Escolha correta de subsoladores

É necessária avaliação criteriosa levando em conta condições onde serão utilizados, profundidade que se deseja trabalhar e potência do trator que irá tracionar

22.07.2020 | 20:59 (UTC -3)

No momento da seleção e aquisição de subsoladores é necessária uma avaliação criteriosa levando em conta as condições onde serão utilizados, a profundidade que se deseja trabalhar e a potência do trator que irá tracionar. Depois é só escolher entre os mais de 130 modelos comercializados no Brasil e optar pelo mais adequado para sua propriedade.

Devido à expansão das áreas de cultivo, à necessidade de obtenção de altas produtividades, à evolução da tecnologia empregada em máquinas e implementos agrícolas, além da disponibilidade de linhas de créditos, ocorreu um crescimento da demanda de diversos implementos agrícolas promotores do preparo de solo, incidindo em um aquecimento de mercado na indústria que os desenvolve.

As operações agrícolas de preparo de solo podem ser definidas tomando como base a fonte de potência, como métodos manuais ou mecanizados. Estes têm por finalidade promover condições favoráveis para a semeadura, germinação das sementes, emergência das plântulas, destruição e incorporação de resíduos culturais, eliminação de plantas daninhas, além da descompactação dos solos com o objetivo de melhorar a infiltração de água, bem como auxiliar no crescimento radicular da cultura.

A compactação é um problema que atormenta o cenário produtivo dos agricultores, sendo um dos fatores promotores para o surgimento do sistema de plantio direto e da agricultura de tráfego controlado.
A compactação é um problema que atormenta o cenário produtivo dos agricultores, sendo um dos fatores promotores para o surgimento do sistema de plantio direto e da agricultura de tráfego controlado.

Atualmente, pela competitividade do mercado agropecuário, busca-se a obtenção de elevadas produtividades com o objetivo de otimizar a extração de recursos dos solos agrícolas e suprir os custos de implantação e investimentos da lavoura. Como consequência, tem-se um acréscimo em larga escala na intensidade do uso desses solos, implicando aumento da trafegabilidade de máquinas e implementos agrícolas para o manejo das áreas exploradas.

Esses fatores, atrelados a condições inadequadas de manejo, favorecem grandes alterações estruturais nos solos agrícolas, sendo apontada a compactação como a principal causa destas mudanças. A compactação é a alteração da forma e estabilidade estrutural das propriedades do solo, modificando assim o arranjo das partículas constituintes. Dessa maneira, ocorre uma redução no seu volume (menor porosidade total), afetando os mais diversos processos físicos, químicos e biológicos. Estes impedimentos, além de reduzirem o potencial produtivo das áreas, podem favorecer a erosão e/ou limitar o crescimento radicular das plantas, o que prejudica a exploração de áreas de solo em busca de água e nutrientes.

A compactação é um problema que atormenta o cenário produtivo dos agricultores, sendo um dos fatores promotores para surgimento do sistema de plantio direto e da agricultura de tráfego controlado, a qual visa concentrar a passagem das máquinas em um mesmo local no campo. Neste contexto, os subsoladores podem ser citados, pois o crescimento da sua utilização para a descompactação mecânica do solo nas propriedades agrícolas tem o tornado um dos implementos mais ofertados e adquiridos no mercado nacional.

A compactação do solo, além de reduzir o potencial produtivo das áreas, favorece a erosão e limita o crescimento radicular das plantas em busca de água e nutrientes.
A compactação do solo, além de reduzir o potencial produtivo das áreas, favorece a erosão e limita o crescimento radicular das plantas em busca de água e nutrientes.

Entretanto, para a seleção e regulagem correta deste equipamento é imprescindível observar as informações contidas nos catálogos técnicos e manuais disponibilizados pelas empresas, os quais são uma forma de comunicação com objetivos comerciais e informacionais.

Estes materiais não precisam, necessariamente, transmitir todas as informações sobre um determinado produto, pois um excesso de dados pode causar dificuldade de assimilação pelo receptor, consequentemente sua insatisfação (Schmid, 2006). Porém, a escolha correta das informações que serão disponibilizadas, juntamente com a qualidade destas, são requisitos essenciais para a confecção de um catálogo técnico completo.

A partir disso, objetivou-se analisar, relacionar e avaliar as características técnicas dimensionais e ponderais (relativas à massa) dos subsoladores agrícolas nacionais, a fim de subsidiar a seleção do modelo mais adequado às necessidades específicas do agricultor.

Primeiramente, foi realizada a identificação dos fabricantes nacionais de subsoladores agrícolas. Logo após, foram catalogados os modelos comercializados e sucedeu-se o levantamento das características dimensionais e ponderais destes equipamentos, que foram obtidos através de catálogos técnicos, manuais e folhetos, totalizando 139 modelos disponibilizados por 25 empresas.

A partir disso, construiu-se um banco de informações organizadas em uma planilha eletrônica, analisando e quantificando as variáveis separadamente, sendo elas: largura de trabalho (m), massa (kg), potência requerida (cv), número de hastes e profundidade de trabalho (cm). Posteriormente à conclusão da coleta de dados foi criada uma classificação de acordo com o número de hastes descrita na Tabela 1.

Figura 1 - Médias, Máximos e Mínimos da relação potência/largura de trabalho (RPL)
Figura 1 - Médias, Máximos e Mínimos da relação potência/largura de trabalho (RPL)

A relação potência/largura de trabalho (RPL) pode ser observada na Figura 1. Essa relação (RPL) se comportou de modo constante, apresentando proporcionalidade entre as médias, ou seja, o aumento da largura acarreta em um incremento na demanda de potência em todas as classes estudadas. Isso se deve em virtude de que a largura de trabalho geralmente é aumentada em maior proporção com o incremento do número de hastes, gerando aumento da demanda de potência. Observando a variação do número de hastes nos implementos e, com isso, da largura de trabalho conforme as classes, não há tendência de aumento ou redução proporcional da potência tanto com o aumento da largura quanto com a redução.

Lembrando que a largura de trabalho está associada ao espaçamento entre as hastes, que por sua vez é influenciado pela profundidade de trabalho, sendo que essa é determinada pela largura da ponteira (veja Box 1). Dessa forma, é a largura da ponteira que influencia estas importantes regulagens, sendo que em determinados implementos, problemas estruturais podem interferir nas regulagens adequadas à ponteira escolhida. Como exemplo, a roda limitadora de profundidade pode não permitir que se alcance a profundidade desejada e o formato estrutural do chassi, que poderá impedir a disposição adequada das hastes.

Figura 2 - Média, máximo e mínimo da variável potência/profundidade ou força específica (FE)
Figura 2 - Média, máximo e mínimo da variável potência/profundidade ou força específica (FE)

Na Figura 2 está disposta a relação potência/profundidade de trabalho para cada classe de subsoladores agrícolas. Para esta relação, que também é chamada de força específica, observamos que com o aumento do número de hastes ocorre um incremento de potência por unidade de profundidade, sendo esse incremento mais acentuado na classe IV, pois nesta classificação estão englobados subsoladores de até 17 hastes, apresentando assim uma amplitude nos resultados de até 11cv/cm. Outro fato é que subsoladores que apresentam um maior número de hastes necessitam de uma estrutura (chassi) maior e mais resistente, tendo estes uma maior massa, o que em consequência requer maior potência, este caso também pode ser visualizado na Figura 4. As razões Média, Máximo e Mínimo, entre a massa e o número de haste, estão dispostas na Figura 3.

Figura 3 - Média, Máximo e Mínimo da variável massa/número de haste (RMHa)
Figura 3 - Média, Máximo e Mínimo da variável massa/número de haste (RMHa)

Com relação à razão entre a massa e o número de hastes, ocorre um acréscimo da massa dos subsoladores com o aumento do número de hastes devido ao maior tamanho da estrutura porta-ferramentas (chassi). Apesar de ocorrer esse incremento nas médias com o aumento das classes, podemos observar que nas classes II e III os valores máximos foram bem superiores, isso acontece pois nessas classes foram englobados subsoladores destinados ao setor canavieiro. Esses são projetados para romper compactações de até 62cm de profundidade, com isso a estrutura de acoplamento dos órgãos (chassi) necessita uma maior quantidade de material para suportar maior grau de esforço (ferro, metal).

Figura 4 - Média, Máximo e Mínimo da variável massa/potência
Figura 4 - Média, Máximo e Mínimo da variável massa/potência

A variação da relação massa por demanda de potência, para as diferentes classes de subsoladores, está ilustrada na Figura 4. Ocorreu um aumento da massa do chassi do porta-ferramentas e das hastes em relação à demanda de potência, ou seja, quanto maior o implemento (número de hastes), maior a demanda de potência requerida ou utilizada apenas tracionando a estrutura. Isso significa que a resistência ao rolamento é maior conforme o aumento do número de hastes. Tal fato também consta na relação potência por profundidade, pois a resistência ao rolamento (demanda de tração para tracionar o implemento sem estar preparando o solo) é maior com o aumento da classe.

Conclui-se que, no momento da seleção e aquisição do equipamento existe a necessidade de uma avaliação criteriosa, pois as particularidades de cada um deverá suprir as necessidades que este irá desempenhar. A relação potência por largura de trabalho se comporta de maneira constante, indiferentemente do número de hastes, podendo ser utilizada para auxiliar a seleção do conjunto trator/implemento. Com aumento do número de hastes (largura de trabalho) aumenta-se a massa dos subsoladores, consequentemente o requerimento de potência.

BOX - Profundidade de trabalho

5 a 7 vezes a largura da ponteira.
Espaçamento entre hastes:
Para ponteiras estreias 1 a 1,5 vez a profundidade;
Para ponteiras aladas 1,5 a 2 vezes a profundidade.


Rafael Sobroza Becker, Airton dos Santos Alonço, Tiago Rodrigo Francetto, Dauto Pivetta Carpes, Bruno Zart, Laserg/UFSM 


Artigo publicado na edição 168 da Cultivar Máquinas

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