Mais produtividade na uva

O Ethefon tem a capacidade de liberar gás etileno, que é considerado um hormônio vegetal capaz de induzir o florescimento, desbastar os cachos de uva e antecipar seu amadurecimento.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

O Ethrel é o nome comercial do produto que contem o Ethefon da classe de reguladores e estimulantes que, quando aplicado em determinadas fases de desenvolvimento da planta e dos seus órgãos, provoca alterações nos seus processos fisiológicos e bioquímicos, podendo alterar todo o ciclo de vida das plantas tratadas, conforme o objetivo pretendido.

O Ethefon (ácido 2-cloroetilfosfônico) tem a capacidade de liberar gás etileno, que é considerado um hormônio vegetal capaz de induzir o florescimento, desbastar os cachos de uva e antecipar seu amadurecimento. É, ainda, plenamente conhecida sua capacidade de intensificar a coloração dos frutos. Nas uvas de vinho, aumenta ponderavelmente o conteúdo do pigmento antocianínico. O etileno é o único gás que participa da regulação dos processos fisiológicos das plantas. É considerado um hormônio, já que é um produto natural do metabolismo, atua em concentrações muito baixas e participa da regulação de praticamente todos os processos de crescimento, desenvolvimento e senescência das plantas.

Podemos enumerar os seguintes usos do Ethefon em videira:

- Raleio ou desbaste dos cachos de uva.

- Restrição do crescimento dos ramos;

- Intensificação da coloração das uvas tintas;

- Aumento do conteúdo do pigmento antocianínico no caso de uva para vinho;

- Antecipação da maturação dos frutos;

- Melhoria da qualidade do repouso em regiões que não há inverno típico.

Quando nos deparamos com uso de hormônios convêm lembrar que são produtos extremamente técnicos sendo dependentes da cultura, variedade, as condições climáticas da região produtora e qualidade de aplicação.

Descrições resumidas do uso do Ethefon

a) Raleio ou desbaste dos cachos de uva:

O raleio é a eliminação das bagas excedentes do cacho dando espaço para o bom desenvolvimento das bagas que permanecerem. O uso de Ethefon tem como objetivo diminuir o custo da mão de obra de raleio sendo esta a operação a que mais encarece a M.O. Esta técnica no Brasil ainda não é conhecida e muito pouco testada sendo necessário um longo período de avaliações quanto a dosagem e época ou fase da cultura para ser de uso comum junto aos produtores.

Esta prática é comum na França.

b) Restringir o crescimento dos ramos: Nas variedades vigorosas que tem um crescimento indeterminado, exigindo despontes dos ramos muitas vezes, contribuindo para o aumento do custo e o desgaste das plantas. O uso do Ethefon tem como objetivo paralisar o crescimento do ramo no ponto desejado diminuindo o custo de M.O e no caso das nossas condições no Nordeste do Brasil, tem como objetivo também o aumento da fertilidade das gemas para o próximo ciclo, sendo que estão sendo feitos os primeiros testes, para ver sua viabilidade em nossas condições. Na França é comum esta prática.

c) Intensificar a coloração das uvas tintas:

O fator coloração nas uvas tintas tem uma forte relação com clima, nutrição e produtividade sendo que na comercialização a cor é decisiva na qualidade do produto e o uso de Ethefon auxilia na obtenção de uma boa coloração de fruto sendo que suas doses variam com a variedade, fase do ciclo e clima. É uma prática comum no nordeste.

d) Aumento do conteúdo do pigmento antocianínico no caso de uva para vinho:

Melhorando a coloração do fruto vamos ter uma melhoria na coloração dos vinhos tintos, não é uma prática usual no Brasil, mas aplicada na França e África do Sul.

e) Antecipação da maturação dos frutos

É uma pratica que pouco se aplica ao nosso caso por termos naturalmente um ciclo curto devido ao clima, sendo usado somente em alguns caso em que tenha dificuldade de maturação.

f) Melhorar a qualidade do repouso em regiões que não tem inverno típico.

Esta é uma prática pouco usual nas regiões tradicionais de uva por terem um clima com o inverno bem definido, adequado para o repouso vegetativo, mas no caso de regiões que praticamente não tem inverno, diz-se teoricamente que se substitui o inverno com o stress hídrico mas que na pratica não é viável no caso da videira por diminuir a fertilidade das gemas.

Em trabalhos realizados com o uso de Ethefon no repouso vegetativo no sentido de estimular um repouso mais efetivo, dando a planta a chance de recuperar suas energias, migrar estas reservas das folhas para os ramos, efetivando o repouso vegetativo. Observamos que aumenta a brotação, o número de cachos e a qualidade dos brotos. Isto por uma razão muito simples, a planta tem mais reserva.

Um outro fator positivo podemos observar; com a queda das folhas melhoramos a qualidade da poda bem como o seu rendimento.

Esta é uma pratica comum no nordeste principalmente na variedade Red. Globe, mas as avaliações ainda continuam nas variedades de uva sem semente que apresentam uma baixa fertilidade de gemas frutíferas.

Roberto D. Hirai

Consultor

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