciclável. Deste volume, 12% de vidro, 7% papelão, 35% metal, 40% plástico e 6 % eram outros tipos de resíduos recicláveis. A iniciativa surgiu quando as equipes de campo da indústria foram desafiadas a sugerir ideias para minimizar a incidência de NTRM (Non Tobacco Related Material), ou seja, presença de materiais estranhos que podem contaminar o tabaco.

De lá para cá o resultado é a redução de 98,2% de NTRM na mercadoria final, o que implica em praticamente total aproveitamento e por consequência em uma grande valorização do produto. É por isso que em 2017 o projeto base alcançará 42,9% do total de produtores integrados à JTI, o que equivale a 5.427 famílias.

Neste cenário estima-se que 250 toneladas de resíduos sejam coletadas. "Vimos através dos resultados positivos uma oportunidade de, além de reduzir possíveis geradores de NTRM, favorecer a reflexão sobre a responsabilidade do destino correto de resíduos e de disseminar práticas que minimizem impactos no meio rural", conta Danieli Schaurich, uma das coordenadoras do projeto. As primeiras coletas estão agendadas para outubro.

Iniciativa valoriza a qualidade de vida das famílias agricultoras

Uma preparação interna que engloba logística, confecção de materiais e seleção de fornecedores para coleta de resíduos antecede a ida às propriedades. Feito isso, entram em cena os orientadores agrícolas, supervisores responsáveis por acompanhar o andamento do projeto no campo, informar, orientar e tirar dúvidas do produtor em relação à separação do lixo e reciclagem.

Segundo Danieli, os produtores sentem-se valorizados por ter para onde encaminhar estes resíduos que antes, por falta de opção, ficavam por tempo indeterminado nas propriedades, causando situações indesejadas até mesmo por ser queimado ou enterrado. O objetivo da empresa é que com os resultados positivos em saúde e qualidade de vida no campo, a iniciativa possa mobilizar e gerar também o engajamento de prefeituras municipais para um olhar mais atento a estas localidades.

Os resíduos são recolhidos por empresas certificadas para atender este serviço e todo o processo é supervisionado pelos orientadores agrícolas. O Pensar no Futuro é Agir no Agora participa de uma competição global - de projetos sobre saúde e segurança, proteção ao planeta e apoio às comunidades - da multinacional e está entre os 13 finalistas que se apresentam em uma convenção em Barcelona, no mês de outubro.

EXPORTAÇÃO DE TABACO

O tabaco é o 6º na pauta do agronegócio brasileiro. O País é responsável por aproximadamente 30% dos negócios mundiais do produto, disputados por 90 países. Em 2016, foram 483 mil toneladas e US$ 2,12 bilhões exportados, sendo a Região Sul responsável por mais de 99% dos embarques (US$ 2,09 bilhões e 481 mil toneladas).

Apesar de o primeiro semestre ter fechado com queda de -15% nas exportações brasileiras de tabaco, pesquisa conduzida pela PriceWaterhouseCoopers e encomendada pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) aponta uma tendência de recuperação até o final do ano, quando deverão ser embarcadas de -2% a +2% de tabaco em folha, tanto em dólares como em volume, em relação ao ano passado.

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