Importância do subsolador ideal para cada condição de solo

O uso do plantio direto tem reduzido custos e trazido benefícios para as lavouras. No entanto, a subsolagem é uma operação fundamental nestas áreas e escolher o subsolador ideal impacta diretamente nas condiç&

02.12.2016 | 21:59 (UTC -3)

O uso do sistema de manejo de plantio direto (SPD) que surgiu no Brasil na década de 1970, atualmente predomina no território brasileiro. Segundo a Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha, em 2006 o Brasil passou para 25,5 milhões de hectares, atualmente, já deve ter passado os 30 milhões de hectares. Através da semeadura, sem preparo de solo e sobre a palha da cultura anterior, o SPD é reconhecido como a maior revolução na agricultura de regiões tropicais e surge como uma das maiores tecnologias no meio científico na área da ciência agrária, pois reduziu operações e custos com máquinas agrícolas, sendo também um grande benefício para os problemas de erosão provocados pela remoção do solo.

Os benefícios são inúmeros, pois quando se mantém a palha das culturas anteriores há maior retenção da umidade. Como não tem incidência direta do sol, a temperatura do solo se mantém inferior, consequentemente possibilita a maior resistência da cultura em períodos de seca, redução da erosão e perdas de fertilizantes, aumento da matéria orgânica e melhorias nas estruturas física e química contribuindo para maior produtividade das culturas.

Contudo, após anos que este sistema está implantado, o solo vem apresentando alguns problemas de compactação, os quais se agravam pelo não revolvimento de solo e pelo seu uso intensivo. O aumento no tamanho de tratores, semeadoras e distribuidores de fertilizantes, resultado da demanda de alta capacidade operacional ao longo do tempo, aumentou a carga ao solo, e isso, combinado à inflação inadequada dos pneus e às operações em condições elevadas de umidade do solo, potencializa o problema.

O solo quando compactado tem redução de macroporosidade, que é a quantidade disponível de ar que o solo proporciona às plantas, sendo que abaixo de 10% o desenvolvimento da planta começa a ser comprometido pela falta do mesmo. A infiltração de água diminui, acarretando um maior escorrimento de água sobre o solo, gerando erosão e, principalmente, diminuição de armazenagem de água, fazendo com que os problemas de estiagem sejam cada vez mais agravados e perceptíveis ao longo do tempo.

Nas operações, sob ponto de vista da máquina, a compactação gera: aumento da exigência de potência do trator para tracionar um implemento; aumento do índice de patinagem e desgastes nos seus mecanismos, aumentando significamente o consumo de combustível e de custos de manutenção; diminuição na profundidade e corte irregular da palhada no plantio.

Frente a isso tem-se duas alternativas para resolver o problema da compactação: a primeira é o uso de plantas ditas como “descompactadoras", pois essas plantas possuem o sistema radicular agressivo que consegue romper algumas camadas melhorando a estrutura física. Mas o uso desta técnica requer tempo e bom manejo, algumas vezes pode ser inviável, pois algumas culturas são semeadas exclusivamente para esta finalidade e não trazem retorno econômico direto, apenas indireto. A segunda alternativa é escarificação ou subsolagem, que resolve o problema de imediato, contudo, há dúvidas sobre quando fazer e o tempo de duração dos seus efeitos no solo.

Com uso de escarificadores em solo sob semeadura direta tem-se o chamado cultivo reduzido ou cultivo mínimo, nomeação comumente empregada por pesquisadores da área das ciências agrárias. Tal processo consiste em mobilizações de até 30cm de profundidade. Vale ressaltar a diferença entre escarificador e subsolador, o subsolador possui os mesmos mecanismos do escarificador, porém, são mais robustos, uma vez que este implemento atua a profundidades de até 60cm.

O subsolador convencional possui alguns problemas operacionais como alteração da rugosidade superficial do solo, incorporação de palha e embuchamento. Quem nunca subsolou uma área com uma boa palhada e teve que parar a operação para desembuchar? Frente a esses problemas, uma pesquisa realizada no IFRS - Campus Sertão, buscou comparar a eficiência entre esses subsoladores, na porcentagem de palha sobre a superfície, quantidade de palha incorporada e a resistência do solo (para ver como foi o trabalho no solo). Em uma lavoura com palha de centeio, aproximadamente 4,9t/ha, o subsolador convencional manteve apenas 35,75% da palha sobre a superfície, contra 75,13% do subsolador com disco de corte, conforme é visualizado na Tabela 1, ou seja, o disco de corte deixou 2/3 da palha acima do solo, já o outro foi quase que o contrário, colocou quase que 2/3 abaixo.

Tabela 1 - Quantidade em toneladas e incorporação de palha em relação ao tipo de subsolador utilizado comparado ao plantio direto

Tratamento¹

IP

Palha

Produtividade

%

t/ha

kg.ha-1

Plantio direto

-

4,88 a

4196 a

Subsolador convencional

75,13 a*

2,57 c

4030 a

Subsolador com disco de corte

35,75 b

3,50 b

4052 a

Coeficiente Variação (%)

15,87

14,67

20,37

Tratamento¹

IP

Palha

Produtividade

%

t/ha

kg.ha-1

Plantio direto

-

4,88 a

4196 a

Subsolador convencional

75,13 a*

2,57 c

4030 a

Subsolador com disco de corte

35,75 b

3,50 b

4052 a

Coeficiente Variação (%)

15,87

14,67

20,37

Na prática, operacionalmente o subsolador convencional gerou vários embuchamentos, conforme é possível visualizar na Figura 2A, o que em nenhum momento foi encontrado no subsolador com disco de corte. Outro ponto relevante foi a alteração da rugosidade superficial do solo, conforme é visualizado na Figura 2B, em que na parte da direita é visível a alteração da rugosidade, a variação da palha sobre a superfície, já na área da esquerda parece que não foi mexido ou parece que foi semeado.

Olhando para os dados de cobertura, palha sobre a superfície, o subsolador convencional deixou 2,57t/ha contra 3,5t/ha do outro, isto só comprova a incorporação que foi realizada pelo primeiro.

Embora o subsolador com disco de corte tenha apresentado esses benefícios na manutenção de palha e na rugosidade superficial do solo bem como os operacionais, não refletiram na produção do milho, pois tiveram as produções próximas. Isto é atribuído às características físicas do solo, pois ambos deixaram a resistência do solo similar, ou seja, o trabalho realizado pelas hastes abaixo é similar, as diferenças estão acima.

Tal constatação feita acima pode ser vista na Figura 3, em que há um gráfico que demonstra uma espécie de raio X do solo sobre a resistência na área ao redor das raízes. A linha de plantio estaria bem no meio de cada figura, é visível que no solo sob plantio direto as cores ficam mais claras logo nos 8cm, ou seja, maiores resistências, já nos subsolados não. Pegando como base 2.000kPa como restritivo para a planta, é visível que nos subsolados ela ocorre entre 15cm e 30cm, já no plantio direto está nos 8cm. Comparando as resistências entre os subsoladores não há uma diferença visível, comprovando que o trabalho das hastes é similar.

O trabalho na descompactação do solo pelos subsoladores é esperado ser similar, pois o que ocorre entre eles é que os torreões de solo que subirem pela ação da ponteira subsoladora irão encontrar o rolo nivelador/destorroador, o qual irá realizar a quebra desses e, com a ação do disco na frente da haste, além de cortar a palha já irá realizar um “rasgo" no solo, ou seja, uma leve ruptura que facilitará a ação da haste.

Cuidados devem ser tomados no uso de subsolador, pois, embora o que se busca na prática é aumentar a produção, precisa-se pensar na proteção do solo, pois frente a regimes pluviométricos, áreas com maior rugosidade na superfície sofrerão processos erosivos mais intensos, bem como maior cobertura de palha auxilia na manutenção da temperatura do solo, importante parâmetro na germinação de sementes e na manutenção de processos que há no solo.

Este artigo foi publicado na edição 135 da revista Cultivar Máquinas. Clique aqui para ler a edição.

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