Manutenção do sistema hidráulico de tratores

Sistema hidráulico possibilita a maior parte dos trabalhos com implementos agrícolas e merece atenção quanto a manutenção

16.06.2020 | 20:59 (UTC -3)

O sistema hidráulico é uma parte muito importante do trator agrícola, pois é ele que possibilita a maior parte dos trabalhos com implementos agrícolas.

Uma das principais fontes de potência, responsáveis pela alta produção agrícola com significativa economia de mão de obra, é o trator agrícola. A ele podem ser acoplados e adaptados inúmeros implementos e máquinas capazes de realizar as mais diferentes operações agrícolas requeridas na área rural.

Normalmente, os tratores agrícolas possuem, como forma de transmitir potência, a barra de tração, a tomada de potência (TDP) e o sistema hidráulico, composto pelo engate de três pontos e válvula de controle remoto (VCR).

Os implementos e as máquinas podem ter acoplamento montado, quando atrelados aos três pontos do sistema de engate hidráulico do trator; semimontado, quando atrelados aos dois pontos inferiores deste sistema de engate; e de arrasto, quando acoplados à barra de tração do trator. Além destas formas de acoplamento, o trator pode transmitir potência conjuntamente com a TDP e a válvula de controle remoto acionadas, conforme a demanda do implemento e disponibilidade do trator.

A válvula de controle remoto (VCR) tem como função direcionar óleo com alta pressão, através de conexões hidráulicas, para pistões e bombas hidráulicas de máquinas e implementos agrícolas, para exercerem diversas funções como movimentar pás, lâminas, caçambas e outros setores e partes de máquinas, além de acionar motores hidráulicos de bombas pulverizadoras, distribuidoras de produtos, semeadoras, entre outras máquinas. O sistema VCR do trator é constituído basicamente por acopladores na parte posterior do trator, alavancas ou botões de controle posicionados na plataforma de operação do trator, reservatório, bomba, filtros, válvulas de controle e alívio e tubulações.

Detalhes do sistema hidráulico.
Detalhes do sistema hidráulico.

A bomba hidráulica, acionada pelo motor do trator, provoca a circulação do óleo hidráulico, alimentando-se desde o depósito que assegura um abastecimento contínuo. A válvula de alívio, presente entre a bomba e a válvula de controle, permite o excesso de fluido retornar ao reservatório. Uma válvula de controle canaliza o óleo segundo as condições impostas ao sistema direcionando seu sentido ou interrompendo o fluxo. Finalmente, o cilindro receberá o fluido em circulação e o transformará em trabalho efetivo quando for solicitado, se estendendo ou retraindo. Neste momento, o cilindro realiza uma força proporcional ao seu diâmetro interno e à pressão hidráulica do óleo, movendo o objeto anexado. Pode existir ainda um motor hidráulico, que acionado por uma válvula específica de bombeamento constante, permite acionar eixos motrizes, entre outros.

Remoção da pressão interna da mangueira hidráulica.
Remoção da pressão interna da mangueira hidráulica.

Na prática, este conjunto se completa mediante tubulações, filtros, conexões e em casos mais complexos, incorporando outros tipos de válvulas segundo os fins desejados. Estrutura-se assim um sistema hermético capaz de suportar determinadas pressões de funcionamento, transmitindo um determinado nível de energia hidrostática.

Os acopladores localizados no trator, ou receptáculos, são do tipo fêmea e permitem o engate rápido de acopladores machos localizados nas pontas das mangueiras hidráulicas de implementos agrícolas. Estas conexões são normatizadas, tal como recomendam a ISO (Organização Internacional de Normatização) e a SAE (Sociedade de Engenheiros Automotrizes). Os acopladores fêmeas e machos devem possuir a mesma medida e não apresentar desgastes para permitir o perfeito engate sem perda de pressão e óleo. Os tratores agrícolas possuem normalmente dois pares de acopladores, podendo ser instalados mais, de acordo com as características da bomba hidráulica do trator.

Acopladoras macho e fêmea.
Acopladoras macho e fêmea.

CONECTANDO OS TERMINAIS

Inicialmente, deve-se retirar as proteções contra pó dos acopladores do trator e da extremidade da mangueira, assegurando-se de que os terminais estão limpos.

Antes de fazer a conexão dos acopladores do implemento ao trator, deve-se verificar se a mangueira do implemento está sob pressão, caso esteja, o operador não conseguirá fazer a junção do macho à fêmea – se ele forçar o acoplamento, pode inclusive se ferir com o fluido, que pode escapar na tentativa de conexão e penetrar na pele e nos olhos, causando lesões graves. Para remover a pressão da ponta da mangueira, pode-se pressionar o acoplador macho a uma superfície não metálica para mover a válvula de retenção, localizada em sua ponta, até se verificar que não saia mais óleo.

Em algumas situações de alta pressão em que não for possível esta descompressão, é importante aliviar de alguma forma a pressão que existe no cilindro hidráulico, retirando a carga sobre ele, fazendo o apoio ou elevando o setor da máquina que esteja porventura causando a pressão no cilindro hidráulico. Por isto é sempre importante descomprimir o sistema antes do desacoplamento e manter o implemento em posição de repouso em que o hidráulico não fique sob pressão. É importante também observar com certa frequência o estado geral de conectores, mangueiras e cilindros em busca de defeitos físicos, desgastes e vazamentos.

Terminais das válvulas de controle remoto (VCR), geralmente encontrados em pares nos tratores agrícolas brasileiros.
Terminais das válvulas de controle remoto (VCR), geralmente encontrados em pares nos tratores agrícolas brasileiros.

Para conectar as mangueiras, deve-se empurrar firmemente sua ponta (macho) contra o receptáculo do acoplador (fêmea). Os conectores possuem válvulas internas de segurança para impedir vazamento de óleo em caso de desconexão acidental. Caso isto ocorra, é necessário despressurizar o sistema, limpar os conectores e reinstalar as mangueiras.

Deve-se observar as mangueiras do implemento para determinar qual deve ser usada para estender o cilindro quando as alavancas de VCR forem acionadas. Se forem acopladas de forma invertida, deve-se desacoplar e inverter para a correta posição.

Deve-se evitar acionar a alavanca do controle quando não há nenhuma mangueira conectada ao sistema hidráulico.
Deve-se evitar acionar a alavanca do controle quando não há nenhuma mangueira conectada ao sistema hidráulico.

SISTEMA DE CONTROLE REMOTO

O sistema de controle remoto pode funcionar com cilindros de simples ação ou dupla ação. Quando utilizar o cilindro de simples ação, após acoplado, deve-se verificar o funcionamento do sistema, atentando-se para a observação do nível de óleo hidráulico – o volume de óleo requerido para estender o cilindro não deverá fazer com que o nível do óleo hidráulico desça abaixo da vareta de medição.

A alavanca de controle, em alguns modelos de tratores, possui a posição de flutuação. Para colocar a alavanca nesta posição, ela deve ser movida totalmente para frente, vencendo a resistência da mola da alavanca. Nesta posição, o cilindro acoplado neste terminal pode estender-se ou retrair-se livremente, como uma situação de um implemento que trabalha em contato com o solo acompanhando suas irregularidades sem oferecer resistência ao movimento vertical. Quando não necessitar da função de flutuação, deve-se colocar a alavanca no ponto morto para evitar a ativação acidental da flutuação.

Alguns implementos possuem motores hidráulicos, que exigem o funcionamento das válvulas em posição de bombeamento constante. Este sistema está presente em alguns modelos de tratores ou pode ser instalado como opcional.

Para desacoplar as conexões, é necessário antes retrair o cilindro hidráulico para proteger sua haste contra danos se for possível. Na sequência, deve-se aliviar a pressão hidráulica das mangueiras, desligando-se o motor e acionando a alavanca para frente e para trás, até perceber que o cilindro não tem mais movimento. Após o desacoplamento, deve-se limpar os terminais e os respectivos tampões e cobrir os conectores para mantê-los limpos.

Após o desacoplamento das válvulas, deve-se limpar os terminais e os respectivos tampões e cobrir os conectores para mantê-los limpos e protegidos.
Após o desacoplamento das válvulas, deve-se limpar os terminais e os respectivos tampões e cobrir os conectores para mantê-los limpos e protegidos.
Após o desacoplamento das válvulas, deve-se limpar os terminais e os respectivos tampões e cobrir os conectores para mantê-los limpos e protegidos.
Após o desacoplamento das válvulas, deve-se limpar os terminais e os respectivos tampões e cobrir os conectores para mantê-los limpos e protegidos.
Após o desacoplamento das válvulas, deve-se limpar os terminais e os respectivos tampões e cobrir os conectores para mantê-los limpos e protegidos.
Após o desacoplamento das válvulas, deve-se limpar os terminais e os respectivos tampões e cobrir os conectores para mantê-los limpos e protegidos.

ALGUMAS OBSERVAÇÕES PARA MANTER O SISTEMA SEMPRE FUNCIONANDO

Antes de conectar um implemento, deve-se retirar as proteções dos acopladores e assegurar que os terminais estejam limpos.
Antes de conectar um implemento, deve-se retirar as proteções dos acopladores e assegurar que os terminais estejam limpos.
Antes de fazer a conexão dos acopladores, deve-se verificar se a mangueira do implemento está sob pressão.
Antes de fazer a conexão dos acopladores, deve-se verificar se a mangueira do implemento está sob pressão.


Ricardo Ferreira Garcia, José Francisco Sá Vasconcelos Junior, UENF


Artigo publicado na edição 162 da Cultivar Máquinas.

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