Couve-flor: Técnica certa

Pequenas dicas podem incrementar significativamente a produção da olerícola. Veja como produzir couve-flor, desde o preparo do solo e a formação de mudas até a colheita, não esquecendo da adubaç&atil

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

A divulgação dos benefícios das hortaliças à saúde gera novas pesquisas sobre as vantagens que os compostos bioativos trazem à saúde das pessoas. Setenta por cento dos consumidores americanos já sabem e concordam que as hortaliças contêm componentes ativos que reduzem o risco de doenças e prolongam a expectativa e a qualidade de vida. A couve-flor é uma olerícola que, como o brócolos e o repolho, pertence à família das crucíferas. Estes vegetais sempre tiveram destaque.

A couve-flor é considerada um alimento funcional, não só pela sua função reguladora do trânsito intestinal, como pela grande quantidade de fibras, sais minerais, de cálcio, potássio, enxofre, sódio, fósforo, magnésio e ferro. Além disso, é rica em vitaminas A, B1, B2, B5 e C. Por esses motivos, a couve-flor tem sido mais procurada pelos consumidores, fazendo com que as indústrias aumentem suas áreas de produção e manufatura.

Na cultura, observe-se que a espécie é sensível ao clima e tratos culturais. Tem exigências termoclimáticas específicas e manejo diferenciado. Por esta razão recomendamos aos produtores, principalmente aos do híbrido Silver Streak, da Asgrow, os seguintes passos para o êxito de seu cultivo.

Escolha da cultivar

O setor mais exigente é a indústria, que busca materiais com alta qualidade agronômica, de processamento e, ao mesmo tempo, organolépticas, que dizem respeito à textura, firmeza e sabor do produto final.

Em relação às exigências termoclimáticas pode se dividir em três grupos:

• Precoces de verão - Não precisam de frio e resistem ao calor. A temperatura ideal para a formação de cabeça situa-se em torno dos 20 a 25°C, mas suportam temperaturas superiores aos 30°C, sem distúrbios fisiológicos.

• Frio moderado - Adaptam-se aos cultivos para colheita em meia-estação, que necessitam de frio suave a moderado de 15 a 20°C para formar as cabeças. Temperaturas acima de 28 a 30°C induzem a excesso de crescimento vegetativo e à formação de cabeças pequenas, de coloração vermelha e com pelos, imprestáveis para comercialização.

• Exigentes em frio - São tardias, de grande vigor e muito exigentes em frio. Sua faixa ideal para formar a cabeça fica em torno de 5 a 10°C. Quando submetidas a temperaturas altas tornam-se improdutivas ou acéfalas.

Produtores que não observaram as características dos materiais que plantam têm sido mal sucedidos. É aconselhável observar a época de plantio, estreitamente relacionada com as características termoclimáticas da cultivar.

A indústria concentra seus plantios de janeiro a junho, quando a temperatura é moderada e se obtém o máximo de qualidade da matéria-prima.

Local de produção

A couve-flor requer solos trabalhados, adubados, bem estercados, profundos e bem drenados. É bom notar que a espécie, diferente do repolho e do brócolos, não tolera solos ácidos e é mais exigente em nutrientes. Por isso, recomenda-se escolher os locais para a produção.

Preparo do solo

A análise de solo é fundamental e deve ser providenciada com três meses de antecedência. Depois, sugere-se uma aração profunda para incorporação dos restos culturais e metade da dosagem do calcário recomendado. Uma gradagem deve ser feita dias depois para a colocação da segunda metade do calcário. Uma semana antes do transplante, recomenda-se uma segunda gradagem perpendicular à anterior e, posteriormente, a formação dos canteiros.

A couve-flor é a espécie olerícola mais exigente em cálcio e jamais se deve esquecer a prática da calagem, de modo a elevar-se o pH para 6,0 a 6,8 e a saturação de bases a 85%. O pH elevado tem por finalidade atender suas exigências em cálcio e magnésio, bem como prevenir a incidência de Hérnia.

Matéria orgânica

Além de contribuir para a melhor estrutura física do solo, aspecto fundamental para que as raízes cheguem a 1 metro de profundidade, o esterco fornece o nitrogênio essencial para a formação das plantas e os micronutrientes, especialmente o B, Mo e Zn, importantes para a cultura.

Diferentemente de outras hortaliças, a couve-flor agradece doses maiores de esterco, normalmente curtido e estabilizado. Porém, não se deve passar de 5t de esterco de galinha ou 20t de esterco de gado.

Formação de mudas

A maioria dos produtores utiliza bandejas para a produção de mudas. Elas devem crescer em substratos ricos em fósforo e balanceados na proporção de uma parte de nitrogênio para uma parte de potássio, de modo que as plântulas nasçam fortes e vigorosas.

A temperatura ideal dentro das estufas deve oscilar entre os 20 e 25° C. O transplante ocorre quando as mudas tiverem 5 a 6 folhas definitivas ou 10 a 12 cm. Não recomendamos o uso de mudas passadas, estressadas ou fora do padrão.

A complementação foliar de micronutrientes na fase de muda é indispensável e, por isto, devemos fazê-la em relação ao B e Mo. Para o plantio de Silver Streak sugerimos que os produtores façam duas aplicações de molibdato de sódio, a 2 ou 3 g por litro de água, aos 13 e 20 dias da sementeira. Já em relação ao boro recomendamos outras duas aplicações aos 15 e 25 dias na base de um grama por litro de água também.

Espaçamento das plantas

A couve-flor possui plantas grandes. Por isso considere-se um espaçamento mais largo entre plantas, de 0,45m a 0,50m entre elas e 0,80m a 0,90m entre ruas, quando a finalidade é a produção para mercado "in natura"; ou 0,45m entre plantas em linhas duplas de 0,80m entre si, sobre canteiros que geralmente têm 1,10m de largura, sempre que o plantio for debaixo do pivô central, para processamento.

Desta maneira, a densidade de plantas não deverá ser superior a 20 mil ou 25 mil unidades por ha. No caso de os produtores usarem híbridos precoces, a vantagem é o maior adensamento populacional, que permitirá chegar a 30 mil ou 35 mil plantas por ha, com um incremento na produção, principalmente no cultivo em pivô central.

Adubação química

Os produtores devem almejar couves-flores grandes, pois o tamanho é proporcional ao peso das cabeças. A produtividade e a qualidade do produto final dependerão, fundamentalmente, da adubação.

Dependendo da quantidade do esterco e do resultado da análise de solo, sugere-se o cálculo do nitrogênio a ser colocado durante o plantio. Considerando-se uma fertilidade mediana, recomendamos de 180 a 200 kg de N; 350 kg de P205 e 300 kg de K20, durante o ciclo.

Como o Ca é um dos macronutrientes mais importantes nesta cultura, sugerimos que os produtores utilizem fórmulas balanceadas com Nitrato de Cálcio e Nitrato de Amônio como fonte de N. Para a adubação de plantio, sugerimos adubos balanceados na proporção de 1N:4P:2K (Ex: 4-14-8) na base de 2.500 kg por ha.

É fundamental fazer a primeira cobertura 15 dias após o transplante, com adubos na proporção de 1N:0P:1K (Ex: 12-00-12+Ca) na quantidade de 400 a 500 kg por ha.

A segunda cobertura é efetuada 20 dias após a primeira, com adubos na proporção de 1N:0P:3K (Ex: 10-00-30-+Ca) na razão de mais 500 kg por ha.

A falta do suprimento de Ca, nas quantidades adequadas para esta cultura, poderá acarretar a diminuição da qualidade, a menor conservação pós-colheita ou a perda efetiva da produção. Em relação às deficiências de B e Mo, elas geralmente ocorrem em solos pobres de matéria orgânica ou em lavouras sem a devida adubação orgânica.

Contudo, como prevenção, aconselhamos os produtores a aplicarem de 20 a 40 kg de Bórax por ha por ocasião do plantio, mais as aplicações de Molibdato de sódio na fase de mudas.

Controle de ervas daninhas

O controle de ervas daninhas deve ser feito por meios mecânicos e complementados manualmente durante o crescimento vegetativo da cultura.

Para cultivos de áreas maiores, os produtores poderão recorrer a herbicidas; são mais comuns os seguintes: Trifluralina - geralmente usado em pré-plantio incorporado; Oxyfluorfen - pré-plantio; Alaclor ou Propachlor - pós-emergência depois do transplante; Sethoxydim (Poast ou similares) - Pós-emergente para controle de ervas de folhas finas.

O uso de Oxyfluorfen (Goal), tem sido cada vez mais adotado, pelo seu controle efetivo para ervas de folhas largas. Para a obtenção de melhores resultados com este herbicida, sugerimos a dose de 1,5 l a 2 l por ha; é necessária uma rega boa pela manhã, com aplicação à tarde e regas posteriores diárias por, pelo menos, três dias consecutivos até que se proceda à operação de transplante. Estes herbicidas, entretanto, só podem ser usados quando tiverem registro para couve-flor.

Manejo de água

A cultura exige um crescimento amplo e contínuo, principalmente nos primeiros 2/3 do ciclo. Assim, o fornecimento adequado de água é um dos segredos para o êxito na produção. De 20 a 25 mm de água por semana é o ideal. Qualquer déficit hídrico poderá comprometer o resultado final.

No caso da Silver Streak, aconselhamos redução na irrigação por aspersão ao mínimo tão logo as cabeças cheguem à fase intermediária de crescimento. Preserva-se assim sua integridade e conservação após colheita.

Pragas e doenças

Este tópico é muito importante no manejo de couve-flor. Para os produtores que desconhecem esta técnica, recomendamos que recorram a um engenheiro agrônomo especializado para a recomendação dos melhores métodos de controle das pragas e doenças. Chamamos especial atenção para o controle de pulgão, trips e mosca branca no início da cultura e traça ou lagartas por ocasião da formação das cabeças.

Ponto de colheita

Diferentes mercados exigem tamanhos específicos de cabeça. Por isso, o ponto de colheita é fundamental e determina efetivamente a qualidade do produto final.

Lembramos a todos que conforme o nome da espécie, o produto em questão é uma flor, altamente perecível e suscetível a qualquer dano provocado pelo excesso de sol, excesso de água, etc.

A maioria dos consumidores e processadores valoriza mais as cabeças de coloração branca muito clara. A prática que muitos agricultores usam para potencializar a coloração do produto final é o fechamento das folhas externas dos pés, tão logo as cabeças iniciem o seu crescimento, com elásticos, ou pequenos espetos de bambu que funcionam como presilhas. Seguindo todas estas recomendações técnicas, estamos certos de que a maioria dos produtores terá êxito com o plantio.

Carlos Alberto Tavares

Asgrow

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