Maior levantamento dos solos brasileiros reúne equipe pela primeira vez

Um trabalho ambicioso, que fará o mapeamento dos solos brasileiros em até 30 anos, reuniu sua equipe pela primeira vez na Embrapa Solos (Rio de Janeiro-RJ)

09.06.2017 | 20:59 (UTC -3)
Carlos Dias

Um trabalho ambicioso, que fará o mapeamento dos solos brasileiros em até 30 anos, reuniu sua equipe pela primeira vez na Embrapa Solos (Rio de Janeiro-RJ), entre os dias 06 e 08 de junho.

A equipe que esteve no centro de pesquisa carioca debateu a estratégia para implementação do Programa Nacional de Solos do Brasil (Pronasolos), em sua primeira fase, com orçamento estimado entre 10 a 15 milhões de reais.

O Pronasolos pretende mapear o território brasileiro e gerar dados com diferentes graus de detalhamento para subsidiar políticas públicas, auxiliar gestão territorial, embasar agricultura de precisão e apoiar decisões de concessão do crédito agrícola, entre muitas outras aplicações. Orçado em até R$ 3 bilhões de reais, o Pronasolos deve gerar ganhos de R$40 bilhões ao País dentro de uma década. “É uma grande oportunidade, será um levantamento executivo do solo, mais apropriado para utilização”, revela, empolgado, o pesquisador do IBGE Virlei Oliveira.

Projeto de tamanho impacto levanta muitas questões e demanda um nivelamento. “Como vamos guardar e trocar o volume de dados que vai ser gerado?“, perguntou o cientista Gustavo Curcio da Embrapa Florestas (Colombo-PR). A definição de protocolos de análise e coleta do solo, áreas proritárias e de uma política para o uso dos dados também foram pontos lembrados.

“Dizem que o pesquisador no campo custa caro, mas o dado que ele traz transforma essa despesa em investimento”, lembrou Enio Fraga, agrônomo da Embrapa Solos ao comentar os valores envolvidos na execução do Pronasolos. E, em tempos de cortes orçamentários, como buscar essa verba? Quem responde é o chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Solos José Carlos Polidoro. “Como fontes de financiamento externo para o Pronasolos vamos buscar o BNDES, bancos regionais, instituições internacionais, como o Banco Mundial. Também temos os planos plurianuais dos ministérios interessados, como, por exemplo, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Os estados e o setor privado da agropecuária, que têm grande interesse nas informações que vamos gerar, também serão demandados”.

A Agência Espacial Brasileira fez sua primeira participação no Pronasolos na reunião no Rio de Janeiro. “A Agência é a grande parceira quando falamos em usar tecnologia espacial, com informações de satélite. Ela vai ajudar no levantamento de solos, acelerando o alcance dos resultados”, conta Polidoro.

Levantamento feito pelo Tribunal de Contas da União (TCU) constatou uma série de problemas com as informações sobre solos no País. O conhecimento atual não é suficiente, há dificuldade no acesso aos poucos dados disponíveis, inconsistências nas informações oficiais de ocupação do território, sobreposição e lacunas de atuação governamental, complexidade e dispersão da legislação brasileira sobre o assunto.

A expectativa é de que o Pronasolos solucione esses problemas.

Além das instituições citadas acima, também estiveram na reunião membros do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), UFRRJ, Embrapa Amazônia Oriental, Embrapa Cocais, Embrapa Informática Agropecuária, Embrapa Meio Ambiente, Embrapa Monitoramento por Satélite e Embrapa Rondônia.


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