​Iapar propõe novo sistema de produção para maracujá no Paraná

O cultivo da espécie ocupa cerca de 1,2 mil hectares no Paraná e tem grande potencial para crescer, mas está ameaçado pelo vírus do endurecimento dos frutos

20.01.2016 | 21:59 (UTC -3)
Edmilson Gonçales Liberal

Os pesquisadores do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) propõem um novo modelo de produção de maracujá-amarelo como estratégia para enfrentar o vírus do endurecimento dos frutos, doença que pode inviabilizar a produção no Estado. A nova tecnologia será apresentada no Show Rural 2016, na primeira semana de fevereiro, em Cascavel.

“É a saída que encontramos para enfrentar o problema”, explica Pedro Antonio Martins Auler, coordenador de pesquisas em fruticultura do Iapar. Transmitido por pulgões, o vírus do endurecimento dos frutos tem alto poder destrutivo. Além de duros, os frutos ficam pequenos e impróprios para comercialização; as folhas se tornam enrugadas e deformadas e a planta como um todo apresenta crescimento retardado e tem sua vida útil diminuída.

A produção de maracujá-amarelo é uma boa alternativa para a pequena agricultura familiar. O cultivo da espécie ocupa cerca de 1,2 mil hectares no Paraná e tem grande potencial para crescer, mas está ameaçado pelo vírus do endurecimento dos frutos, doença que já foi detectada nos principais polos de produção do Estado, segundo Auler.

Novo modelo

Pelo modelo proposto, o produtor faz o plantio das mudas em setembro, após o risco de geadas, e colhe entre os meses de dezembro a julho. Após a colheita, todas as plantas devem ser eliminadas para um período de vazio sanitário, no mês de agosto.

O objetivo dessa estratégia é reduzir a incidência do vírus nos primeiros meses após a implantação do pomar. “Assim, mesmo que ocorra a infecção mais tarde, já durante o ciclo, a produção não é prejudicada”, explica Auler.

Apenas para comparação, no sistema de produção atual os produtores colhem duas safras a partir de um só plantio. O pomar é implantado em setembro e os frutos são colhidos entre os meses de março a julho, a chamada “safrinha”. A segunda e maior colheita ocorre entre dezembro e o mês de julho do ano seguinte.

Mudas e vazio sanitário

A chave do novo modelo é a utilização de mudas maiores, com cerca de um metro, que devem ser produzidas em ambiente protegido (telado) para evitar a presença dos pulgões e a consequente contaminação pelo vírus.

“A utilização de mudas com idade mais avançada, de cinco a seis meses, possibilita que a colheita se inicie em dezembro/janeiro e é um aspecto fundamental para a viabilidade econômica deste sistema de produção”, ressalta Auler.

Igualmente importante é a implantação do vazio sanitário, com a eliminação de todas as plantas de maracujá ao término do ciclo da cultura, no mês de agosto. Auler alerta, no entanto, que a prática deve ser adotada por todos os produtores de uma determinada região para garantir a eficácia do novo modelo.

Pesquisa

O novo sistema de produção de maracujá-amarelo foi desenvolvido pelo Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, e vem sendo adotado com sucesso por produtores do Estado de São Paulo, onde a doença está presente há mais tempo.

No Paraná, o Iapar, em parceria com a Cooperativa Agroindustrial de Produtores de Corumbataí do Sul (Coaprocor) e a Emater, está validando a tecnologia desde 2014, quando a doença foi detectada em um pomar no município de Godoy Moreira.

O Iapar vem conduzindo experimentos para validação do modelo em Londrina e em Corumbataí do Sul, dois municípios representativos das áreas aptas ao cultivo de maracujá do Estado, conforme o zoneamento agrícola de risco climático do Ministério da Agricultura (Mapa).

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