​Federarroz lança premissas para orientar produtores para a próxima safra

Entre as recomendações da entidade estão a preservação do capital de giro, uso de sementes certificadas e a busca por contratos com preços pré-fixados

14.06.2017 | 20:59 (UTC -3)
Nestor Tipa Júnior

Diante de frustrações em relação aos preços e desestímulo dos produtores com a produção de arroz e visando minimizar prejuízos para considerável parcela do setor, a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) está orientando os produtores sobre premissas que devem ser seguidas para a safra 2017/2018. Estas orientações, conforme a entidade, tem como máxima a priorização da liquidez financeira, de forma a evitar uma imobilização do capital.

O presidente da entidade, Henrique Dornelles, salienta que os investimentos a serem realizados para a safra devem ser somente os necessários de forma a preservar o capital de giro próprio. Além disso, reforça que os produtores devem estar preparados para preços não remuneradores no primeiro semestre de 2018, que é histórico. "A lavoura de arroz tem que caber dentro do bolso do produtor e não o contrário. Capital de giro, seja de terceiros ou capital próprio, será determinante para o sucesso da próxima safra", observa.

Dornelles orienta também que os arrozeiros devem preservar ao máximo sua situação com os agentes financeiros e buscar a inadimplência zero e pontualidade, seja qual for o compromisso bancário, para não comprometer o cadastro junto aos bancos. "Procure participar das decisões com o engenheiro agrônomo relativas à formatação do cadastro no banco e priorize não atrasar, custe o que custar, nenhuma conta, pois isto fragiliza o cadastro e aumenta o risco da operação. Em tempos de seletividade do crédito, qualquer cheque sem fundo compromete o cadastro", explica.

Além das questões cadastrais, o produtor não deve perder de vista as obrigações ambientais. Conforme o dirigente, nenhum banco financiará empreendimento sem licenciamento ambiental, isso é uma regra totalmente intransponível. Sobre o planejamento da área, a Federarroz está orientando aos orizicultores que saiam das áreas de menor rentabilidade e maior risco, priorizando os hectares mais nobres, pois isso permitirá uma racionalização dos recursos e maior efetividade do emprego do capital de giro, mesmo que isso acarrete em uma redução de área do arroz. "A atividade não permite qualquer erro. Por isso é necessário se procurar locais com maior rentabilidade e menor custo, seja com irrigação, defensivos e que tenham maior potencial produtivo e com menor incidência de invasoras", destaca Dornelles.

Mesmo o produtor que quiser continuar na atividade, deve forçar a busca por contratos com preços pré-fixados antes da safra no sentido de evitar prejuízos. O presidente da Federarroz observa que se o setor possui dificuldades por falta de renda é extremamente temerário seguir insistindo em áreas que sabidamente poderão resultar em prejuízo.

Sobre as finanças, o dirigente alerta que o produtor que estiver extremamente dependente do sistema financeiro, industrial ou das cerealistas, certamente agravará as dificuldades, dele mesmo e dos demais, se não mudar a atitude. "O produtor deve lembrar sempre que não basta ter capital para terminar a lavoura, precisa ter capital para segurar uma parcela significativa da safra para o segundo semestre", indica.

A Federarroz também está indicando aos arrendatários que possuem valores de arrendamento não condizentes com a realidade da cultura, que revejam e renegociem os contratos. Outras premissas apontadas pela Federarroz, de acordo com Dornelles, estão diretamente vinculadas à implantação da cultura e ao trabalho direto na lavoura. Em relação às sementes, o orizicultor deve procurar sementes certificadas com a certeza que não vai trazer moléstias ao campo. Também se recomenda que o controle de invasoras deva ser feito no momento em que elas tiverem o menor porte possível mesmo que precise uma segunda aplicação. Também é indicado o ajuste dos contratos de energia elétrica para o não pagamento de demanda complementar ou o Faturamento de Energia Reativa.

Além disso, as premissas da Federarroz aos produtores reforçam a necessidade de revisão do sistema de bombeamento, para que rotor e gaxeta tenham o devido ajuste, mesmo que o levante tenha dimensões bastante baixas. Ainda no preparo do solo, recomenda-se aos operadores que os tratores modernos possuem uma rotação ideal de trabalho que vai de 1,5 mil a 1,8 mil Rotações Por Minuto (RPM), o que na média consumirá menos que o trator andar sempre a 1,8 ou 2 mil RPM.

Complementando, Dornelles salienta que a agricultura brasileira mudou muito desde década de 1990. "A terra e o trabalho já não são mais determinadores do sucesso, tecnologia e capital é que fazem toda a diferença. Queiramos ou não, essa é a realidade. Infelizmente a agricultura brasileira é excludente", finaliza.

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