Manutenção de pivô central

Estar atento aos procedimentos de operação e manutenção previne perdas e prejuízos aos produtores

29.04.2020 | 20:59 (UTC -3)

A interrupção da aplicação de água pelo equipamento de irrigação pode causar grandes e graves prejuízos aos produtores, dependendo do estádio da cultura irrigada. Estar atento aos procedimentos de operação e manutenção previne estas perdas e evita outras.

Um enorme transtorno aos irrigantes ocorre quando o equipamento de irrigação mecanizado sofre uma avaria, que causa a interrupção da aplicação de água, principalmente, durante períodos críticos de desenvolvimento das culturas. Esse problema é agravado em sistemas de alta frequência, como o pivô central, que aplicam lâminas hídricas reduzidas, suficientes para repor um consumo diário ou de poucos dias. Assim, não há uma quantidade significativa de água disponível armazenada no solo, que poderia satisfazer a demanda hídrica durante o período em que o sistema estiver inoperante, principalmente em solos mais arenosos, com menor capacidade de retenção de água disponível às culturas.

Para reduzir a possibilidade de acidentes e interrupções operacionais em equipamentos de irrigação mecanizados por aspersão pivô central recomenda-se observar, com atenção, alguns procedimentos relacionados à sua operação e manutenção.

Durante tempestades com descargas elétricas, a aproximação de pessoas ao equipamento deve ser evitada, uma vez que o mesmo constitui um eficiente sistema de aterramento e, em áreas planas, representa um ponto elevado no campo, que pode favorecer a atração de raios. Da mesma forma, o acesso de crianças ou pessoas irresponsáveis ao equipamento deve ser proibido. É comum subestimar-se os acidentes que a operação intermitente e as reduzidas velocidades de deslocamento podem provocar em pessoas desinformadas.

É necessário também estar atento aos veículos e outros materiais que possam obstruir as trilhas de deslocamento do equipamento. O torque disponível nas rodas motrizes, em geral, é suficiente para escalar obstáculos com variadas dimensões e causar grandes prejuízos. Havendo a alternativa de deslocar o equipamento para outras áreas é importante evitar seu tracionamento através de canais ou tubulações superficiais, linhas aéreas de transmissão de energia elétrica, edificações e outros obstáculos que possam danificar o equipamento ou provocar acidentes. As linhas de transmissão de energia elétrica nas áreas próximas ao alcance do equipamento devem ser enterradas, providenciando uma sinalização adequada de sua localização.

A água aplicada por um pivô central não deve atingir as estradas rurais, municipais e rodovias, com ou sem pavimentação, devido ao risco de causar sérios acidentes ao tráfego. Deve-se evitar, também, o contato com a água proveniente de aspersores que operam a maiores pressões, como os canhões hidráulicos instalados na extremidade das linhas laterais e, principalmente, quando houver produtos químicos dissolvidos na água. Neste caso, esses produtos não devem ultrapassar a área cultivada.

É necessário percorrer o equipamento para avaliar sua condição operacional.
É necessário percorrer o equipamento para avaliar sua condição operacional.

Motores e geradores devem operar dentro dos limites recomendados pelos fabricantes. Tanto as velocidades muito reduzidas, quanto as excessivas, aumentam o desgaste e diminuem a vida útil desses componentes. Periodicamente, é preciso avaliar se existem porcas e parafusos soltos ou ausentes e outras evidências que possam conduzir a um possível colapso estrutural.

A precisão dos manômetros também deve ser avaliada sistematicamente, principalmente, em sistemas que não utilizam reguladores de pressão nos aspersores. Regularmente também é necessário percorrer o equipamento para avaliar a condição operacional dos aplicadores de água (aspersores, sprayers etc) procurando desobstruir ou substituir unidades eventualmente avariadas. Um bocal obstruído a 400m de distância do ponto do pivô pode comprometer a produtividade de 1,5 hectares da cultura. É muito importante observar que, cada bocal está dimensionado especificamente para sua posição na linha lateral, ou seja, a substituição de bocais deve ser realizada de acordo com o dimensionamento previamente efetuado.

Outro procedimento importante para a manutenção do sistema é observar, notadamente, nas partes mais distantes do ponto central, a ocorrência de deflúvio superficial causado por uma razão excessiva de aplicação de água.

Não é difícil, apesar de trabalhoso, determinar com precisão a uniformidade da distribuição de água em um pivô central. O ensaio envolve a instalação de uma linha radial de coletores, espaçados a cada 10 ou 20m, dependendo da dimensão do equipamento, abrangendo todo o raio de molhamento. Escolher uma posição do equipamento que corresponde à condição operacional média na área irrigada. Não havendo reguladores de pressão instalados nos aspersores, recomenda-se executar ensaios adicionais nas posições com maior aclive e declive da área irrigada.

O procedimento pode fornecer uma indicação satisfatória de como a quantidade de água prevista no dimensionamento está sendo distribuída na área irrigada e não tem por objetivo calcular os aspectos estatísticos desta distribuição. É preciso considerar que os aspersores mais distantes do centro são responsáveis pela irrigação de áreas proporcionalmente maiores. Havendo grande variabilidade nas quantidades coletadas, é importante identificar os aspersores correspondentes para promover uma avaliação dimensional e operacional mais criteriosa nos mesmos.

É importante observar, nas partes mais distantes do ponto central, a ocorrência de deflúvio superficial causado por excessiva aplicação de água.
É importante observar, nas partes mais distantes do ponto central, a ocorrência de deflúvio superficial causado por excessiva aplicação de água.

A condição operacional da estação de bombeamento, inspecionando as leituras dos indicadores elétricos, como a voltagem e amperagem, também deve ser avaliada com regularidade.

Para os procedimentos de manutenção é preciso seguir rigorosamente o programa recomendado pelo fabricante. Para tanto, o responsável deve estar familiarizado com os procedimentos operacionais e de manutenção, bem como, com as recomendações para a sua segurança durante a execução desses procedimentos.

A energia elétrica, responsável pelo bombeamento e pela operação do sistema, deve ser desligada antes de iniciar a manutenção do equipamento. Em geral, há um interruptor disponível no painel de controle que pode ser acionado pelo responsável pelo serviço de manutenção. Durante os testes operacionais é importante evitar o contato das mãos e das roupas com as partes móveis do equipamento, que podem causar graves acidentes. Não devem ser utilizadas escadas metálicas para acessar o equipamento durante o trabalho de manutenção, evitando assim o risco de descargas elétricas. De preferência utilizar elevadores portáteis com proteção lateral na plataforma, ou então, escadas construídas com material isolante.

Em reparos do sistema elétrico, todas as três fases devem ser individualmente aterradas. Esses serviços especializados devem ser executados de acordo com as especificações do fabricante. Reparos ou manutenção em componentes de alta ou baixa tensão devem ser sempre executados por profissionais qualificados. Recomenda-se promover uma inspeção final por um técnico competente, para avaliar a segurança e a condição das conexões, em conformidade com as exigências da concessionária pelo fornecimento de energia elétrica, antes de reiniciar a operação do equipamento.

Outro fator importante é o de nunca utilizar gasolina ou álcool como agentes de limpeza, uma vez que podem sofrer ignição a partir da eletricidade estática eventualmente gerada no equipamento. Sendo detectado um curto circuito no sistema elétrico, não deve haver contato com o equipamento e um profissional competente deve ser acionado para executar o reparo.

Drenar a caixa de engrenagens, examinar seus componentes, procurando substituir possíveis elementos danificados e o lubrificante utilizado, além de examinar a condição das juntas, do ponto do pivô, dos controladores do alinhamento, da pressão e das condições dos pneus são também aspectos que precisam de atenção especial.


Edmar José Scaloppi, FCA/UNESP


 Artigo publicado na edição 155 da Cultivar Máquinas. 

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