Mais plantas, menos espaço

Redução do espaçamento na cultura do milho aumenta o retorno, mas requer uma criteriosa análise da propriedade.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

Todos os anos, empresas privadas, órgãos estatais de pesqui-sa e produtores através de associações, buscam novas opções de práticas de manejo, visando aumentar a produtividade e a rentabilidade das diferentes culturas. Essas pesquisas são necessárias devido às modificações introduzidas nas características agronômicas dos híbridos e mudanças ocorridas no solo, nas condições climáticas e ambientais nas diferentes regiões do Brasil.

Dentre as práticas de manejo que receberam especial atenção nesses últimos anos, destaca-se a redução de espaçamento de milho para 45 a 50 cm. Entretanto, como toda e qualquer prática de manejo, a redução de espaçamento requer por parte dos produtores, análise prévia, visando obter benefícios através da adoção dessa prática.

Antes de o produtor efetuar a redução de espaçamento no milho é importante que ele faça um diagnóstico dos problemas existentes na propriedade. É de fundamental importância que ele tenha em mãos dados e informações que indiquem as razões da baixa produtividade ou mostrem os caminhos para aumentá-la.

Como em qualquer atividade, na agricultura não se pode investir sem prévio diagnóstico que aponte uma elevada margem de segurança sobre o que está influenciando os resultados da lavoura. Será de posse dessas informações que o produtor fará um adequado diagnóstico e, assim, investirá com um retorno assegurado.

Dentro desse diagnóstico, o produtor deverá analisar todos os fatores que poderão estar influenciando no resultado da sua lavoura, desde a data de plantio, seleção dos híbridos, nível de fertilidade do solo, distribuição de plantas, população de plantas, dentre outras. Esse diagnóstico será a base de todo o planejamento futuro da sua lavoura.

É comum produtores plantarem, além do milho, a soja e algodão. Assim, um dos maiores argumentos que os produtores têm usado, para buscarem a redução do espaçamento, é a maximização dos equipamentos, principalmente das plantadeiras, evitando as constantes modificações das linhas de plantio.

Com a adoção da redução do espaçamento no milho, segundo os produtores, haveria uma economia significativa em tempo, pois tanto a soja como o milho poderiam ser plantados com o mesmo espaçamento, ganhando tempo e flexibilidade no plantio.

Existe uma série de resultados contraditórios na maioria das áreas comerciais e de ensaios conduzidos até a presente data. Eles podem ser explicados por inúmeros motivos. Dentre os principais, destacam-se as diferenças significativas entre os híbridos quanto às características agronômicas (porte, área foliar, a inserção das folhas, etc); às diferentes respostas a determinadas práticas como a população de plantas; às diversas condições ambientais a que os materiais são submetidos favorecendo o aparecimento de doenças e por que na maioria das vezes, o principal responsável pela baixa produtividade na lavoura não é o espaçamento, mas sim a baixa saturação de bases do solo, acidez, distribuição de plantas, nível de fertilização, inadequada população de plantas, dentre outros.

Quando se reduz o espaçamento de milho de 80 cm para 45 cm, por exemplo, na média os resultados de pesquisa têm apresentado variações de 0% a 8%, sendo que os aumentos médios de rendimento têm sido da ordem de 4% a 6%. Esses resultados foram obtidos sob condições ideais de adubação e sob total controle das práticas de manejo tais como população de plantas, adubação de base e de cobertura, controle de ervas, dentre outras.

Os resultados têm sido similares nas propriedades que vem adotando a redução de espaçamento para 45 a 50 cm, quando comparados com os espaçamentos tradicionais de 70 ou de 80 cm. Porém, com a vantagem que para os espaçamentos de 70 ou 80 cm não há necessidade de novos investimentos, principalmente no que se refere a plataforma de colheita, já que as plataformas convencionais mais modernas colhem o milho plantado com espaçamentos de 70 cm.

Entretanto, têm sido observados resultados vantajosos com aumento de até 6% a 7% com a redução do espaçamento para 45 a 50 cm naquelas propriedades cujo produtor já domina as demais técnicas de manejo, tais como uma adequada distribuição de plantas, nível de adubação, época de plantio, adequado sistema de seleção de híbridos e onde não existem grandes pressões de doenças, principalmente as foliares.

Os resultados são diretamente influenciados pelas características agronômicas particulares de cada híbrido, da população de plantas utilizada, nível de adubação, condições ambientais locais, principalmente temperatura e predisposição ao aparecimento de doenças.

Antes de realizar a redução do espaçamento recomendamos que o produtor faça um diagnóstico dos reais problemas da baixa produtividade, para que ele possa priorizar as mudanças, assegurando assim os seus investimentos através de um retorno adequado.

Desta forma, podemos listar algumas sugestões e orientações na hora da decisão:

• Certifique-se de que realmente a redução de espaçamento no milho para 45 a 50 cm aumentará a produtividade.

• Veja se não existem outras práticas que prioritariamente deveriam ser realizadas antes da redução do espaçamento.

• Lembre-se que um bom resultado num produtor vizinho, não significa necessariamente o mesmo resultado na sua propriedade.

• Faça uma análise de quanto custará uma nova plataforma para colheita desse milho a 50 cm, levando em consideração que ela é fixa e não permitirá uma colheita num outro espaçamento.

• Certifique se a plantadeira distribuirá adequadamente uma menor quantidade de sementes por metro linear e se para isso haverá uma dependência muito grande do tipo de peneira.

• Reflita a respeito de como será feita a aplicação nitrogenada em cobertura e o controle de insetos e de ervas em pós-emergência após essa redução de espaçamento, observando o quanto isso poderá influenciar em novos investimentos e/ou mudanças de outras práticas, tais como adaptações para elevar a altura dos tratores e equipamentos e/ou utilização de aviação agrícola.

• Analise se na região está ocorrendo elevada pressão de determinadas doenças como a Cercospora e o quanto a redução de espaçamento poderá alterar as condições ambientais, favorecendo a sua disseminação e os seus possíveis danos a cultura.

• Observe se a redução de espaçamento no milho irá implicar obrigatoriamente em modificações no espaçamento de outras culturas, a exemplo da soja, como forma de melhor aproveitamento de maquinários. Caso isso ocorra, é importante que seja feito um estudo de viabilidade na outra cultura também.

• Solicitar dados das empresas responsáveis pelos produtos, a fim de que se possa obter informações específicas de cada produto individualmente.

• Nunca efetuar a mudança de uma única vez. É importante que as mudanças sejam feitas aos poucos, para que possa adquirir conhecimento e, assim, administrar e solucionar os possíveis problemas.

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