Oficina discute demandas e prospecções em hortaliças para o Brasil Central

​Prospecção e priorização de demandas em hortaliças para o Brasil Central foi o tema que norteou a Oficina de Concertação em Olericultura, realizada no dia 27 de junho último na Embrapa Hortali&ccedi

29.06.2017 | 20:59 (UTC -3)
Anelise Macêdo

Prospecção e priorização de demandas em hortaliças para o Brasil Central foi o tema que norteou a Oficina de Concertação em Olericultura, realizada no dia 27 de junho último na Embrapa Hortaliças (Brasília, DF), e que reuniu pesquisadores e representantes das ATERs – Assistência Técnica e Extensão Rural dos estados do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, Tocantins, Goiás e do Distrito Federal.

Entre as apresentações, em meio às respectivas diferenças e necessidades conjunturais de cada localidade ali representada, a tônica que permeou os debates girou em torno da expertise da Embrapa Hortaliças face ao elenco de demandas expostas pelos participantes. Ao ressaltar a importância da presença de três unidades da Embrapa no estado (Agropecuária Oeste, Gado de Corte e Pantanal) o agrônomo Jovelino Caetano, da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural do Mato Grosso do Sul (Agraer), apontou a redução da importação de hortaliças como principal desafio a ser enfrentado, tendo em vista ser a olericultura uma área ainda pouco explorada no estado, “o que leva à necessidade de conhecimento sobre tecnologias ainda distantes de nós”.

“Como a tradição agrícola do estado envolve, historicamente, a produção de carne e leite, estamos ainda engatinhando no que se refere a frutas e hortaliças, daí a relevância dessa oficina para registrar nossas fragilidades”, acentuou Caetano, seguido pelo representante da Empresa Matogrossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), Vico Capistrano.

Para Capistrano, a criação do Território da Cidadania, que contempla 13 municípios do Vale do Rio Cuiabá e onde se concentram agricultores familiares, tem requerido ações relacionadas notadamente à questão da capacitação, principalmente no tocante a tecnologias de irrigação. “O sucesso da olericultura no Mato Grosso passa pelo conhecimento sobre irrigação”, sentencia.

A necessidade de iniciativas ligadas à transferência de tecnologia também fez parte da explanação do técnico Cledmar Carneiro, da Emater-RO, para quem “aproximar o problema de quem tem a solução” é um primeiro passo para o seu enfrentamento. Nesse aspecto, ele apontou a carência de pesquisas específicas para a região amazônica como o principal gargalo que afeta a produção de hortaliças. “Modelos de outras regiões não servem para a nossa realidade”, sublinhou Carneiro, que anotou como bastante positiva a elaboração de um projeto de diagnóstico e de demanda de olerícolas, com a participação de instituições como Seagri, Emater e Sebrae. “Uma união de esforços leva a maiores chances de bons resultados”.

Na esteira das apresentações anteriores, Ana Luíza Lobo (Ruraltins-TO) e Alípio Oliveira (Emater-GO) igualmente defenderam ações de capacitação e tecnologias voltadas às necessidades da região: “Olericultura incipiente precisa ser alavancada”, segundo Ana Luíza, e “redução do déficit de especialistas em determinadas culturas, a exemplo da pimenta”, de acordo com Oliveira.

Distrito Federal
Pela proximidade física com a Embrapa Hortaliças, ações partilhadas já são uma realidade na Emater-DF, e o diferencial entre a região e as demais representadas na oficina “é ancorado no tamanho da área cultivada”, conforme explica Antônio Dantas, do Escritório Local Emater. “São 8.400 hectares cultivados e 18 mil propriedades rurais que têm a hortaliça como carro-chefe, e a parceria pesquisa-extensão deve ser reforçada para atender a esse universo”, salienta o agrônomo.

Na sua opinião, algumas ações requerem uma mobilização em várias frentes, como é o caso da contaminação biológica de hortaliças folhosas. “Uma questão que poderia entrar nas capacitações refere-se à necessidade de serem repassadas ao produtor informações a respeito do uso de resíduo para adubação - vem sendo uma prática comum a utilização da cama de frango sem a devida compostagem, o que resulta na contaminação das folhosas e do agricultor”.

Essas e outras questões colocadas foram avaliadas pelo pesquisador Raphael Melo como resultado da dicotomia entre as exigências e as respostas que a Embrapa pode dar. “Temos soluções e produtos tecnológicos já validados, mas o nosso raio de alcance não é ilimitado e para chegar ao produtor é imprescindível que haja a participação de outras instituições, além da Emater.

“A Embrapa pode ser a salvação de algumas lavouras, mas não de todas, e muitas vezes a solução tecnológica está ao lado”, assinala Melo, que aponta como exemplo as Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária (OEPAs), que podem identificar mais rápido e responder a certas questões demandadas localmente.

Ao final e dentro da perspectiva do momento, foi acordada entre as instituições envolvidas na oficina a criação de Unidades de Referência Tecnológica nos estados representados na oficina, onde serão testados diversos materiais desenvolvidos pela Embrapa, além da capacitação de técnicos das ATERs sobre temas priorizados nos debates.


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