Mesmo em ano difícil, setor triticultor paulista destaca melhora da qualidade e aposta no crescimento produtivo

Última reunião do ano da Câmara Setorial do Trigo reforça vantagens competitivas do estado e aposta no avanço da cultura

01.12.2017 | 21:59 (UTC -3)
Mariele Previdi

Diferentes elos da cadeia produtiva do trigo de São Paulo se reuniram na manhã da quarta-feira, 29/11, para a última reunião do ano da Câmara Setorial do estado, promovida Casa da Engenharia – CREA, em Avaré (SP). Na ocasião os presentes debateram o cenário atual da cultura no mundo, além de enfatizar as oportunidades do trigo paulista e a melhora na qualidade do grão colhido em São Paulo. 

“Apesar de 2017 ter sido um ano muito difícil, o saldo final foi positivo. Pudemos acompanhar o relato das cooperativas do estado que destacaram a excelente liquidez na safra 2017 e redução das variedades usadas a campo, o que garantiu homogeneidade e alta qualidade ao trigo do estado”, destaca o presidente da Câmara Setorial do Trigo, Mauricio Ghiraldelli. 

Segundo a Cofco no Brasil, que esteve presente na reunião, o país deve fechar 2017 com uma produção em torno de 4,3 mil toneladas de trigo, sendo que o estado de São Paulo deve registrar aproximadamente 260 mil toneladas. Para o responsável pelas operações da Cofco no Brasil, Eduardo Gradiz, o estado possui frentes de competitividade que já são inerentes a São Paulo. Fatores como a demanda crescente dos moinhos do estado e a logística colocam o trigo paulista à frente do produzido em outros estados. 

“O mercado paulista é muito grande. A indústria não precisa conquistar clientes, pois eles já estão lá. Para mim, esse é o estado com maior potencial de crescimento de produção, pois une todas as características que alavancam o setor”, afirma Gradiz. “O alinhamento com os elos da cadeia e a forte inclinação das indústrias do estado em promover a melhoria na qualidade e no manejo junto aos produtores e às cooperativas é um fator determinante para o crescimento do trigo no estado. Vejo bem clara uma evolução nos últimos três anos com a Câmara Setorial e o trabalho entre a cadeia”, analisa Gradiz. 

Os dados apresentados durante a reunião mostram que o mercado do milho ganhará força nos próximos 10 anos, com o crescimento do consumo da China, fator que influenciará o aumento de áreas dedicadas a essa cultura em estados importantes para o cultivo de trigo, como o Paraná. “Essa mudança de foco dos agricultores abre um espaço grande de mercado para que São Paulo desenvolva a produção de trigo com qualidade e consiga competir diretamente com o argentino, suprindo a demanda dos moinhos do estado. O importante é não analisarmos o cenário atual, mas a curva dos próximos cinco anos”, ressalta Gradiz. 

“O trigo paulista já está muito à frente dos outros estados quando falamos de qualidade. Se conseguirmos oferecer ao mercado um trigo com qualidade superior, vamos gerar maior liquidez e diminuir a concorrência contra o trigo argentino”, destaca o presidente da Câmara Setorial do Trigo, Maurício Ghiraldelli. “Precisamos investir no melhoramento para colheremos trigo de qualidade e que atendam as demandas da indústria. Dessa forma, não precisaremos mais buscar trigo de fora de São Paulo para atender nossa demanda”, finaliza. 

Simpósio Pós-colheita de Grãos

O setor voltou a se reunir na parte da tarde para o III Simpósio Pós-colheita de Grãos, que recebeu o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim. Ele destacou que o setor paulista de grãos tem vivido uma saudável, vigorosa e consistente retomada de produção no último ano. O evento começou na quarta-feira e segue até o dia 01 de dezembro, em Avaré (SP). 

“A taxa média de crescimento de diversas culturas de grãos tem variado de 10% a 11% ao ano. Esse crescimento pode ser ainda maior nos próximos anos com a reconversão de áreas onde não se pode mais fazer o plantio de cana-de-açúcar, o que criou uma disponibilidade importante para o aumento da produção de outras culturas”, afirma Jardim. 

Outro ponto destacado pelo Secretário foram os investimentos em logística, fator que influencia no escoamento e ainda garante vantagem competitiva ao estado. “Garantimos um salto de qualidade da logística em São Paulo, investindo na malha ferroviária e na retomada das obras na Hidrovia Tietê, visando proporcionar aos produtores do estado vantagens nas negociações”, salienta Jardim.

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