SBIAgro 2017 incentiva produção científica em agroinformática

​Incentivar a produção de conhecimento científico na área de informática aplicada à agricultura foi um dos objetivos do 11º Congresso Brasileiro de Agroinformática - SBIAgro 2017, realizado de 2 a 6 de

19.10.2017 | 21:59 (UTC -3)
Nadir Rodrigues ​

Incentivar a produção de conhecimento científico na área de informática aplicada à agricultura foi um dos objetivos do 11º Congresso Brasileiro de Agroinformática - SBIAgro 2017, realizado de 2 a 6 de outubro, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Com promoção da Associação Brasileira de Agroinformática (SBIAgro) e da Sociedade Brasileira de Computação (SBC), o congresso, que teve como tema “Ciência de dados na era da agricultura digital”, contribuiu para o compartilhamento de resultados de pesquisas, gerando novas oportunidades de relacionamentos, projetos e negócios.

“O evento de trabalhos científicos atraiu bastante interesse dos pesquisadores, o que é evidenciado pelo grande número de submissões. Foram 129 trabalhos submetidos, dos quais 71 foram aceitos. Como resultado, a qualidade tanto dos trabalhos selecionados quanto das apresentações nas sessões técnicas foi elevada”, afirma Jayme Garcia Barbedo, presidente da comissão científica e pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária.

Cerca de 210 pessoas estiveram presentes ao congresso, que contou com 24 sessões técnicas, além de 5 palestras e 3 painéis apresentados por palestrantes renomados no cenário nacional e mundial, tratando de diferentes assuntos de forte interesse na área, de acordo com Barbedo. Outras atividades paralelas, como os minicursos, o concurso de iniciação científica, o Desafio de Inovação e o SBIAgro Conect@, fizeram com que o SBIAgro 2017 tivesse um caráter mais abrangente, aumentando a presença de estudantes de graduação e de representantes de empresas, na visão do pesquisador.

Entre as palestras, uma em especial proferida por Abel Packer, do SciELO, abordou a importância da criação de políticas editoriais nacionais e institucionais para comunicação dos resultados das pesquisas. Com o título “Acesso aberto em evolução com a ciência aberta”, o diretor do Programa Scientific Electronic Library Online, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), defendeu as plataformas abertas para as publicações, já que “o conhecimento científico é um bem público”.

Concursos de trabalhos acadêmicos

O congresso selecionou os melhores trabalhos acadêmicos divididos nas categorias de artigo completo, iniciação científica, dissertação e tese. “Excelentes trabalhos foram submetidos, em todas as categorias”, conta a pesquisadora da Embrapa Informática Agropecuária Maria Fernanda Moura, presidente da comissão de iniciação científica.

O artigo completo vencedor foi “Automatic grape bunch detection in vineyards based on affordable 3D phenotyping using a consumer webcam”, de Thiago Santos, Luis Bassoi, Henrique Oldoni e Roberto Martins. O segundo lugar nessa categoria foi para o trabalho “A low-cost six band multi-spectral camera platform for in-flight near real-time vegetation index computation and delivery”, de Lucas Mendonça, Cesar Chaves, Eduardo Lima e Luiz Vicente. Em terceiro lugar ficou o artigo “Sistema telemétrico via RFID em UHF para medição da umidade do solo”, de Adriano Gamba e Sergio Pichorim.

O estudante Marcelo Freire de Barros, da Universidade de São Paulo (USP), foi premiado como autor da melhor tese do SBIAgro 2017. O trabalho de doutorado “Seletor adaptativo de tecnologia de comunicação para nós multitecnológico sem aplicações agrícolas” teve orientação do professor Carlos Eduardo Cugnasca, da Escola Politécnica (Poli/USP).

A melhor dissertação de mestrado é da estudante Monique Pires Gravina, autora do trabalho “Modelos de estimativa de teor de açúcar como ferramentas para tomada de decisão e para descoberta de conhecimento no setor sucroenergético”. A dissertação foi defendida na Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri/Unicamp), com orientação do professor Luiz Henrique Antunes Rodrigues.

No concurso de iniciação científica, o primeiro lugar foi para David Patrick Zampier, aluno da Universidade de Ponta Grossa, pelo trabalho “Influência da resolução espacial em imagens obtidas por RPA na estimativa da doença da soja”. Em segundo lugar ficou Matheus Ferraciolli, da Unicamp, com o trabalho “Efeito da autocorrelação espacial na avaliação de modelos empíricos de produtividade na cana-de-açúcar”. E a aluna Amanda do Prado Mattos, da Universidade Federal de Santa Catarina, obteve o terceiro lugar com o artigo “Determinação da severidade de Septoria lycopersici em folhas de tomateiro por meio de imagens digitais”.

Desafio de Inovação

Durante o congresso, ocorreu ainda o “Desafio de Inovação - SBIAgro 2017”, criado com o objetivo de incentivar jovens estudantes e profissionais no desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras em aplicativos móveis voltadas a resolver problemas enfrentados pela agricultura brasileira. O comitê avaliador selecionou sete propostas de aplicativos com potencial de se transformar em negócios promissores, em duas categorias, para participação na etapa final: uma competição de Pitch - apresentação de curta duração - em que as equipes expuseram um plano de negócios usando técnicas de persuasão perante um comitê julgador especialmente designado para avaliar as propostas, de acordo com critérios pré-definidos.

Na categoria de nível superior, o aplicativo Cyber Leaf obteve o primeiro lugar. A ferramenta criada por Renan Rosa auxilia na classificação de pragas que atacam as lavouras. Em segundo lugar ficou o ClimaZone, tecnologia voltada ao zoneamento agroclimático, dos estudantes Bruno Alves e Elvis Barbieri. O terceiro colocado foi o Tombanana, cuja funcionalidade é calcular a previsão do peso do cacho de banana, viabilizando assim a rentabilidade da safra. Os autores são Bruno Santos, Franciscone de Almeida, Guilherme Teixeira, Matheus Ferreira e Gabriel de Melo.

Na categoria de nível profissional, o vencedor foi o aplicativo OlvApp, de Arilson Júnior e Silvia Souza, que avalia as condições térmicas de ambientes mediante o cálculo dos índices de conforto térmico específicos para seres humanos e animais. O Javalix, criado por Diego Fontoura, Diego Mengarda, Fabiane Camargo, Leandro Camargo e Leonardo Pinho para acompanhar malhadas de javalis, ganhou o segundo lugar. O terceiro lugar foi para a Fruit fly, solução para identificar espécies de moscas-de-frutas, de Matheus Leonardo, Carlos Ribeiro e Fabio Faria. O quarto colocado foi o aplicativo Abat, voltado para avaliação do bem-estar animal durante o transporte do gado de corte e desenvolvido por Marcel Camargo, Ana Paula Ferreira e Naylor Perez.

“O Desafio de Inovação SBIAgro 2017 foi uma excelente oportunidade para aproximar pesquisas em agroinformática e problemas reais da agricultura. Proporcionou a interação das equipes com uma banca julgadora composta por profissionais de tecnologia de informação, pesquisadores de ciências agrárias e profissionais de mercado e negócios e despertou o interesse de investidores nas soluções tecnológicas apresentadas”, ressalta Debora Drucker, presidente da comissão organizadora. O Desafio foi realizado pela Embrapa Informática Agropecuária e a Unicamp, em conjunto com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP/Campus Campinas) e a TIC em Foco.

“O evento científico promoveu um espaço para encontros, debates e compartilhamento de informações, a fim de ampliar o conhecimento técnico-científico da comunidade de informática aplicada à agricultura”, afirma Luciana Alvim Romani, presidente do SBIAgro 2017 e pesquisadora da Embrapa Informática Agropecuária. Segundo Romani, “o evento foi marcado por muito aprendizado e pelo estabelecimento de novas parcerias que certamente levarão a comunidade de tecnologia de informação aplicada à agricultura a contribuir ainda mais para alavancar a agricultura 4.0 no Brasil”.

SBIAgro 2017 teve organização foi da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP), Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) e Instituto de Computação (IC) da Unicamp. O patrocínio foi do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Bayer, IBM Research Brasil, iT-Tech Solutions, Microsoft, Ocean-Samsung, Totvs, Agrosmart, Naandanjain e Venturus.

Contou ainda com os apoiadores: Associação Brasileira de Startups (Abstartups), Artik Samsung, Editora Unicamp, Geocrop, Inesc Brasil, InescTec, Inova Unicamp, Instituto Federal de São Paulo - Campus Campinas, InteliAgro, Prefeitura Municipal de Campinas, Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), Sociedade Brasileira de Computação (SBC), Associação de Especialistas Latinoamericanos em Sensoriamento Remoto (Selper), Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex), Softex - Núcleo Campinas e TIC em Foco.


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