Manejo necessário para brusone no arroz

A brusone é a principal doença em arroz irrigado no Rio Grande do Sul. Com alto potencial de dano pode comprometer em 100% a produtividade quando presentes condições favoráveis ao patógeno

24.10.2018 | 20:59 (UTC -3)

Os danos da brusone na produtividade e na qualidade do arroz variam em função de uma série de fatores, tais como as práticas culturais adotadas, o grau de suscetibilidade do genótipo, as condições climáticas, o nível de inóculo do patógeno, o momento em que a doença se instala na cultura, entre outros. Os sintomas da brusone nas folhas iniciam-se com pequenas manchas necróticas que aumentam de tamanho, adquirindo forma elíptica, com os bordos marrons e centro cinza ou esbranquiçado. Na região do colar das folhas é comum a ocorrência da brusone, podendo ocasionar a queda e morte das folhas. Ao infectar as folhas do arroz, a brusone causa danos indiretos na produção, reduzindo a área foliar ativa e, consequentemente, o potencial produtivo da cultura.

A brusone também pode incidir nas panículas do arroz, colonizando o primeiro nó abaixo da panícula. Essa incidência é chamada de brusone de base de panícula, também conhecida como “brusone de pescoço”, onde a doença afeta diretamente a produtividade do arroz, impedindo o acúmulo de carboidratos nos grãos, reduzindo o peso de grãos e a percentagem de grãos formados.

O elevado potencial produtivo que os atuais híbridos e cultivares de arroz apresentam está atrelado, na maioria das vezes, a uma baixa rusticidade dos genótipos. Dessa forma, como resultado há materiais bastante suscetíveis à ocorrência de doenças e com elevada sensibilidade a fatores de estresses, tanto bióticos como abióticos. A adoção de práticas de manejo integradas, tais como utilização de cultivares resistentes, semeadura dentro da época preferencial, adubação equilibrada, irrigação adequada e o emprego do controle químico por meio da aplicação de fungicidas são práticas fundamentais para o eficiente manejo da brusone na cultura do arroz irrigado.

O emprego de fungicidas para o manejo da brusone deve ser utilizado como uma ferramenta dentro do Manejo Integrado da Doença e não apenas como um método isolado de controle. A utilização do controle químico de doenças na cultura do arroz irrigado objetiva a manutenção do potencial produtivo e da qualidade da produção, protegendo a cultura dos efeitos prejudiciais das doenças.

            A escolha do momento e o número ideal de aplicações de fungicidas na cultura do arroz irrigado é uma decisão difícil e que depende de uma série de fatores. É possível citar o nível de suscetibilidade da cultivar, o manejo utilizado na condução da lavoura, a presença de inóculo do patógeno e de focos da doença na lavoura, o histórico de ocorrência de brusone na área, o estádio fenológico da cultura, a presença de condições climáticas favoráveis à brusone, entre outros.

            Na safra 2013/14, no município de São Sepé, Rio Grande do Sul, foi conduzido um experimento com o objetivo de avaliar o desempenho de sete programas de manejo químico de brusone. Os programas foram compostos por um tratamento Testemunha (sem aplicação de fungicida) e seis tratamentos com controle químico, que diferiram entre si apenas quanto ao número e o momento em que foram realizadas as aplicações dos fungicidas (Tabela 1).

O efeito dos tratamentos foi avaliado no controle da brusone nas folhas, na incidência de brusone na base da panícula e na produtividade do arroz irrigado. A intensidade e severidade da ocorrência da brusone na cultura do arroz, durante a condução do experimento, foi extremamente alta. Os primeiros sintomas da doença foram observados quando o arroz ainda estava na fase vegetativa, antes do ponto de algodão, sendo que a doença apresentou aumento significativo até a maturação fisiológica da cultura. Pode-se observar que nenhum dos tratamentos testados promoveu o controle total da doença, ou seja, mesmo com a aplicação dos programas de manejo químico houve ocorrência de brusone nas folhas e incidência nas panículas do arroz. Essa é uma situação que comprova a importância de se realizar o Manejo Integrado de Doenças, com a integração entre os métodos de controle cultural, genético e químico, pois ao empregar apenas a aplicação de fungicidas como uma ferramenta isolada haverá dificuldades no controle eficiente da brusone.

Devido ao elevado ataque da brusone, o dano na produtividade da testemunha foi de 73,4%, quando comparada com o tratamento onde realizou-se três aplicações. Esse resultado indica o enorme potencial de dano da brusone na cultura do arroz e a importância de realizar um manejo adequado da doença a fim de evitar a ocorrência de elevados danos.

O emprego do controle químico preventivo, com intervalos entre aplicações reduzidos, é uma ferramenta importante para o manejo da brusone. Contudo é fundamental a integração entre os métodos de controle cultural, genético e químico para o eficiente manejo da brusone na cultura do arroz irrigado.

Tabela 1 – Estádios fenológico no momento das aplicações para o controle de Pyricularia oryzae. São Sepé/RS, 2014.

Tratamento

Estádio no momento da aplicação *

Ingrediente Ativo

Dose (g.i.a.ha-1)

T1

-

Testemunha

-

T2

R1

Cresoxim-metílico +

Epoxiconazol +

Tricyclazol +

Óleo Mineral

93,75 +

93,75 +

225 +

378

T3

R2

T4

R4

T5

R1 + R2

T6

R2 + R4

T7

R1 + R2 + R4

Tratamento

Estádio no momento da aplicação *

Ingrediente Ativo

Dose (g.i.a.ha-1)

T1

-

Testemunha

-

T2

R1

Cresoxim-metílico +

Epoxiconazol +

Tricyclazol +

Óleo Mineral

93,75 +

93,75 +

225 +

378

T3

R2

T4

R4

T5

R1 + R2

T6

R2 + R4

T7

R1 + R2 + R4

* Estádios fenológicos determinados pela escala fenológica proposta por COUNCE et al., 2000.


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