​Nutrição eficiente

A máxima produtividade econômica, com sustentabilidade, é uma das principais metas perseguidas pela pesquisa e pelos produtores brasileiros

03.08.2016 | 20:59 (UTC -3)

Um dos desafios da agricultura brasileira consiste na adoção de sistemas de produção sustentáveis que minimizem as perdas, em especial dos fertilizantes, para que a máxima produtividade econômica seja compatível com os investimentos realizados. Neste sentido, a utilização eficiente dos fertilizantes adquire, a cada dia, maior importância na agricultura, em decorrência da elevação dos custos destes insumos, da necessidade de aumento de produtividade e dos riscos de contaminação ambiental em função do seu mau uso. Sendo assim, o aumento da eficiência na fertilização das lavouras, em seus respectivos sistemas produtivos, é fator altamente relevante para tornar o processo produtivo mais rentável, para que os agricultores permaneçam em suas atividades.

É possível utilizar cultivares que sejam capazes de aumentar a relação entre produto e quantidade de nutriente absorvido, de forma a aumentar a eficiência na fertilização. No entanto, a biotecnologia, por si só, não é suficiente, sendo fundamental a adoção de práticas de manejo que aumentem ao longo dos anos a eficiência no uso de fertilizantes; sobretudo, seguir as recomendações de boas práticas para uso eficiente de fertilizantes, seja através de novas práticas e/ou novos fertilizantes, bem como o uso do produto correto, na dose correta, na época correta e local correto. Sendo a análise de solo a principal ferramenta para se determinar as doses corretas de fertilizantes e corretivos a serem aplicados no solo.

De maneira geral, a eficiência no uso de fertilizantes no Brasil é baixa. Na maioria dos casos, as quantidades de nutrientes aplicados através dos fertilizantes são maiores que as requeridas pelas culturas. Neste contexto, além de técnicas de manejo, diversas alternativas tecnológicas vêm sendo criadas ou aprimoradas de modo a promover maior eficiência do uso do fertilizante aplicado. Por exemplo, os fertilizantes recobertos com enxofre e polímeros (PSCU), que apresentam potencial de capacidade para redução de perdas, tais como a volatilização da amônia (N-NH3), que ocorre após a aplicação da ureia em superfície e sobre restos culturais, redução da lixiviação de nitrato (N-NO3) e potássio (K+) para as camadas subsuperficiais do solo, principalmente em solos leves e com alta pluviosidade, além de potencial redução na volatilização de óxido nitroso (N2O), gás de efeito estufa na atmosfera com alto potencial de retenção de calor, cerca de 300 vezes superior ao CO².

Em relação ao fósforo, a tecnologia minimiza a fixação deste elemento em solos típicos do Brasil com alta quantidade de óxidos de ferro e alumínio. Além das possíveis reduções nos processos de perdas de nutrientes, os fertilizantes de liberação controlada apresentam a capacidade de redução do efeito salino, causado às sementes e ao sistema radicular, e vantagens agronômicas em diversos aspectos fisiológicos importantes para as plantas, além de economia de mão de obra, maquinário e combustível fóssil com o uso da tecnologia. Desta forma, a nutrição de alta performance proporcionada por este tipo de fertilizante ajuda a promover maior eficiência no uso de nutrientes e por vezes incremento de produtividade e renda ao agricultor.

Outro aspecto importante para promover uma maior eficiência no uso de fertilizantes é o correto fornecimento de micronutrientes para as culturas. Sabe-se que a denominação de macro e micronutrientes indica a concentração relativa do nutriente no tecido vegetal e no solo, sem nenhuma relevância biológica, visto que todos são essenciais para a vida dos vegetais.

A oferta dos micronutrientes para as plantas é influenciada por diversas características do solo, como textura e mineralogia, quantidade e qualidade da matéria orgânica, umidade, pH, condições de oxirredução e interação entre nutrientes. O entendimento da dinâmica dos micronutrientes nos diferentes tipos de solo e do requerimento pelas culturas, definição de doses, fontes e estratégias de fornecimento de micronutrientes, adequadas às condições locais, são passos fundamentais para maior produtividade das lavouras e uso eficiente de insumos.

Em leguminosas, notadamente a soja, a eficiência da nutrição nitrogenada, que se dá em grande parte via fixação biológica de nitrogênio, pode ter sua eficiência aumentada quando supridas as necessidades de micronutrientes fundamentais para este processo biológico, em que o cobalto é o responsável pela regulagem de oxigênio dentro do nódulo e o molibdênio, junto com o ferro, participa diretamente na nitrogenase. Já o níquel tem efeito estimulante na nitrificação e mineralização de compostos contendo N-orgânico e em bactérias do gênero Rhizobium e Bradyrhizobium, que contêm hidrogenases, para as quais é essencial o adequado suprimento de Ni, de tal modo que sua deficiência pode afetar a fixação de N2 atmosférico. Essa enzima é capaz de reprocessar parte do gás de H2 gerado durante o processo de fixação do nitrogênio atmosférico, podendo, com isso, recuperar parte da energia gasta para romper as triplas ligações que garantem estabilidade das moléculas de nitrogênio.

Além do fornecimento destes nutrientes via semente ou foliar, a inoculação destas bactérias deve seguir rigorosamente a recomendação técnica, visto que quando não é dada a verdadeira importância a este procedimento, o produtor fica vulnerável à falta de suprimento de N em sua lavoura, impactando diretamente na eficiência do uso de insumos, na produtividade e na rentabilidade do talhão.

O molibdênio também contribui para a melhor utilização do nitrogênio aplicado nas diversas culturas, visto que a baixa oferta deste elemento dentro da planta pode promover o acúmulo de nitrato na folha, evidenciando a baixa eficiência na assimilação de nitrogênio na falta desse micronutriente.

Para uma aplicação eficiente de micronutrientes, recomenda-se observar a fonte com que se trabalha, de modo a alcançar total segurança na aplicação dos nutrientes, sem riscos de fitotoxidez para as plantas e alta eficiência agronômica, com facilidade na absorção e translocação dos nutrientes dentro da planta, como o que ocorre com os fertilizantes para nutrição foliar 100% quelatos.

A adoção de um conjunto de práticas de manejo que tendam a aumentar a eficiência na fertilização está diretamente ligada com ganhos produtivos e econômicos. Desta forma, o produtor colaborará com uma agricultura cada vez mais sustentável.


Clique aqui para ler o artigo na edição 178 da Cultivar Grandes Culturas.

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