Nordeste do Mato Grosso: Importante região produtora de soja

Por Raphael Maia Aveiro Cessa, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília

05.04.2021 | 20:59 (UTC -3)

No Estado de Mato Grosso, a região Nordeste (Figura 1) é a segunda maior produtora de grãos de soja de acordo com a 8ª estimativa da Safra de Soja – 2020/21 do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA).

Figura 1. Região Nordeste do Estado de Mato Grosso, Brasil constituída por 22 municípios. FONTE: autoria própria.
Figura 1. Região Nordeste do Estado de Mato Grosso, Brasil constituída por 22 municípios. FONTE: autoria própria.

A consolidação do Nordeste de Mato Grosso entre as principais regiões do referido Estado produtoras de grãos de soja é uma realidade, que poderá ocorrer em médio prazo. Indicativo disto, são os aumentos contínuos da área cultivada de soja naquela região e seus municípios (Figuras 2 e 3), bem como a produtividade obtida em alguns municípios do Nordeste de Mato Grosso (Figura 3), quando comparados à região Médio- Norte do Mato Grosso, tida por muitos, como “seleiro brasileiro no cultivo de grãos”, e que foi e é desenvolvida e pensada em sua logística, para produção de grãos.

Figura 2. Área semeada com soja nas regiões Médio-Norte e Nordeste do Estado de mato Grosso, Brasil. FONTE: adaptado de IBGE (2019).
Figura 2. Área semeada com soja nas regiões Médio-Norte e Nordeste do Estado de mato Grosso, Brasil. FONTE: adaptado de IBGE (2019).
Figura 3. Área semeada com soja nas regiões Médio-Norte e Nordeste do Estado de mato Grosso, Brasil. *Área estimativa por classificação de imagem de satélites LANDSAT-8 pelo autor. FONTE: adaptado de IBGE (2019).
Figura 3. Área semeada com soja nas regiões Médio-Norte e Nordeste do Estado de mato Grosso, Brasil. *Área estimativa por classificação de imagem de satélites LANDSAT-8 pelo autor. FONTE: adaptado de IBGE (2019).

O tempo de consolidação do Nordeste de Mato Grosso com importante região produtora de grãos de soja estadual e nacional, obviamente, dependerá de políticas públicas de infraestrutura, agrária e ambiental.

Sobre a infraestrutura, aspectos ligados ao transporte e escoamento de insumos e da produção ritmizam a logística para viabilização do setor primário. No Nordeste do Mato Grosso as dificuldades do transporte pelas malhas viárias são inúmeras, e o que se tem de mais expressivo são os “atoleiros” (Figura 4) existentes nas principais malhas viárias daquele Estado, causando inúmeros prejuízos aos profissionais que executam o transporte dos grãos (motoristas), prejudicando a qualidade de vida no trabalho, aos empresários desses segmentos, com suas frotas danificadas e multas pagas por não cumprirem prazos de entrega e aos produtores, que arcam com perdas que vão desde a perda contínua de suas cargas até a velocidade de escoamento da produção, a qual permanece nos campos a espera de serem escoadas.

Figura 4. Atoleiro em trecho na rodovia MT 322 no município de São José do Xingu. Mato Grosso, Brasil. Março de 2021. FOTO: Diego Riva (2020).
Figura 4. Atoleiro em trecho na rodovia MT 322 no município de São José do Xingu. Mato Grosso, Brasil. Março de 2021. FOTO: Diego Riva (2020).

Sobre as políticas públicas agrária e ambiental no Nordeste do Mato Grosso ressalta-se, a necessidade da regulamentação fundiária de muitas das suas áreas, e que é um entrave para acesso ao crédito pelos produtores rurais, bem como agilizar os licenciamentos ambientais necessários à instalação de obras de indústrias da cadeia de produção agrícola e para a instalação da própria infraestrutura da malha viária, bem como a demarcação e homologação das Terras Indígenas e de tantas outras etnias tradicionais, para que sejam também garantidos os seus direitos ao território.

A depender dos produtores que atuam na região Nordeste do Mato Grosso, mesmo com tantas dificuldades, estamos apenas algumas descritas neste material, as elevadas produtividades de grãos de soja estão garantidas. Segundo IBGE (2019), em 2019 o município de Confresa constituinte da região Nordeste de Mato Grosso, obteve 4º lugar (3.900 kg ha-1) na produtividade média de grãos de soja em relação aos demais municípios do Estado de Mato Grosso. São José do Xingu, também pertencente à referida região Nordeste classificou-se no 16º lugar (3.600 kg ha-1).

Cabe aqui, novamente, a comparação com municípios componentes da região Médio-Norte de Mato Grosso sendo que, a sua grande maioria não atinge tais produtividades. Ainda, exalta-se o potencial de Confresa e São José do Xingu, municípios citados anteriormente, em alterar o “quadro” de uso e ocupação do solo. Nota-se, nas figuras 5 e 6 a possibilidade, por meio de técnicas já existentes e/ou melhoradas e/ou novas de cultivo de plantas, de substituição de áreas de pastagem degradadas ou com baixa produção de biomassa – quem anda por lá sabe que é algo frequente de se observar – por soja, ou, das suas integrações com áreas de lavouras.

Figura 5. Uso e ocupação do solo no município de Confresa, região Norte Araguaia do Estado de Mato Grosso, Brasil. FONTE: autoria própria.
Figura 5. Uso e ocupação do solo no município de Confresa, região Norte Araguaia do Estado de Mato Grosso, Brasil. FONTE: autoria própria.
Figura 6. Uso e ocupação do solo no município de São José do Xingu, região Norte Araguaia do Estado de Mato Grosso, Brasil. FONTE: autoria própria.
Figura 6. Uso e ocupação do solo no município de São José do Xingu, região Norte Araguaia do Estado de Mato Grosso, Brasil. FONTE: autoria própria.

Sendo assim, existem alguns indicativos que o Nordeste de Mato Grosso se tornará, não tão breve, mas nem tão distante, importante região produtora de soja de Mato Grosso.


Raphael Maia Aveiro Cessa, Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília - Campus Planaltina

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