Experiência com lavouras expositivas se consolida como estratégia de desenvolvimento de mercado com resultados animadores

O projeto Lavouras Expositivas, desenvolvido em parceria pela Fundação Meridional e pela Embrapa, vem se consolidando como uma importante ferramenta de desenvolvimento de mercado para as cultivares de soja

06.09.2017 | 20:59 (UTC -3)
Lebna Landgraf com informações de Pedro Livoratti

O projeto Lavouras Expositivas, desenvolvido em parceria pela Fundação Meridional e pela Embrapa, vem se consolidando como uma importante ferramenta de desenvolvimento de mercado para as cultivares de soja. Nos últimos dois anos, ampliou-se significativamente o número de lavouras expositivas nos Estados do Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo, saltando de 60, na safra 2015/2016, para quase 1000 áreas, na safra 2016/2017. 

 O diretor-presidente da Fundação Meridional, Josef Pfann Filho, explica que esta expansão só foi possível a partir da parceria estabelecida com a Embrapa, que disponibilizou boa parte das sementes para as áreas demonstrativas. “Com este acordo, os custos não aumentaram muito em relação à safra a safra 15/16, porém com uma ampliação expressiva de locais, aumentando em torno de 1000% a quantidade de lavouras”, comenta Pfann. 

 O objetivo da campanha é aproximar agricultores, técnicos e pesquisadores, para que juntos possam acompanhar a performance das novas cultivares de soja BRS em relação às principais variedades do mercado.  “Esse é um trabalho de parceria que fizemos para voltarmos a ter participação significativa no mercado”, relata o chefe de transferência de tecnologia da Embrapa Soja Alexandre Cattelan. “Agora que estamos com a genética da Embrapa batendo recordes de produtividade, percebemos que o produtor não conhecia as novas cultivares. Avaliamos como positiva a campanha, porque percebemos que houve aumento na demanda pelas novas sementes”, comemora Cattelan. 

 Avaliação positiva- A metodologia para transferência de tecnologias vem conquistando os coordenadores regionais e os agricultores do Paraná, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo, principalmente porque permite realizar comparações e observar o desempenho das cultivares nas diversas condições de ambiente.  Para o coordenador da região dos Campos Gerais (Paraná), Celso Luiz Nima Junior, o projeto possibilita uma visão ampla sobre produtividade, adaptação e rendimento das cultivares, além proporcionar um marketing efetivo, permitindo um contato pessoal do agricultor com a cultivar apresentada. “Consideramos que este é um trabalho que fideliza o produtor, divulgando o serviço e o produto”, define Nima.

 Segundo o coordenador da região oeste do Paraná, José Rafael S. de Azambuja, o agricultor responsável pela condução das áreas se torna um aliado, um divulgador estratégico do material apresentado. "Com este tipo de inovação, certamente haverá uma forte geração de demanda para estas novas cultivares BRS, que tem apresentado resultados muito bons nas últimas safras", afirma o engenheiro agrônomo, que também é responsável pela condução de ensaios com linhagens da Embrapa, na região de Cascavel-PR. 

 O coordenador do projeto em Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e nas regiões Norte e Sudoeste de São Paulo, Gilberto Vieira Pimentel Filho,  diz ser importante o agricultor poder mensurar exatamente quanto produz. “É possível visualizar dentro da realidade de cada região, inclusive em comparação com as cultivares comerciais”, resume.  Para o coordenador das regiões sudoeste do Paraná e oeste de Santa Catarina, Luiz Tarcísio Behm, o maior atributo deste projeto é facilitar o acompanhamento e o desenvolvimento da variedade no campo, com uma área expressiva, atestando rendimento, produtividade, sanidade e manejo. “Sem dúvida, o que vale é a exposição do material, além de poder confrontar resultados”, afirma. Para o técnico, o projeto ainda gera um impacto regional, atingindo um grande número de produtores rurais, parceiros, cooperativas e revendedores.  

 Paraná - O responsável técnico da Agrobrasil, de Marechal Cândido Rondon (PR), Mauro Valério Stachelski, elogiou a performance da BRS 388RR, cultivada em 20 propriedades, que compreendem uma área aproximada de 500 hectares de testes, nos municípios de Entre Rios e Marechal Cândido Rondon, ambos no Paraná. Segundo ele, a produtividade destas lavouras ficou entre 170 e 185 sacas/alqueire, uma média fantástica, considerando que as plantas chegaram a 95 centímetros de altura, com até 120 vagens por pé.

O agricultor Rogério Kuhn, de Entre Rios (PR), conduziu uma lavoura expositiva da BRS 388RR na última safra de verão e afirma que o resultado foi realmente surpreendente. “Coisa de outro mundo”, enfatiza. A produtividade chegou a 185 sacas por alqueire. Ele iniciou o plantio na segunda quinzena de setembro. Ainda de acordo com o produtor, o bom resultado se deve à precocidade, uma vez que outras cultivares mais tardias registraram performance menor por causa do calor.

Também aprovou o resultado da lavoura expositiva o agricultor Rui Santo Basso, de Marechal Cândido Rondon (PR). Segundo ele, a lavoura não registrou problemas sanitários na última safra, respondendo bem, mesmo com as altas temperaturas em dezembro. Ele pretende repetir a experiência na próxima safra de verão. No norte do Paraná as cultivares BRS também apresentaram ótimo desenvolvimento. Robson Douglas Maggi trabalha com uma área de 10 alqueires em Ibiporã (PR) e testou a BRS 1003IPRO em uma área de um alqueire. “O mais interessante é que ela não acama, diferente das demais”, testemunhou. Segundo o agricultor, a BRS 1003IPRO não apresentou problemas durante todo o ciclo, registrando excelente média de vagens por pé. A perspectiva é ampliar o cultivo da BRS 1003IPRO na próxima safra. O consultor de Primeiro de Maio (PR), José Alberto  Bortholazzi, foi um grande apoiador na distribuição das sementes para agricultores na região e afirma que as variedades da Embrapa apresentaram uniformidade e ótima homogeneidade. Outra característica importante foi a boa espessura e porte das plantas, que também conseguiram segurar carga significativa. O técnico ainda destaca que todas as cultivares testadas apresentaram resistência a doenças foliares. “São materiais que apresentam bom potencial para nossa região”, destacou Bortholazzi.

   

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