Estudo do Imea mostra que é viável investir em etanol de milho em Mato Grosso

Agregar valor à produção mato-grossense de milho por meio da geração do etanol é viável nos aspectos econômico, social e ambiental.

14.09.2017 | 20:59 (UTC -3)
Assessoria Famato

Agregar valor à produção mato-grossense de milho por meio da geração do etanol é viável nos aspectos econômico, social e ambiental. Essa é a conclusão do estudo dos Clusters de Etanol de Milho elaborado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), entidade da Famato, a pedido da Aprosoja Mato Grosso e do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras (Sindalcool-MT). Os resultados foram apresentados durante uma coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (12/09) em Cuiabá.

“Não é novidade para ninguém que nosso estado tem vocação agrícola e é o maior produtor de milho do Brasil, mas apenas 15% do que produzimos fica em Mato Grosso. Temos que mudar essa realidade porque a exportação de matéria-prima nem sempre é sinônimo de renda. Nosso papel é atrair e induzir investimentos para que consigamos industrializar nossos produtos, gerando emprego e renda para o estado e melhores preços para o produtor rural”, comenta o presidente do Sistema Famato Normando Corral.

O estudo foi realizado entre os anos de 2016 e 2017, quando os analistas do Imea percorreram mais de 3 mil quilômetros, visitaram 11 municípios mato-grossenses, seis usinas de etanol e entrevistaram 70 pessoas. O trabalho contou com a parceria técnica da Stracta Consultoria e da Agroícone.

O gestor de Projetos do Imea Paulo Ozaki coordenou o trabalho e explica que, para chegar às conclusões, o estudo abrangeu todas a cadeias que permeiam o cluster. “Estudamos todas as cadeias e instituições que podem estar envolvidas no processo. Conversamos com produtores de milho, de eucalipto, cana-de-açúcar, com pecuaristas, falamos com instituições públicas, entidades de classe e investidores”, explica.

Para fazer a análise da viabilidade da produção de etanol a partir do milho, o Imea dividiu o estado em sete macrorregiões, de acordo com a produção agrícola e pecuária. Foram adotados modelos de negócios e realizadas análises de mercado do milho, da produção de carnes, da evolução da frota automobilística, da produção de etanol, de florestas plantadas para, enfim, chegar às análises dos clusters. “Fizemos essa divisão para que a tomada de decisão seja segura, afinal cada região tem sua particularidade. Evitando, assim, investimentos infundados que não se sustentem ao longo do tempo”.

Para o conselheiro consultivo da Aprosoja Glauber Silveira, a produção do etanol do milho em Mato Grosso é importante tanto para o produtor, quanto para a sociedade e o Governo do Estado. “Este estudo deixa claro que é viável investir no setor e nos norteia em orientar melhor o produtor em qual modelo seguir e onde investir”.

O presidente do Sindalcool, Sílvio Rangel, diz que este estudo cria uma ferramenta importante para quem vai investir no estado e principalmente para a agregação de valor em produtos in natura dentro de Mato Grosso.

Resultados – Para a análise da viabilidade econômica foram utilizadas duas ferramentas para expressar a viabilidade financeira de investimentos: a Taxa Interna de Retorno (TIR) e o Valor Presente Líquido (VPL). Para calcular o período de retorno de investimento foi utilizado o método chamado “Payback”. 

Com as análises em mãos e levando em conta que a demanda por combustíveis no Brasil aumentará assim como a oferta e a demanda por milho em Mato Grosso, o estudo mostra que na região médio-norte do estado apenas dois modelos de usinas seriam interessantes: as “mini-usinas” e as “grandes usinas Full”.

Na região sudeste todos os modelos de negócio seriam bem aceitos. As regiões oeste e centro-sul comportariam melhor grandes investimentos. E as regiões noroeste, norte e nordeste, por serem áreas de expansão, só comportaria grandes investidores.

Para cada modelo de negócio nas regiões foram feitas análises de viabilidade econômica levando em consideração os investimentos, as operações e os custos. Uma usina Full na região médio-norte, por exemplo, necessitaria de um investimento de aproximadamente R$ 450 milhões. O retorno se daria a partir do sexto ano, com Valor Presente Líquido (VPL) de R$ 472 milhões com uma Taxa Interna de Retorno (TIR) de 27,3%.

Um resultado determinante para a implementação de uma usina de etanol é a avaliação do break-even point (ponto de equilíbrio) do milho. Os valores encontrados nos modelos avaliados variaram entre R$ 26,00 e R$ 36,00/saca de acordo com o tipo do modelo empregado e a macrorregião. No modelo Usina Full na região médio-norte, por exemplo, a saca do milho pode custar até R$ 35,00 que haverá viabilidade, considerando o etanol a R$ 1,98 o litro. 

Outro resultado importante é o ponto de equilíbrio do etanol. Para ser viável, o break-even point para o preço do etanol pago à usina oscila entre R$ 1,30 a R$ 1,77/litro. 

Viabilidades social e ambiental – A instalação de uma usina de etanol contribui na geração de empregos diretos, indiretos e induzidos. A cada emprego direto, o setor cria outros 14 empregos indiretos e mais 10 induzidos. “Se levarmos em consideração uma usina Full de milho, que gera 87 empregos diretos, o empreendimento tem o potencial de criar mais de 2.000 mil empregos indiretos ou induzidos, impactando positivamente o município”, acrescenta Ozaki.

Em relação aos impactos ambientais, fica claro que o desenvolvimento do setor pode mudar o uso da terra e, consequentemente, reduzir as emissões de CO2, mitigando em quase 70% a quantidade de Gases do Efeito Estufa (GEE) emitidos atualmente, conforme o local onde a usina for instalada.

“Concluímos que são diversos os impactos positivos para o desenvolvimento socioeconômico de Mato Grosso, visto que a integração das cadeias produtivas, por meio dos clusters, movimenta a economia com a geração de empregos, arrecadação para o Estado e, consequentemente, o desenvolvimento para a sociedade. Mas para alcançar esse resultado será necessário o envolvimento de todos os poderes e setores, isto é, a participação do Estado, do setor privado e da sociedade civil organizada”, afirma o superintendente do Imea, Daniel Latorraca.

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