​Instabilidade climática faz crescer procura por seguro rural em Mato Grosso

Diante da crescente demanda, corretoras de seguros investem em propostas diferenciadas como indenizar por talhão atingido

19.08.2016 | 20:59 (UTC -3)
Emerson Alves

Segundo meteorologistas, após quase 30 anos de clima estável e regular para as lavouras, o Mato Grosso vem registrando muita instabilidade climática nos últimos três ciclos, primeiro com excesso de chuva, depois com a falta de chuva e por último, com a seca severa que atingiu duramente as lavouras de soja e milho no Estado. Frente a este cenário, o seguro rural aparece como uma estratégica eficaz para evitar os prejuízos causados pelo clima. Tanto, que em 2011 a área assegurada no país era de 4,48 milhões de hectares, de acordo com dados do Atlas do Seguro Rural, do Ministério da Agricultura, e em 2014 este número chegou a 9,91 milhões de hectares.

Diante dos problemas causados pelas mudanças climáticas registradas no centro do país, especialmente em Mato Grosso, vem crescendo o interesse do produtor para a importância e necessidade do seguro rural. Na última safra, por exemplo, a produção de soja mato-grossense foi duramente afetada pela falta de chuva. Muitas propriedades chegaram a produzir até cinco vezes menos devido à seca que atingiu o Estado durante os meses de novembro e dezembro do ano passado, período em que muitas lavouras estavam na fase de enchimento de grãos e precisavam de água para garantir a produtividade. “Estamos observando que a cada safra cresce o interesse do produtor pela aquisição do seguro rural e não temos dúvidas que muito disso se deve à crescente instabilidade climática que vem afetando a região”, revela o especialista em seguro rural, Otavio Simch, diretor da Tovese Corretora de Seguros.

No entanto, o especialista lembra que o produtor deve ter atenção na hora da contratação do seguro e pesquisar alternativas diferenciadas de propostas disponíveis no mercado. Uma das opções é o seguro por talhão, que apresenta melhor retorno do que o realizado por média da propriedade. O custo entre as duas modalidades é quase o mesmo, mas enquanto a primeira opção considera apenas a parcela da propriedade atingida, a segunda faz uma média geral da área contratada. “Existem propostas que chegam a garantir R$ 3 mil por hectare de soja ou de 38 a 41 sacos por hectare. O produtor precisa olhar o seguro como investimento e avaliar o que vai receber lá na frente na hora de ter algum sinistro", observa Simch.

Atualmente, de acordo com a Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais, apenas 15% da produção é segurada. Nos Estados Unidos, o percentual é inverso: 85%. De acordo com especialistas do setor, um dos problemas que ainda atrapalham o avanço da contratação é o dos recursos liberados para a subvenção – contrapartida a ser paga pelo governo. Nas últimas safras, o cobertor tem sido curto. O montante liberado é inferior à necessidade. Para este ano, a previsão de subvenção do governo federal para os agricultores é de R$ 400 milhões, 0,2% do orçamento do Plano Safra.

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