Como planejar o manejo de doenças da soja

Aprenda como planejar o manejo de doenças como a ferrugem-asiática e a macha-alvo em soja, de modo a obter eficiência de controle e reflexos positivos na produtividade

24.08.2020 | 20:59 (UTC -3)

Os planos para o manejo de doenças muitas vezes não atingem as expectativas, seja pela realidade climática ou pelo cenário de resistência. Quando se planeja um programa de manejo para as doenças da soja, busca-se avaliar qual o principal alvo, de acordo com sua ocorrência na região, e impacto econômico. Porém, também é preciso avaliar qual fase fenológica do desenvolvimento da cultura é mais importante, do ponto de vista epidemiológico, para o referido alvo. O monitoramento é indispensável para evitar que o ambiente afete a assertividade das expectativas e, claro, evitar o uso de moléculas isoladas ou repetidamente, sob o risco de não controlar devido à resistência.

Para a safra 2020/21 de soja, é necessário estar atento aos resultados de pesquisa, mostrando que o processo (como é usado o fungicida) tem mais impacto nos resultados de produtividade que o fungicida em si. Em outras palavras, muitas vezes há preocupação com a escolha do melhor produto, quando, na verdade, o “capricho” no processo de utilização é muito mais importante. Programas de aplicações iniciados mais preventivamente, apresentaram produtividade de até 8 sc/ha a mais quando comparados a programas iniciados mais curativos, mais “tarde” no ciclo da soja. Os intervalos entre as aplicações de um programa, também importante, com mais de 15 dias entre aplicações, podem roubar até 4 sc/ha em um plano com quatro aplicações.

O componente fisiológico deve ser considerado para estruturar um bom plano de manejo de doenças. No desenvolvimento da soja as folhas são os principais atores, em que tanto as doenças, como as aplicações de defensivos, buscam vencer. E durante a fase vegetativa, onde a planta ainda não possui estruturas de dreno de fotoassimilados, como flores e vagens, o estado energético da planta oferece alta oferta de energia para defesas contra doenças, fazendo com que se desenvolvam de forma lenta nessa fase. Assim, o início do controle, preventivo nessa fase, oferece a possibilidade de construir o manejo de doenças à medida que a planta está construindo sua área foliar. Pois na fase vegetativa é o momento em que a planta pode melhor responder aos estímulos das tecnologias utilizadas, como indutores de resistência, nutricionais e até mesmo os fungicidas. Produzindo assim uma realidade muito mais promissora para a fase reprodutiva, e certamente uma expectativa de resultados muito mais realista em relação aos planos almejados.

No outro lado, o componente fitopatológico também apresenta uma baixa possibilidade de que as doenças sejam epidemicamente fortes na fase inicial da cultura. O inóculo, mesmo em condições de monocultura, ou em sistemas como soja/algodão, tende a ser baixo na fase vegetativa. As doenças presentes na área irão apresentar uma fase epidêmica inicial lenta, diretamente proporcional à quantidade de inóculo. Seja esse inóculo inicial interno da lavoura, presente nas sementes ou na palhada do cultivo antecessor, ou externo à lavoura em plantas voluntárias, preservando especialmente os biotróficos, como ferrugem. Dentro de uma expectativa de semeadura de acordo com as recomendações, as doenças levarão um tempo até produzirem inóculo suficiente, assim como a planta para produzir área foliar suficiente, para que uma epidemia com alta pressão se estabeleça.

E justamente nessa janela tática que se deve agir para construir o controle de doenças, manejando resistência. Afinal, o melhor manejo de resistência de fungos a fungicidas ainda é a aplicação preventiva, na ausência de sintomas, logrando com isso os melhores resultados econômicos (produtividade). Porém, planejar, expectar é fácil, difícil é conseguir contornar os fatores técnicos, operacionais e, pior ainda, climáticos, de modo a atingir o resultado projetado. Onde geralmente as expectativas dificilmente alcançam a realidade. Mas um dos principais fatores que têm frustrado bons resultados, mesmo em situações de investimentos robustos em fungicidas para soja, é a resistência, com sua dinâmica diversa e difícil a cada safra, e como não bastasse, resistência para diferentes doenças da cultura da soja.

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