Com peso certo

Lastragem adequada depende de vários fatores, entre eles respeitar a capacidade de carga do pneu e a distribuição de peso da máquina.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

O peso do trator, o tipo de rodado e as condições da superficie do solo são os fatores que mais afetam a patinagem das rodas motrizes, a velocidade de deslocamento, a potência desenvolvida e o consumo de combustível, parâmetros que expressam o desempenho do trator. A otimização ou compatibilização desses parâmetros é especialmente influenciada pela lastragem do trator, a qual se reflete imediatamente em força de tração. A capacidade dos pneus em liberar potência na barra de tração ou no engate de três pontos é determinada pela carga sobre as rodas de tração, podendo-se dizer, dentro de certos limites, que máquinas mais pesadas tracionam mais.

A maioria dos usuários gostaria que seu trator tivesse versatibilidade de uso nas diversas operações agrícolas e em diferentes condições de solo, isto é, um mesmo trator faria a aração, a gradagem, o plantio, o cultivo, ajudaria na colheita, no transporte de produtos e em outras tarefas, preferencialmente com a mesma lastragem. Esse procedimento, porém, não é o que deve prevalecer no uso do trator. A lastragem é mais necessária nas primeiras operações agrícolas (onde o esforço tratório é maior), do que nas seguintes, entretanto, por ser uma tarefa que exige tempo e maior esforço físico do operador, este normalmente não costuma remover ou adicionar lastros metálicos para atender a necessidade da operação agrícola. Às vezes, opta-se por uma condição média, onde é preciso administrar o excesso ou falta, a cada situação, com prejuízo no serviço realizado e no custo da manutenção, devido ao maior desgaste mecânico da transmissão.

Os tratores agrícolas continuam a ser lastrados com água nos pneus (enchimento a ¾ de seu volume) e com peças metálicas colocadas nas rodas de tração e no pára-choque do trator. Em alguns tratores os lastros metálicos são usados na parte externa da roda e, em outros, os lastros metálicos são colocados interna e externamente à roda o que dificulta ainda mais a operação de lastragem, mudança de bitola e a troca de pneus quando necessários. As peças metálicas traseiras pesam cerca de 60 kg cada. Os lastros utilizados na parte dianteira do trator embora pesem em torno de 40 kg cada, oferecem menos dificuldade de manuseio.

O lastro líquido, em termos de tração é equivalente ao lastro metálico, com a vantagem de ser mais barato e facilitar a mudança de bitola.

A forma mais imediata de verificar a adequação da lastragem é a patinagem das rodas matrizes. A lastragem limita o torque transmitido através do eixo de tração. A potência do eixo é função do torque e da rotação. Os tratores são projetados para se deslocar em todas as velocidades possíveis dentro da caixa de transmissão, mas não são projetados para operar em todos os torques teoricamente possíveis. Uma lastragem insuficiente faz com que os pneus patinem excessivamente, diminuindo a potência disponível para tracionar um implemento. O uso prolongado nessa situação provoca o desgaste prematuro da banda de rodagem do pneu e, com as rodas necessitando girar para percorrer a mesma distância, o trator acaba gastando mais combustível. A lastragem excessiva reduz a patinagem mas aumenta a compactação do solo e a resistência do mesmo ao movimento do pneu. Além disso, muito peso pode causar sobrecarga no eixo de tração (excesso de torque) e desgaste da parede lateral do pneu.

Para uma lastragem adequada é importante respeitar a capacidade de carga do pneu e a distribuição de peso do trator na condição estática, de acordo com sua configuração de tração (ver quadro 1 -

) e buscar a compatibilização do esforço necessário com a velocidade de trabalho e a patinagem.

A distribuição de peso entre as rodas dianteiras e traseiras afeta a estabilidade do trator. Num trator 4 x 2 as rodas dianteiras devem conduzir peso suficiente para possibilitar adequado controle do esterçamento e evitar o empinamento para trás quando tracionando um implemento. No caso de implementos montados e semi-montados a necessidade de carregar o eixo traseiro é menor porque eles transferem considerável quantidade de peso para a traseira do trator, que contribui para a tração. Os tratores 4 x 4 (rodas iguais), que são mais pesados, têm mais capacidade de tração do que os tratores 4 x 2 e, normalmente, estão prontos para o trabalho de campo sem necessidade de lastro adicional. A figura 1 exemplifíca que a eficiência de tração (conversão de potência fornecida em potência útil) é afetada pela quantidade de lastro, e depende também da condição de superfície do solo. (ver figura 2). Em solo arenoso ou solto a faixa ótima de patinagem é de 13 a 16%, em solo firme e macio (já cultivado) varia de 10 a 13% e em solo duro varia de 8 a 10%, para tratores 4 x 2.

Na prática, é comum observar-se dois exemplos indesejáveis: patinagem zero ou acima de 20%. Se a primeira representa o perigo de compactação (o trator está carregando peso desnecessário), a outra representa perdas de velocidade e de potência, enfim, perda de produtividade e maior gasto de combustível, pois o motor está liberando combustível para um trabalho que não está sendo feito.

IAC

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