Guerra à Lagarta Militar

Especialistas dão dicas para controle da lagarta militar (Spodoptera frugiperda Smith 1797), praga que a cada ano adquire maior importância na cultura do algodão no Brasil.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

A lagarta militar ou lagarta do cartucho do milho, cujo nome científico é

Smith 1797 (Lepidoptera: Noctuidae) vem aumentando de importância ano após ano na cultura do algodoeiro, em diferentes regiões produtoras, com destaque para o cerrado. Uma série de fatores (condições climáticas favoráveis, aplicações excessivas e inadequadas de inseticidas, especialmente do grupo dos piretróides, rotação do algodoeiro com milho, entre outros) contribuem para o surgimento e, conseqüentemente, explosão populacional dessa praga.

O adulto é uma mariposa de coloração cinza-marrom com pontos claros na região central de cada asa, medindo cerca de 35cm de envergadura; as fêmeas colocam em média 143 a 250 ovos em massa. Em camadas sobrepostas, geralmente três, podendo apresentar cinco a seis camadas, em ambas as superfícies da folha, mostrando certa preferência pela superfície superior.

Nos Estados Unidos, essa praga vem se tornando tolerante à maioria dos inseticidas convencionais, o que dificulta o seu controle. Naquele País, o manejo tem sido possível com inseticidas reguladores de crescimento, como o Diflubenzuron, Lufenuron, entre outros, além de inseticidas à base de vírus, como Spodo X.

No Brasil e na Bolívia as dificuldades de manejo de

estão associadas às condições climáticas favoráveis aliadas ao sistema de cultivo, no qual os produtores fazem rotação com o seu principal hospedeiro, o milho.

O controle químico é o método mais indicado, principalmente pela aplicação de Carbaril, Deltametrina, Deltametrina+ Triazophos, Thiodicarb, Malation e Permetrina, contudo, o alto custo dos inseticidas e seus efeitos negativos, o controle biológico vem-se tornando cada vez mais viável através da utilização de patógenos, dentre os quais os vírus da poliedrose nuclear (VPN) e o vírus da granulose (VA) pertencente ao grupo Baculovírus, são os mais promissores, pois além do fácil manuseio, esses patógenos possuem grande capacidade de multiplicação em Laboratório e são inócuos ao homem. Outra opção de controle disponível para o cotonicultor é a utilização de produtos ovicidas associados a um regulador de crescimento de inseto como Methomyl mais Diflubenzuron, e outros produtos fisiológicos. O controle biológico via liberação inudativa de

sp. também é uma opção viável.

Os cotonicultores poderão utilizar espécies vegetais não-hospedeiras desse inseto intercaladas com o algodoeiro para a atração, colonização e posterior incremento de inimigos naturais e/ou agentes biorreguladores dessa praga tais como crotolária, girassol, guandu, canola, entre outras.

Estágio inicial da postura (fase de ovo)

Uma forma prática de se observar as massas de ovos deste inseto é dobrar a parte superior da planta e observar coletivamente na superfície inferior das folhas; 80 a 100 plantas em áreas pequenas até 10ha; acima disso, repetir o processo.

Não existe uma forma de se saber a margem de erro no processo amostral; no entanto, parece lógico que 4 a 5 massas de ovos por 50 plantas seria a indicação para o nível de controle.

De acordo com as observações práticas realizadas em flores durante o caminhamento, tem-se uma forma de detectar infestações dessa lagarta na lavoura algodoeira. Sugere-se, como nível de controle, observando-se a estrutura reprodutiva, 10% de infestação.

O método mais adequado e preciso para se avaliar a infestação dessa praga é, certamente, o que considera a contagem de frutos por 4m de fileira em 10 locais para cada hectare da área cultivada, o que resultará numa medida precisa da informação. No entanto, devido aos aspectos peculiares desse inseto, o controle poderá não ser efetivo neste período.

Áreas de produção de milho e sorgo podem ser amostradas, servindo como base para a detecção da lagarta; em alguns casos, isso pode indicar a magnitude da infestação no algodoeiro.

e

Embrapa Algodão

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