Produção de etanol foi tema de seminário em Passo Fundo

Cada usina deverá demandar, anualmente, 24.000 hectares (ha) de triticale, 9.000 ha de sorgo, 6.000 ha de arroz ou outro grão, 4.000 ha de batata-doce etanol e 5.000 ha de eucaliptos (lenha)

09.12.2015 | 21:59 (UTC -3)
Joseani M. Antunes

A busca por fontes renováveis de energia, especialmente no setor de combustíveis, abre novos nichos de mercado para a produção de grãos no Rio Grande do Sul, estado que gasta R$ 600 milhões/ano com a compra de etanol de cana de açúcar. O tema foi discutido no seminário “Perspectivas de Produção de Etanol na Região Norte do RS”, que aconteceu no dia 03/12, no Centro de Eventos da Universidade de Passo Fundo.

Apesar do Brasil ser uma potência na produção de álcool de cana de açúcar, nem todos os estados possuem competitividade com essa espécie, caso do Rio Grande do Sul que gasta anualmente, somente com frete e ICMS, 600 milhões de reais com a compra de etanol de cana de açúcar. Para diminuir perdas de divisas, está em tramitação na Assembleia Legislativa do Estado um projeto visando à produção de etanol com fontes amiláceas (como batata, arroz, sorgo, trigo, triticale, cevada, centeio, milho), que deverá receber incentivo do Governo do Estado, inclusive para pesquisa.

De acordo com o projeto PROETANOL, deverão ser instaladas cinco usinas de etanol amiláceo no Rio Grande do Sul. Cada usina deverá demandar, anualmente, 24.000 hectares (ha) de triticale, 9.000 ha de sorgo, 6.000 ha de arroz ou outro grão, 4.000 ha de batata-doce etanol e 5.000 ha de eucaliptos (lenha). De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo, Alfredo do Nascimento Junior, esta nova utilização das matérias primas deverá exigir esforços adicionais da Embrapa para fornecer tecnologias, principalmente cultivares e sementes (ou tubérculos) para atender a demanda. “Os trabalhos de melhoramento deverão sofrer pequenos ajustes durante a seleção dos genótipos, atentando para a avaliação e seleção daqueles com maior conteúdo de amido nos grãos. Um exemplo é o caso do triticale, já que a produção de etanol será uma nova utilização para os grãos que vai proporcionar alternativa de renda ao produtor rural. Assim, o produtor poderá optar pelo mercado mais favorável no triticale, seja etanol, alimentação animal ou alimentação humana”, avalia o pesquisador.

Para o reitor da Universidade de Passo Fundo, José Carlos Carles de Souza, foi identificada uma possibilidade de protagonismo da região na produção de etanol a partir de vários produtos cultivados regionalmente. Segundo ele, seria uma opção ao produtor rural para produzir a matéria prima, que seria processada em uma usina de etanol. “Estaremos criando a possibilidade de agregar valor ao produto in natura, que pode ser consumido, exportado ou ser transformado em biocombustível”, comenta.

O Seminário Perspectivas de Produção de Etanol na Região Norte do RS foi uma realização da UPF, com o apoio da Embrapa Trigo, Emater e Corede Produção.

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