Manga - Adensada rende mais

Plantio com espaçamento menor gerar mais retorno para o produtor do Vale do São Francisco.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

O aumento da quantidade de plantas de mangas cultivadas por hectare é uma tendência ascendente nos pomares do Pólo de Juazeiro / Petrolina, no Vale do São Francisco. Cultivos experimentais já são feitos com 408 plantas/ha, espaçando-as em 7 x 3,5 m. O espaçamento usual, mesmo nas áreas de plantios mais tecnificados, é de 8 x 5 m, o que permite a implantação de “apenas” 250 mangueiras/ha. O adensamento, não há dúvida, é o novo fator de competitividade da cultura.

De antemão, o produtor já pode contar com uma vantagem do adensamento: a precocidade da produção. Nessas áreas, são usadas técnicas de poda e manejo de copa que fazem a planta ter baixa estatura e ocupar mais cedo o espaço destinado a cada árvore no pomar. Dessa forma, a produção já consegue ser estabilizada no terceiro ou quarto ano de colheita. É um tempo inferior ao que se consegue com os pomares submetidos aos espaçamentos tradicionais: de 6 (8x5 m) a até 12 anos (10x10 m).

Para quem tem uma visão dos cultivos tradicionais de mangueirais - árvores de grande porte (10 a 15 m de altura), exuberante crescimento vegetativo – vai se surpreender com os plantios submetidos a adensamento. Neles, as plantas não chegam a atingir 4 metros de altura. E essa diminuição de porte não tem nenhum objetivo estético. Com essa dimensão, as práticas de manejo da cultura são feitas de forma mais aprimorada e com melhores resultados. A manipulação dos frutos com o objetivo de protegê-los contra danos físicos (queimaduras e arranhões), por exemplo, é feita de forma eficiente com a árvore de porte pequeno. As limpezas e raleios são outras medidas mais bem desempenhadas com as plantas pequenas. Também, os defensivos e fertilizantes foliares atingiriam melhor a planta como um todo.

Isso é possível porque a poda e o manejo de copa são feitos de forma a dotar a planta de uma estrutura equilibrada, em forma de vaso aberto, que permita maior esgalhamento da planta e a penetração da luz solar em toda a área foliar e não apenas nas partes laterais. O produtor tem dois momentos para realizar a poda, com objetivos diversos. Em primeiro lugar, nos três primeiros anos após o plantio, o objetivo principal da poda é conseguir volume e aumentar a complexidade da árvore. Essa poda, chamada de formação, consiste de cinco a seis cortes.

A 1ª é feita a uma altura de 50 a 60 cm do solo. O momento ideal de fazê-la é quando o local do corte - abaixo do nó – estiver lignificado (maduro). Após a brotação, selecionam-se três ramos – se possível em localizações alternadas – que serão as pernadas da planta. Os demais ramos devem ser eliminados. Os cortes deverão ser tratados com uma pasta a base de Benomil ou Oxicloreto de cobre. As demais podas, até a 5ª ou a 6ª, serão feitas no 1º ou no 2º fluxo do ramo, adotando o mesmo critério da primeiro poda. Ou seja: abaixo do nó, em tecidos maduros, tratando o local com fungicida, e com seleção de 3 ramos, que devem estar voltados para fora da planta. As brotações provenientes da última poda serão utilizadas para a primeira floração.

Manejo diferente é feito com a poda de condução da planta. Ela consiste em podar os ramos imaturos (verdes), deixando-os no mesmo estágio de maturação, para que haja uma brotação rápida e uniforme. Em seguida, faz-se a arquitetura da planta eliminando-se alguns ramos centrais para que se tenha um formato de vaso aberto. Os ramos de maior diâmetro, que tenham uma parte voltada para o sol poente, devem ser pincelados com uma solução de água:cal (1:2) logo após a poda a fim de evitar rachaduras provocadas pelo sol. As podas de limpeza (ramos doentes ou mortos) devem ser realizadas desde que seja necessário.

João A. Silva de Albuquerque

Embrapa Semi-Árido

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