Fórum discute os desafios da transferência de tecnologia na Embrapa

A Embrapa Meio Ambiente realizou no dia 6 de dezembro o Fórum de Transferência de Tecnologias: "Transformando pesquisa em produto"

08.12.2016 | 21:59 (UTC -3)
Eliana Lima

Com o intuito de contribuir para vencer desafios e dificuldades na identificação de produtos a partir de resultados de pesquisa, a Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) realizou no dia 6 de dezembro o Fórum de Transferência de Tecnologias: "Transformando pesquisa em produto".

Com palestras de profissionais da casa e de empresas externas, o evento destinado a profissionais de transferência de tecnologia das Unidades da Embrapa e demais interessados na área, contou ainda com o compartilhamento de experiências e discussão sobre diferentes ações de Transferência de Tecnologias, visando à melhoria de processos.

A chefe adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa Meio Ambiente, Maria Isabel de Oliveira Penteado, salientou que esse debate interno com profissionais de TT da Empresa busca incitar os participantes a analisar criticamente os processos e internalizar a possibilidade de transformar resultados de pesquisa em produtos para a TT. "Trata-se de um momento e espaço de reflexão e discussão sobre as questões relativas à transferência de tecnologias geradas, pois vários são os desafios e dificuldades para a transformação de resultados de pesquisa em produtos". Isabel falou no evento sobre a Identificação de produtos em projetos de pesquisa, importância de sigilo e da propriedade intelectual.

Para ela "há um abismo entre a tecnologia e o cliente, ou seja entre a ciência e o mercado". Na área de transferência este abismo, é conhecido como "vale da morte", uma vez que muitas tecnologias não chegam aos públicos alvo. "O agente de TT deve entender produto ou serviço para ter condições de convencer o cliente a adotar ou usar a tecnologia ofertada", salienta ela. Na palestra Isabel enfatizou também a importância do sigilo, termo de confidencialidade e propriedade intelectual, nas ações de transferência.

A programação contou com a participação da engenheira de alimentos Luciana Rodrigues Oriqui do Laboratório de Pesquisas em Processos Químicos e Gestão Empresarial, da Faculdade de Engenharia Química da Unicamp, que falou sobre a Pirâmide do Conhecimento e Cadeia de Valor da Informação.

Luciana enfatizou que é fundamental "ouvir" o mercado e transformar as informações coletadas em requisitos técnicos, a fim de se verificar se a tecnologia, produto ou serviço é de utilidade para o cliente. "Para ter utilidade, a análise deve ir além dos dados mais imediatos e acrescentar valor à informação trabalhada", disse.

Rodolfo Baccarelli, co-fundador e sócio da Baita Aceleradora de Campinas, SP, ministrou a palestra Transformação de Tecnologia em Negócio. Para ele o negócio só pode ser efetivado por meio do marketing e da inovação. E por estes dois caminhos se chega ao cliente. Salientou que marketing é primordialmente "conhecer os seus clientes e descobrir o que eles precisam" e inovação não é produto nem tecnologia: "é o jeito como eu articulo os produtos e processos para o cliente".

Abordou também a criação de startups (organização temporária em busca de um modelo de negócios sustentável e escalável) e o necessário foco no cliente para o estabelecimento da empresa, cujo sucesso está em desenvolver produtos que o mercado realmente quer ou precisa", salientou ele.

O pesquisador Fernando Matsuura da Embrapa Produtos e Mercado (Campinas, SP), destacou em sua palestra sobre Articulação e relacionamento com parceiros para TT, os preparativos para a articulação, desde o público-alvo do produto tecnológico, passando pelos objetivos e alcance pretendidos e parceiros de tecnologia desejados até a negociação.

Para ele, aproximar as áreas de pesquisa e transferência de tecnologia é muito importante, além de alinhar as expectativas com parceiros e clientes. "Tudo começa na pesquisa e atualmente as ações são de curto e médio prazos, mas devemos focar também nas de longo prazo". Para exemplificar ele citou a adoção e implementação da ILPF iniciada na década de 80 e que só foi realmente efetivada nos anos 2000. "Não podemos repassar a tecnologia e finalizar o processo, sem um acompanhamento da adoção da tecnologia e seus efeitos", ressaltou.

O analista da Embrapa Instrumentação (São Carlos, SP) Carlos César Pusinhol falou sobre a experiência daquela Unidade em Transferência de tecnologias de instrumentos: ações e potencialidades. Apontou como metas a melhoria e rapidez dos processos de patenteamento e de estabelecimento de contratos com empresas privadas e ICTs (instituições de Ciência & Tecnologia); e mecanismos de incentivo à participação integrada do pesquisador com a equipe de TT para trabalharem juntos no processo de transferência.

"Fizemos várias ações de melhoria nas relações entre a TT e a pesquisa e do processo de TT em si, como a melhoria dos processos de gestão (definição de responsabilidades e fluxo de informações), além de revisão dos processos e fluxogramas, processos de patenteamento, guia de processos para formalização jurídica e estado em que se encontra as tecnologias", destacou ele.

Finalizando o Fórum, houve a apresentação de Hélio Omote da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP) que compartilhou um estudo de caso de análise do potencial de mercado da tecnologia "Método para identificação de animais com maior potencial para características desejáveis de qualidade da carne, área de olho de lombo (AOL), peso a desmama e peso ao sobreano".

O chefe-geral Marcelo Morandi, destacou a importância do evento, reforçando que a Embrapa tem muito conhecimento, porém deve achar a forma de transferí-lo adequadamente.


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