Plano analisa doença da bananicultura brasileira

O mal-do-Panamá é uma das doenças mais destrutivas da bananeira, sendo considerada uma das dez mais importantes da história da agricultura

01.06.2017 | 20:59 (UTC -3)
Cristina Tordin

Um grupo de especialistas se reuniu em maio para analisar a praga que ocasiona a doença popularmente conhecida como mal do Panamá na cultura da bananeira - Fusarium oxysporum f. sp. cubense raça 4 tropical, no Departamento de Sanidade Vegetal, em Brasília. Essa reunião também atendeu à Portaria DSV nº 1/2017, que trabalha na elaboração de Alerta Fitossanitário e do Plano Nacional de Contingência para esta praga que atualmente não ocorre no Brasil.

O mal-do-Panamá é uma das doenças mais destrutivas da bananeira, sendo considerada uma das dez mais importantes da história da agricultura. A raça 1 de Foc foi responsável pela epidemia que causou grande impacto à indústria bananeira de exportação das Américas na metade do século passado, provocando o desaparecimento da maioria dos plantios comerciais da variedade Gros Michel, que é altamente suscetível à raça 1. No Brasil, provocou também grande impacto na variedade 'Maçã', muito apreciada, mas cada vez mais rara nos mercados devido à sua alta suscetibilidade à doença.

Para contornar o problema, houve substituição da 'Gros Michel' por clones do subgrupo Cavendish que são resistentes à raça 1 e tem garantido a exportação da fruta.

O grupo destaca que no Brasil a doença continuou causando perdas nas variedades do tipo Prata. Além disso, altos níveis de incidência têm sido constatados nos últimos anos na cultivar Prata-Anã, principal variedade plantada no país.

Além das variedades Prata e Maçã, esta raça também afeta as variedades Nanica e Nanicão. No continente americano o fungo ainda não foi relatado e sua introdução pode trazer sérios problemas para a produção de bananas, um dos alimentos básicos considerado chave para a segurança alimentar da região.

Conforme Miguel Dita, pesquisador da Embrapa presente na reunião, “um primeiro passo era ter um método de diagnóstico que pode diferenciar, de maneira rápida e precisa, a raça 4 tropical das populações do fungo que já ocorrem no Brasil. Esse passo foi logrado em trabalho conjunto da Embrapa e pesquisadores da Holanda. Os seguintes são conscientizar o setor sobre o risco dessa praga e sobre tudo ter um plano de contingência pronto para uma eventual detecção do patógeno no território brasileiro”.

Como não há variedades resistentes ainda, a melhor medida de controle é a exclusão (evitar que o fungo seja introduzido no país). Neste sentido, o trabalho a ser desenvolvido pelo Plano Nacional envolve uma ampla campanha de conscientização dos produtores, destacando-se o fato de que essa doença já ocorre no Brasil, causada pela raça 1, o que exige atenção para que não se confunda com a raça 4.

Além dos produtores, o público em geral também será conscientizado quanto à importância de, em eventuais visitas a países com ocorrência da raça 4, se evitar a entrada de solo aderido a material vegetal, calçados e roupas, equipamentos ou qualquer outro objeto, uma vez que o solo pode ser uma via de entrada para este fungo.

Além disto, deve-se evitar a introdução de mudas de bananeira sem as garantias fitossanitárias adequadas porque mesmo mudas assintomáticas podem estar contaminadas.

Caso a raça 4 seja detectada, medidas como erradicação de plantas, interdição de propriedades, restrição ao comércio de vegetais a partir das áreas com ocorrência do fungo deverão ser adotadas, objetivando evitar a sua disseminação.

Miguel Dita é pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA), lotado na Embrapa Meio Ambiente (Jaguariuna, SP).


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