Retorno das chuvas deve favorecer produção de soja nos EUA

Segundo o consultor Marco Antonio dos Santos, a previsão é de que volte a chover nas regiões produtoras no fim da semana que vem, evitando quebra da safra

14.07.2017 | 20:59 (UTC -3)
Mariana Martinez

A previsão de volta das chuvas no fim da semana que vem deve beneficiar a produção de soja nos Estados Unidos. Segundo o agrometeorologista Marco Antonio dos Santos, da Rural Clima, com a ausência do El Niño neste ano e o verão tipicamente seco no país, a expectativa do mercado era de que houvesse uma quebra na produção de soja, o que não deve se concretizar. “Os mapas já começam a sinalizar o retorno das chuvas a partir do dia 25 de julho nas áreas produtoras e, por isso, a safra de soja pode ser boa, ainda mais porque aumentaram as áreas de plantio neste ano”, disse o consultor.

De acordo com Santos, apesar da ausência de chuvas observada até agora, a soja ainda não entrou numa fase crítica, o que poderia acontecer dentro de duas ou três semanas. Mas se de fato voltar a chover na próxima semana, a situação vai melhorar. “Está todo mundo esperando uma quebra gigantesca da soja nos Estados Unidos porque o clima está seco, mas é o contrário”. O consultor participou de webcast no Portal Syngenta nesta quinta-feira, 13. Assista emhttps://goo.gl/HVgpe8.

O milho deve acompanhar o movimento da soja, mas com o trigo não deve ser assim. “Apesar de voltar a chover, o trigo ainda será muito impactado por lá”, disse Santos. Segundo o especialista, a seca quebrou a safra de trigo nos EUA. Toda vez que isso acontece, os compradores optam por milho e farelo de soja para o mercado de ração. Isso faz com que os preços do milho e da soja subam, porque a procura passa a ser maior, e o do trigo, caia.

Para que as chuvas ocorram com regularidade nos Estados Unidos, é necessária a presença do El Niño, o que não houve neste ano. O El Niño é o aquecimento acima do normal das águas equatoriais do Oceano Pacífico, fenômeno que influencia o regime de chuvas e temperaturas em todo o mundo. Segundo o consultor, as águas do Pacífico estão um pouco mais quentes do que o normal neste momento, mas não o suficiente para a formação do El Niño. Na linguagem meteorológica, isso significa dizer que o cenário é de neutralidade, mas com viés positivo.

Brasil

Ainda de acordo com Santos, com relação à última safra brasileira, 2016/2017, os produtores não têm do que reclamar, pois a ausência do El Niño colaborou para o bom desenvolvimento das lavouras de grãos. Para a safra 2017/2018, tudo indica que o clima será mais uma vez favorável à produção agrícola no país. “O cenário de neutralidade positiva tende a se manter e o produtor poderá plantar com certa tranquilidade. Cana e café merecem mais atenção porque as chuvas devem retornam um pouco mais cedo neste ano”, disse o consultor.

No Sul, as áreas produtoras de trigo estão passando por um momento de seca. Um bloqueio atmosférico formado há aproximadamente 15 dias impede que as frentes frias consigam avançar sobre a região. Porém, a partir do começo da semana que vem esse bloqueio se rompe e as frentes frias já conseguem avançar. Com isso, volta a chover com certa regularidade sobre todas as áreas produtoras de trigo, não só do Rio Grande do Sul, como de Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, e ainda em algumas regiões de São Paulo e sul de Minas Gerais.

A previsão é de que ocorram três ondas de frio de grande intensidade ainda neste ano no Brasil. Segundo Santos, uma massa de ar polar deve entrar no país já na semana que vem. O mesmo deve acontecer no fim de julho e em meados de agosto. Só não é possível dizer se haverá geadas, pois é difícil prevê-las com mais de cinco dias de antecedência. No entanto, de acordo com o agrometeorologista, o cenário de neutralidade positiva não favorece esse tipo de fenômeno.


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