Lucro pela eficiência

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

Na atual pecuária, há vantagens em criar animais que sejam adaptados, férteis, funcionalmente eficientes e hábeis conversores de alimentos. Com esta filosofia de trabalho em mente, é necessário investir em avaliações para melhorar o desempenho do rebanho.

A meta passa a ser a busca permanente de animais que geram progênies com combinações mais desejadas para servir na pecuária, tais como caracterização, conformação, musculatura, precocidade, alta libido e fertilidade, tamanho moderado, uniformidade, beleza funcional e o mais importante: criados a pasto.

A combinação entre tipo e funcionalidade resulta em animais com rusticidade, conversão alimentar e boa interatividade com o ambiente, melhorando a produtividade e os rendimentos do rebanho em todos os níveis.

A atenção na funcionalidade do rebanho é necessária, pois ela condiz com desempenho. A exemplo das fêmeas, elas devem parir cedo – e frequentemente – e desmamar um bezerro de qualidade, com 45% a 50 % do peso da matriz.

O objetivo do pecuarista precisa ser sempre produzir a maior quantidade de carne no menor espaço de tempo possível. O que pode ser conseguido com animais produtivos e precoces.

A falta deste enfoque tem grande impacto econômico na propriedade. O mal uso de informações ou a falta de um processo gerencial que meça a produtividade do rebanho poderá culminar em graves erros, os quais não são possíveis corrigir em menos de cinco anos. Antes de fazer análises e trabalhar com o gado, é interessante rever alguns fatores básicos como genética, ambiente e nutrição.

Ter um conceito claro destes três fatores, principalmente o ambiente, beneficia a escolha dos animais mais apropriados para cada região e cada um deles pode influir de diferentes formas no desenvolvimento do animal.

A escolha de uma raça ou mesmo de uma determinada linhagem deve levar em conta fatores como:

O fator de maior importância na relação entre o animal e o ambiente. Os animais dependem do nível nutricional total da forragem que o ambiente disponibiliza.

É o fator que determina o tipo de animal que pode ser mantido em determinada região.

Nas regiões onde o crescimento das plantas é de um tipo que se revela de baixo pH e fertilidade do solo, com gramíneas de qualidade inferior, os animais irão desenvolver-se menos que aqueles situados em regiões de pastagens melhoradas.

É um fator que exerce papel importantíssimo na produção de bovinos. Há necessidade de um programa eficiente de vacinações.

Carrapatos, mosquitos e moscas são perigosos para muitos animais em ambiente natural. As doenças transmitidas pelos carrapatos constituem um perigo real. Os animais não adaptados são presas fáceis para infestações. Deve-se utilizar um programa de manejo para combater as verminoses, combinado com a utilização estratégica de vermífugos que não influenciem na rusticidade do animal ou futuras gerações. Geralmente, animais com a densidade de couro mais dura são mais resistentes ao ataque de carrapatos e bernes.

São grandes trunfos nos dias atuais. A melhoria da capacidade genética, acompanhada do ambiente, irá se traduzir num aumento de produtividade. A pecuária de corte brasileira precisa utilizar estas ferramentas no sentido de produzir animais geneticamente superiores, que transmitam precocidade, maior eficiência reprodutiva e velocidade de ganho de peso, para melhorar a taxa de desfrute do nosso rebanho.

É bom sempre avaliar o meio em que os animais se desenvolveram, para que se possa fazer um comparativo da funcionalidade com base em um ambiente específico, sempre levando em conta os pontos citados anteriormente. Desta forma, o criador não terá surpresas na compra de animais que vieram de condições que não são as da propriedade dele.

Quando se utiliza uma tabela com dados descritivos dos animais é possível identificar itens desejáveis e indesejáveis, sendo possível encontrar exemplares de destaque no mercado.

Na medida em que aumenta-se os custos de criação e a intensificação do manejo em grandes rebanhos reduz-se o tempo disponível para uma atenção individual dos animais e os criadores tornam-se mais conscientes quanto à importância do uso do tipo funcional e suas vantagens no rebanho.

Decisões sobre melhoramento deverão se basear em informações de produção e conformação. Quanto mais precisas e completas estas informações, mais eficientes serão as decisões para o desenvolvimento do plantel na capacidade produtiva.

Quando se tem um sistema de avaliação das características significativas, que são hereditárias e de importância econômica, os parâmetros adotados oferecerão um meio de visualização interessante das importantes características de um animal.

A análise deve ser dirigida para atender a filosofia de criação de um animal de utilidade funcional, tendo padrões de tipo definidos, podendo ser designados de maneira exata e uniforme. Descrições documentadas de tipo são consideradas necessárias para um melhoramento duradouro.

É basicamente uma comparação entre cada animal do rebanho. Ela amplia a finalidade da avaliação, com novas considerações sobre as influências de manejo e ambiente. Classificado, o rebanho pode fornecer maiores evidências sobre a dominância ou recessividade de certas características específicas e seus impactos sobre a produção de carne.

A avaliação otimiza o progresso genético e simplifica o processo de criação, oferecendo recomendações para futuros acasalamentos, baseados em características de produção (mensurações), tipo, funcionalidade e mérito genético. Assim, temos maior lucratividade pelo aumento de produtividade do rebanho, maior longevidade das matrizes e padronização dos animais, tendo assim maior eficiência no gerenciamento de tempo e capital investido.

O animal tem de possuir uma individualidade atraente, com balanceamento harmônico de todas as partes para mostrar estilo e porte imponente, tendo estatura, cabeça, anterior, dorso, garupa, pernas e pés bem definidos.

Inclui o perímetro torácico e o “barril”. O comprimento do corpo, bem como a profundidade e largura decorrentes da extensão e curvatura das costelas, determinam, sobretudo, a capacidade corporal, combinando força e vigor. Está associado à capacidade de consumir grandes quantias de alimentos, principalmente forragens.

O perímetro torácico largo e profundo, formado por costelas longas e bem recurvadas, mostra bom arqueamento. O peito largo oferece espaço para os órgãos respiratórios e circulatórios. O perímetro torácico amplo é, em geral, acompanhado por um barril fortemente suportado por costelas bem espaçadas.

Animais de estatura média são econômica e funcionalmente mais eficientes.

De maneira geral, a força, constituição e qualidades são manifestadas na cabeça. Com focinho largo, narinas grandes e largas, a cabeça deve ter proporção e equilíbrio. Já seu comprimento deve ser moderado

Inclui peito e membros anteriores. Demonstra a força e a estrutura do corpo. O afastamento adequado entre os membros anteriores proporciona espaço necessário para o coração e os pulmões.

A linha superior reflete, de várias maneiras, a força geral da conformação do animal, estando incluídas as condições das pernas e pés e outras características ligadas à longevidade do animal. Dorso reto, cheio e lombo largo.

Considerando o nivelamento e amplitude, a garupa tem de ser larga, comprida na visão lateral, bem separada entre si e levemente inclinada dos íleos para os ísquios. A largura está relacionada com a facilidade de parto. Quanto mais larga a garupa, mais fácil será o nascimento do bezerro.

O comprimento do umbigo é importante quando nos referimos aos touros. Grande parte das pastagens do Brasil é de porte médio a alto e possui outras plantas, além de sujeiras como tocos. Nessas condições, touros com umbigo grande têm maiores chances de sofrer alguma machucadura no prepúcio, inviabilizando a monta.

Devemos considerar a posição das pernas e pés para que o animal caminhe com facilidade e sustente toda sua estrutura corporal. O ângulo de casco determina a longevidade dos animais e a durabilidade dos aprumos. Pés corretos são muito importantes para o funcionamento das pernas. Os pés devem ser conformados, de talões profundos (altos) e sola nivelada (casco).

É uma característica que gera bastante resultado econômico. Animais mais calmos ganham mais peso e têm melhor conversão alimentar. Além de o manejo ser mais seguro, os animais sofrem menos acidentes e produzem carne de melhor qualidade.

-Observamos que, do ponto de vista produtivo, selecionar utilizando somente características de desempenho não é suficiente para garantir a identificação dos melhores animais. A avaliação funcional considera o animal como um todo.

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