Pesquisadores veem ferrugem mais severa no Rio Grande do Sul na safra 2017-18

Estudos realizados em campos experimentais mostraram que aplicação preventiva e combinada de dois fungicidas transfere rentabilidade ao produtor e também controla com êxito outras doenças importantes da oleaginosa

24.10.2017 | 21:59 (UTC -3)
Fernanda Campos

O frio de fraca intensidade registrado no inverno recém-encerrado indica que os ataques da ferrugem asiática na safra 2017-18 tendem a ser mais severos nas lavouras do Rio Grande do Sul. Especialistas atestam que ao contrário da safra passada, quando baixas temperaturas praticamente eliminaram das áreas de plantio a soja voluntária ou ‘guaxa’, reduzindo os riscos de incidência da ferrugem, este ano os produtores devem ligar o alerta em relação às condições amplamente favoráveis ao surgimento da doença.

De acordo com a coordenadora de fitopatologia do Instituto Phytus e doutora em engenharia agrícola, Mônica Debortoli, é possível que a presença do fungo causador da ferrugem nas lavouras gaúchas seja detectada já no início da safra. A especialista recomenda ao produtor antecipar a primeira aplicação de fungicidas, preventivamente, no período de até 40 dias após o plantio.

Para o pesquisador e Phd em fitopatologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM-RS), Ricardo Balardin, uma das principais recomendações ao produtor é realizar o manejo correto da cultura, com a observância da época ideal para a semeadura e a escolha de cultivares adequadas. Encurtar o ciclo da soja para até 115 dias é outra medida importante, diz Balardin. Ele também entende que o tratamento químico da soja deve ser realizado preventivamente.

Programa de fungicidas - O tratamento da soja com a utilização preventiva e combinada dos fungicidas DuPont Vessarya e DuPont Aproach Prima elevou a produtividade da oleaginosa em até 4 sacas por hectare, segundo dados obtidos em 450 campos experimentais da DuPont Proteção de Cultivos montados na safra 2016-17.

De acordo com o gerente de fungicidas da empresa, engenheiro agrônomo Manoel Pedrosa, a aplicação do programa resultou no controle eficaz da ferrugem e de outras doenças da soja, como mancha-alvo e oídio.

O fungicida Aproach Prima, explica o agrônomo da DuPont, contém a estrobirulina mais potente do mercado associada a um triazol. Já o fungicida Vessarya, acrescenta ele, resulta da mistura dos ingredientes ativos picoxystrobina e benzovindiflupir.

“De todas as estrobirulinas do mercado a picoxystrobina mostra uma performance interessante, trata-se de um produto bastante eficiente”, diz Mônica Debortoli, do Instituto Phytus. Segundo ela, a eficiência do fungicida Vessarya ficou comprovada no controle da ferrugem e de doenças de final de ciclo. Mônica integra um grupo de especialistas que vem estudando a ação das carboxamidas no manejo da sojicultura.

Balardin, da UFSM-RS, afirma que um dos diferenciais de Vessarya é a molécula formada por uma estrobirulina e uma carboxamida de amplo espectro de controle. “Quando aplicado preventivamente, o produto entrega um nível de controle bastante satisfatório”, assinala o pesquisador. “O fungicida Vessarya, efetivamente, é uma grande alternativa para controlar a ferrugem da soja no Rio Grande do Sul”, acrescenta.

“O grande diferencial do Vessarya é o controle da ferrugem asiática e de outras doenças de final de ciclo, porque a picoxystrobina mostra ótima eficiência. Se compararmos a picoxystrobina com outras estrobirulinas veremos que ela permanece com alta eficiência. Outra novidade desse produto é o poder de controle do benzovindiflupir”, complementa Carolina Deuner, pesquisadora da Universidade de Passo Fundo (UPF).

Para os pesquisadores ouvidos, a inserção das carboxamidas no programa de tratamento da soja auxilia o produtor a executar o manejo de resistência do fungo causador da ferrugem aos fungicidas comercializados no Brasil. “As carboxamidas são um novo grupo e uma excelente ferramenta para compor a rotação de produtos”, enfatiza Caroline Wesp, doutora em fitopatologia e pesquisadora da CCGL Tecnologia.

Manoel Pedrosa, da DuPont, lembra que a aplicação dos fungicidas do tipo multissítio também é indicada visando o controle eficaz de doenças da oleaginosa. “Os multissítios têm papel decisivo na estratégia de manejo de resistência. O produtor também não deve fazer mais de duas aplicações de fungicidas à base de carboxamidas por ciclo da soja”, adverte o agrônomo. Outras recomendações importantes, segundo ele, são o respeito ao vazio sanitário, o plantio de variedades com tolerância genética e de ciclo curto e a adoção de boas tecnologias de aplicação de produtos.

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